Vingança Sombria de uma Esposa Indesejada: Os Gêmeos Não São Seus! - Capítulo 457
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Capítulo 457: Jantar no Chalé II
“O que você achou da comida? O que você acha?”
A língua de Atena aprovava o prato que estava comendo—o modo como os sabores se misturavam, o modo como foi feito com tanta intenção, tanto cuidado, tanto… amor. Mas sua mente estava em turbulência, presa entre memórias e emoções presentes, mantendo suas palavras cativas.
Ewan, interpretando mal seu silêncio, largou seus talheres sobre a mesa devagar, o leve tinir ressoando alto no ar suave e à luz de velas. Seu sorriso sumiu tão rápido quanto um cervo assustado. “Tão ruim assim?”
A incerteza no rosto dele—a ruga preocupada na testa, o sutil apertar no canto dos lábios—fez Atena sorrir, um sorriso genuíno, porque qualquer coisa a menos faria Ewan perceber que havia algo realmente errado com a comida dele. Quando, na verdade, o oposto era verdade.
A única coisa errada era que ela poderia se acostumar a comer a comida dele diariamente.
Isso lhe lembrava alguém—sua primeira mãe. Ela engoliu, levantou o copo de água ao lado do prato e deu um longo gole para se recompor.
“Só estou com sede, Ewan. Calma.”
Ela riu ao perceber que ele ainda a observava com as sobrancelhas franzidas, suspeita e preocupação se mesclando adoravelmente em seu rosto. “Vinho às vezes não basta,” ela acrescentou, lendo a pergunta não dita em seu olhar.
“Você cozinha bem,” disse a seguir, piscando de forma brincalhona, imediatamente deixando-o à vontade.
Os ombros de Ewan relaxaram. Ele sorriu, quase timidamente, a tensão desaparecendo de seu rosto.
“Não sabia que você sabia cozinhar,” Atena continuou, com o garfo pairando sobre o prato. “Você sempre cozinhou?”
Feliz que tudo estava certo novamente, Ewan pegou seus talheres e voltou para sua refeição. “Na verdade, não,” ele admitiu, com a voz mais leve. “Aprendi mais tarde, com o melhor que existe—meses antes do fim do nosso casamento.”
Atena suspirou saudosa, pegando outra garfada da refeição e colocando-a na boca.
A explosão de sabores a fez parar no meio da mastigação. A maciez da carne, o molho delicado que cobria sua língua—era como uma orquestra de tempero e calor, equilibrado e deliberado. O leve sabor de alecrim permanecia em sua língua, carregado pela riqueza amanteigada, e quando o ardor da pimenta dançou na parte de trás da garganta, ela não pôde conter o suave murmúrio que escapou de seus lábios.
“Isso está muito bom, Ewan…” ela murmurou, acenando lentamente, olhos brilhando com admiração relutante. “Quem quer que tenha te ensinado merece flores.”
Ewan riu, divertido. “Como você sabe que é um ele?”
A testa de Atena se franziu, o garfo a meio caminho da boca. “É uma ela?”
Ewan balançou a cabeça, sorrindo. “Não se preocupe… eu só estava te provocando.” Ele se inclinou um pouco para trás, o garfo entre os dedos, olhos quentes. “Mas, na verdade, me interessei por cozinhar quando me deparei com suas anotações… seu diário ou algo assim.”
Atena congelou.
Dizer que estava sem palavras era um eufemismo. Ela abriu a boca, mas a fechou novamente, palavras e intenções escorregando como areia entre os dedos.
Ele realmente disse o que ela achou que ouviu?
Seu coração vacilou. Quão interessado Ewan esteve durante o casamento frio—e ela não havia notado? Teria feito alguma diferença se ela tivesse?
Ela não achava que sim. A gota d’água tinha sido apenas a gota d’água.
“Primeiro foi o pão torrado.”
Atena sorriu com isso, um sorriso suave, quase pesaroso. “As crianças não paravam de falar sobre isso. Talvez você possa fazê-lo amanhã durante o café da manhã. Adoraria ver o que meu aluno apronta.”
Ewan riu—um som pleno e profundo que mexeu com algo enterrado em seu coração.
Ela inalou lentamente, sorrindo levemente, e exalou do mesmo jeito, aterrando-se no ar fácil e tranquilo entre eles. Ela continuou sua refeição em silêncio, ouvindo distintamente Ewan prometer que faria o que ela pediu.
Dali em diante, eles conversaram. Sobre as crianças, a escola delas, sobre assuntos relacionados à doença Cinza, ideias, sugestões. Foi um jantar tão bonito e aberto que Atena não percebeu quando seu prato se esvaziou, até o leve raspado de seu garfo contra a porcelana a assustar.
Os olhos de Ewan brilharam com humor. “Talvez façamos isso da próxima vez? Eu só fiz duas porções, realmente… já que você estava voltando de um encontro.”
Atena riu suavemente, mão na barriga. Registrar-se em uma academia estava começando a parecer uma opção necessária com a quantidade de açúcar e calorias que ela havia estado consumindo ultimamente.
Mas onde estava o tempo para isso? Ela poderia começar com exercícios em casa, embora até mesmo o pensamento a fizesse suspirar.
“Em que você está pensando?” Ewan perguntou, inclinando a cabeça curiosamente.
“Inscrever-se em uma academia,” ela respondeu sem pensar, esfregando gentilmente o estômago.
“Você pode se inscrever na minha.”
Atena revirou os olhos. “Eu não tenho força para isso. Nem tempo.”
“Talvez depois desse caos com a doença Cinza então…”
Enquanto falava, ele se levantou da cadeira e começou a limpar a mesa.
A cortesia não permitiu que Atena ficasse parada. Ela também se levantou, ignorando a insistência dele de que deveria permanecer sentada porque era sua convidada.
“Eu pensei que este fosse um jantar celebratório para nós dois,” ela disse levemente, empilhando utensílios e pratos. “Você cozinhou. Deixe-me lavar.”
Mas Ewan não concordou. “Isso seria ironia—um deslocamento,” ele argumentou, rindo meio a sério. “Você se viu no espelho? Você está linda, tanto que não pareceria certo lavar pratos.”
Atena zombou, se livrando dos saltos de qualquer forma, já pegando a esponja. “Você não pode me parar de qualquer jeito. Além disso, somos só nós aqui.”
Ewan desistiu após mais uma tentativa falha, suspirando dramaticamente. Ele se contentou em enxaguar os pratos e organizá-los na prateleira enquanto Atena lavava.
Enquanto trabalhava, ela notou como a cozinha já estava impecável. Ele limpa enquanto cozinha, ela ponderou silenciosamente, entregando-lhe outro prato.
Seus dedos se tocaram.
Uma faísca percorreu seu braço, rápida e afiada. Arrepios correram por sua pele, seu pulso disparando descontroladamente. Ela sufocou um palavrão sob a respiração, piscando rápido.
Este era um território perigoso.
Ela lavava mais rápido, mais vigorosamente agora, ansiosa para terminar antes de fazer algo estúpido—como deixar seu coração correr à frente de sua mente.
Momentos depois, após o último prato ser colocado de lado, após as mãos serem secadas e risos compartilhados sobre um rumor ridículo circulando na cidade sobre um ator famoso, eles se dirigiram naturalmente para a sala de estar.
“Eu tenho um dos filmes dele aqui mesmo,” Ewan disse, meio sorrindo enquanto se movia para a prateleira de entretenimento.
Os olhos de Atena encontraram o relógio. Pouco mais de duas horas. Ela deveria estar indo para casa.
Mas quando Ewan lhe entregou um grande copo de pipoca e gesticulou em direção ao sofá, ela hesitou apenas um segundo antes de aceitar. Ela se afundou no sofá, puxando a almofada para o colo.
Esta era uma celebração de aniversário—a dela. Ela poderia muito bem aproveitar, poderia muito bem ficar um pouco mais neste mundo onde as coisas pareciam certas, antes que a realidade voltasse a agarrá-la.
O aroma de manteiga quente emanava da tigela enquanto ela pegava um punhado. Quando ela provou, seus olhos se arregalaram levemente—a perfeita combinação de sal e doçura, o crepitar crocante que derretia em sua língua. Era caseiro. Tinha que ser.
“Oh meu…” O pequeno gemido escapuliu antes que ela pudesse evitá-lo, e ela mordeu o lábio inferior tarde demais, suas bochechas corando quando Ewan se virou abruptamente para ela.
“Tão bom assim?” ele perguntou, mas seu tom era baixo, seus olhos mais escuros do que antes, o ar entre eles de repente carregado.
A garganta de Atena ficou seca. Ela podia ver o calor em seu olhar e se perguntou se isso se refletia no dela. Seu corpo se lembrava de seu toque, ansiava por ele de uma maneira que sua mente se recusava a reconhecer.
“Sim,” ela conseguiu, voz suave mas firme. “Você fará as honras de agora em diante quando tivermos noites de cinema às sextas-feiras. As crianças adorariam isso.”
Ela quase enterrou o rosto na pipoca depois disso, fingindo uma intensa concentração na tela enquanto a cena de abertura ganhava vida.