Zenith Online: Renascimento do Jogador Mais Forte - Capítulo 505

505: Abominações Desvairadas 505: Abominações Desvairadas Kieran não tinha pensado na causa para o repentino rompimento com o raciocínio lógico, nem considerou os outros ângulos do que poderia ter acontecido.

Por isso, ele agiu em sua fúria abrupta.

Uma dessas ações foi negligenciar o perigo de seu atual ambiente. Foi uma falha de julgamento e consciência, e não ficou sem consequências, o que o Cardeal Weiss deixou abundantemente claro com sua expressão sombria.

Juntos, eles estavam no topo da segunda montanha da Serra dos Lamentos, com a Noite Gritante bem abaixo de seus pés. Seu apoio era estreito, mal suficiente para ganhar impulso para um ataque desimpedido ou para montar uma defesa incontestável, mas o Cardeal Weiss exibiu sua excepcional compostura em combate e o seu conhecimento das nuances da luta em condições desvantajosas.

“Coloque suas costas nas minhas agora e permaneça vigilante, Demônio Condenado.”

Kieran obedeceu, encostando suas costas no campeão dignificado. Era rígido e inabalável, como a base da imensa montanha em que estavam em pé.

O apoio das costas do Cardeal Weiss também proporcionava uma calma peculiar.

‘Será que esse sentimento é talvez o efeito da Presença de um verdadeiro Mestre? Não sei nada a respeito disso, porém…’
A despeito da falta de empoderamento físico, Kieran sentia-se mais lúcido e capaz de tomar decisões adequadas, o que era estranho considerando que um Demônio tira poder da loucura, explorando seu delírio para causar imensas quantidades de destruição.

Kieran logo entendeu por que o Cardeal Weiss inspirou essa mudança nele. No topo da Serra dos Lamentos era um lugar áspero e instável.

Embora sua fundação fosse sólida, o mesmo não se podia dizer sobre seu exterior. Estava desgastado pelo tempo e outras influências erosivas.

O eco de pedras caindo e lajes de rocha se desprendendo da montanha não escapou aos seus sentidos. Era perturbador e sinistro demais para ignorar. Um passo incorreto poderia fazê-los cair no abismo intimidador da Noite Gritante.

Uma olhada rápida na borda adjacente fez Kieran se perguntar.

‘Quais horrores indizíveis se escondem naquela escuridão lá embaixo?’
Sinceramente, embora curioso, essa era uma resposta que Kieran não buscava nem um pouco. Algumas perguntas são melhores deixadas sem resposta porque as verdades que elas escondem são demasiado… intoleráveis para suportar.

“Acalme-se, Demônio Condenado. A montanha está prestes a ganhar vida. Os terrores adormecidos dentro dela comeram o que você forneceu, e agora estão acordados.”

O que ele havia fornecido…

Kieran fez uma careta porque de alguma forma entendeu o que o Cardeal Weiss estava dizendo sem que ele apontasse culpados. A Serra dos Lamentos havia se aproveitado da raiva e dos ressentimentos usados para forjá-lo, e naquela explosão de cólera, ele deixou seus próprios ressentimentos correrem soltos.

A Serra dos Lamentos não era um lugar para deixar a raiva correr desenfreada, não só por causa da coesão desconhecida da montanha, mas também por como a cadeia de montanhas sinistras reagia aos sentimentos de ira. Esses sentimentos foram consumidos, seu cheiro atraindo e apetecendo o que espreitava na escuridão e nas profundezas.

O consumo de suas emoções pode ter despertado as bestas lá embaixo, o pisão enérgico de Kieran que abalou a integridade da montanha e as despertou completamente.

Esse foi o início de uma provação imprevista, evidente pela expressão severa que o Cardeal da Guerra e da Chama sustentava, que frequentemente mudava na escuridão.

“Prepare-se, Demônio Condenado.”

Inclinado a acreditar no campeão dignificado, Kieran empunhou sua lâmina e preparou-se.

O Cardeal Weiss reagiu de modo semelhante, cobrindo seus braços na manopla de Sangue. No entanto, diferente de seu confronto com Kieran, estas manoplas pareciam mais firmes, mais pesadas e muito mais letais. O brilho carmesim metálico emanava um vigor demoníaco.

O que seriam esses Sanguebruxos para exigir tal reação grave do Cardeal da Guerra e da Chama?

A resposta para essa pergunta apresentou-se rapidamente.

Primeiro vieram lamentos carregando um novo tom agudo, desconcertante, fazendo o sangue de Kieran esfriar. Soavam sinistros e inumanos, como os uivos bestiais de algo sofrendo tormento agonizante.

Exceto que esses gritos eram o tormento. Eles estavam dilacerando a calma que a presença do Cardeal Weiss fornecia em pedaços.

“Demônio Condenado, daqui em diante… seja o que sua mente lhe disser, ignore. Você pode até se ver querendo fazer o oposto. Isso vai depender do seu critério.”

O aviso foi dado para acalmar Kieran, mas fez o oposto, aumentando sua ansiedade e aguçando seus sentidos. O calor sinistro e consumidor da Chama aquecia suas veias gélidas enquanto tremores se tornavam cada vez mais frequentes sob seus pés.

A miasma sombria que envolvia a Serra dos Lamentos ganhou uma qualidade sangrenta e o gosto de cobre de sangue. Esse era o sinal de chegada deles.

Os Sanguebruxos haviam chegado.

Kieran prendeu seu fôlego e se reuniu, segurando a lâmina carmesim com mais força. Naquele momento, parecia que vários olhos impiedosos o observavam com fome insaciável, querendo devorá-lo, drenar seu corpo e remodelar sua carne.

Era uma sensação detestável. Inabalável também.

À medida que esse sentimento crescia, um desespero brotava na mente de Kieran. No entanto, não o consumiu. Ele lembrou o conselho do Cardeal e o usou prontamente.

Mas enquanto essa emoção brotava, a traição irrompia de dentro da montanha, disparando para sua superfície.

‘Eles estão aqui…’
Sanguebruxos, assim os chamou o Cardeal Weiss.

Eles não eram o que Kieran esperava. Nem um pouco. Ele supôs que os Sanguebruxos fossem um termo cunhado para vampiros nesta era, mas ele errou… mais ou menos.

Horrores Únicos subiram à superfície da montanha.

Os Sanguebruxos não haviam ganhado seu nome pelo que consumiam, mas pelo que expeliam — um tipo de sangue podre, putrefato e negro, com um fedor pútrido carregado pelos zéfiros da Serra dos Lamentos.

As criaturas eram feitas de montes de carne cinza-escuro, grotescas, que se amalgamavam em formas estranhas e moribundas, com pústulas vazando aquele fluido letal. Algumas adotavam uma figura humanoide, outras assumiam a forma de predadores poderosos e o restante retinha a forma de entidades horríveis tiradas diretamente de um pesadelo.

‘O que diabos Xenith passou?!’
Esses tipos de monstros não existiam na era atual. Pelo menos Kieran nunca tinha entrado em contato com monstros assim.

“Abominações da Fenda Abissal. Cuidado. Nenhum Monstro ou Ameaça se compara. Evite suas mordidas a todo custo.”

Mesmo sem aviso, Kieran não queria ter um encontro com os dentes grotescos e pontiagudos que aprisionavam o abismo bucal de um Sanguebruxo. Apesar de suas formas variadas, os dentes afiados e entrelaçados eram um traço comum entre todos os seres.

Um fluxo interminável de Sanguebruxos irrompeu pelo chão em um círculo em volta de Kieran e do Cardeal Weiss. Eles se aproximaram e rondaram, com uma sede de sangue fantasmagórica radiando de seus olhos carmesins.

O olhar em seus olhos não era diferente da loucura ardente nos olhos dos seguidores da fé da Guerra e Chama, mas eles eram mais desvairados, como se delirantes de uma fome insaciável. Sua sede de sangue parecia desapegada e imparcial.

Alguns Sanguebruxos até olhavam uns para os outros com aquela sede de sangue fantasmagórica como se quisessem consumir seus próprios parentes.

Finalmente, com um guincho que assustadoramente assemelhava-se aos lamentos destas montanhas, os Sanguebruxos atacaram em uníssono, realizando um ataque omnidirecional. Suas bocas se abriram mais do que sua estrutura facial sugeria, expondo fileiras intermináveis de dentes afiados como lâminas que se estendiam fundo dentro de suas goelas.

Quando ele estava prestes a dar um passo lateral para se preparar para um revide contra a incursão dos Sanguebruxos, veio a ordem estrita do Cardeal Weiss.

“Não os evite! Olhe onde estamos.”