Zenith Online: Renascimento do Jogador Mais Forte - Capítulo 495

495: Demônio Sorridente 495: Demônio Sorridente Os ressentimentos fervilhavam e cresciam turbulentos no Reino do Kieran, mas mostraram-se incapazes de completar a tarefa.

Embora sua mente fosse temperada pelos fogos forjados da energia do ressentimento, não havia o suficiente para elevar-se tão alto quanto a Chama queria.

“Que a Luz e os Deuses sejam condenados! Não é suficiente. Você precisa absorver mais ressentimentos ou me alimentar. Claro, parte disso é sua culpa, criança tola.”

Kieran arqueou uma sobrancelha com um sutil intrigamento brilhando em seus olhos. Entendendo o que a Chama se referia, Kieran olhou para as Escalas Ampliadas de Equilíbrio resilientes e sorriu ironicamente.

“Isso tem tornado sua vida insuportável, não é? Eu fiz o que tinha que fazer para não me perder.”

A Chama aproximou-se e começou a circular Kieran sem parar.

“Eu entendo por que você fez isso. Mas é parte do motivo pelo qual você me fascina. Mesmo resistindo a mim pela Vontade, você tem forças místicas — talvez a teurgia de um Deus — aprimorando seu desempenho. É meio injusto se você me perguntar, mas ei, é assim que o jogo é jogado. É parte dos meios que você tem acessíveis.”

A Chama demorou-se diante de Kieran e então retomou seu comportamento errante.

“A questão de como isso aconteceu permanece um mistério para mim. Quando foi que você foi abordado por um Deus? Será que você foi um Tocado desde o início?”

A ignorância sombreou os olhos de Kieran enquanto ele olhava para a Chama com a cabeça inclinada.

“Tocado? Está me chamando de louco?”

“…Não. Sim? Você fez algumas coisas loucas. Você não pode negar esse fato.”

Kieran não negou.

Para chegar a este ponto, ele havia feito algumas coisas atrozes. Na verdade, sua situação era um exemplo primordial da lógica por trás da existência da Chama. Kieran utilizou o fim — neste caso, subvertendo os planos da Chama — para justificar os meios, que era matar qualquer coisa que estivesse em seu caminho e vincular-se ao próprio mal… a Chama.

A Chama não parou de falar, claro.

“Foi sublime, porém, e eu desfrutei em pura alegria. Agora, você perguntou o que é um Tocado, sim? Bem simples. Um Tocado é o Portador do Presente de um Deus. Em algum momento, eles mostraram uma afinidade suprema por qualquer Domínio que o Deus governasse. Como tal, o presente recaiu sobre eles. Eu suponho que você seja um deles.”

Kieran acenou com a cabeça, não em concordância, mas em entendimento.

Ele não revelaria informações tão vitais sobre si mesmo. Deixaria a Chama fazer inferências intermináveis enquanto mantinha esse conhecimento seguro e sob guarda intransponível.

Como a Chama tinha raízes em sua mente, porém, Kieran evitava o pensamento como se fosse uma praga.

Mais do que isso, Kieran começou a guardar todas as informações sensíveis sobre si mesmo focando em um pensamento — ele era Valdu e nada mais.

Se a Chama percebesse que era tudo no que ele acreditava, ela nunca perceberia os pensamentos sediciosos e astutos que nadavam sob a superfície gélida da mente de Kieran.

Como foi?

‘Como foi? Certo! A vingança é um prato que se serve frio.’
E assim a mente de Kieran era glacial, preparando seus pensamentos ocultos para os arrepiantes eventos que estavam prestes a acontecer.

Com a Chama incapaz de temperar sua mente mais, Kieran saiu do Reino do Eu. Quando recobrou a consciência, Cardeal Weiss e os outros o observavam com olhares reverentes.

Cardeal Weiss conduziu a conversa.

“Você desapareceu. Então, você conversou com a Chama?”

Kieran respondeu com um aceno de cabeça.

O Cardeal da Guerra e da Chama imediatamente percebeu o problema. Ele estava falando com um Não Dito. Tudo o que podia fazer era mover a cabeça ou gesticular em resposta. Assim, o Cardeal mudou para perguntas mais explícitas.

“A Chama está extática por tê-lo como seu Portador do Fogo?”

Kieran pensou por um segundo, e então inevitavelmente acenou com a cabeça.

Cardeal Weiss deu um sorriso exultante.

“Suponho que o Grande pretende fazer de você algo semelhante a um Cardeal. Parece que em breve terei um par. A propósito… o Grande disse algo sobre nosso grandioso propósito? Aparentemente, ele falará por você a partir de agora.”

Para essa pergunta, Kieran balançou a cabeça. Ele estava em uma situação não diferente do resto. O início do fim permanecia um mistério para Kieran.

O Cardeal da Guerra e Chama estava surpreendentemente imperturbável pela falta de respostas. Novamente, a Chama tinha controle supremo de suas mentes. A Significância do Cardeal Weiss já havia murchado e retrocedido para o buraco recluso de onde surgiu.

“Muito bem. Está na hora de deixarmos o santuário. Também parece que não há necessidade de Depurações.”

Isso não foi surpresa.

O Expurgo dos Sem Voz pode ter sido o resultado de Cardeal Weiss desenvolver uma forma de adorar e honrar a Chama, mas a Chama via isso como um método de escolha. Uma seleção sombria onde o massacre interminável era o fogo que forjava e o aço era a guilhotina que caía.

Com um Não Dito de afinidade incomparável em sua posse, a Chama não tinha necessidade de massacre. O que Kieran inicialmente viu como abate desnecessário era na verdade uma seleção proposital.

‘Mais um ponto para as maneiras malignas da Chama. Seleção por meio de abate. Que método destrutivo. Ah… mas é Ruína, então faz sentido.’
Liderado por Cardeal Weiss, Kieran caminhou com os seguidores atrás e deixou o Altar da Chama. Ao chegar ao transepto do templo, ele fez uma pausa.

“Todos vocês podem voltar às suas próprias atividades. Suas obrigações foram cumpridas, e vocês não precisam mais estar presentes.”

Sem demora, os seguidores da Guerra e Chama se dispersaram em correntes de movimento. Alguns seguiram em frente pelo corredor central, outros foram para a esquerda e para a direita, entrando em áreas sobre as quais Kieran não sabia nada, mas ele permaneceu, de pé, atrás de Cardeal Weiss.

Com os braços cruzados atrás das costas, Cardeal Weiss moveu-se como se estivesse sobre um giratório e girou com uma elegância sem esforço.

“Demônio Condenado, Valdu, você ficou. Há algo com que eu possa ajudá-lo?”

Em seu habitual silêncio — a condenação que foi forçado a suportar — Kieran levantou sua lâmina carmesim e a aproximou do rosto com a ponta apontada para o céu.

Um sorriso tênue apareceu no rosto severo de Cardeal Weiss.

“Então, você está ansioso para lutar? Mal pode esperar para entender do que é capaz, certo?”

Kieran acenou com a cabeça. Esses eram seus sentimentos exatos. Ele precisava entender os limites de um Demônio para compreender melhor o poder que os Mestres poderiam exercer.

Quão perigosos eram eles? Quanto destruição eles poderiam desencadear? As perguntas ardiam e exigiam respostas.

“Venha comigo. Saia comigo. Esta não é uma batalha que o Templo pode suportar. Caminharemos pelas Terras da Ruína. Faz anos que você respira ar fresco.”

Os olhos de Kieran brilhavam com uma luz intensa, e seu rosto parecia muito mais assustador quando sorria. O que deveria ser visto como um deleite infantil… passava a ser uma alegria sinistra quando um Demônio sorria.

Cardeal Weiss estremeceu enquanto sua expressão tornava-se inquieta.

“Talvez… talvez não sorria. Não combina mais com você. Em vez disso, mantenha esse ar grave de seriedade. É mais adequado para toda a estética que você carrega.”

Pego de surpresa, Kieran piscou sem graça com a mandíbula relaxada.

‘A audácia desse velho feio! Está me chamando de feio?’
Então, Kieran afastou esse pensamento e seguiu o Cardeal da Guerra e Chama que ia se afastando lânguidamente.

Estava na hora de um pouco de ar fresco e, depois de entender seus limites… ele exploraria mais além.