Vingança Sombria de uma Esposa Indesejada: Os Gêmeos Não São Seus! - Capítulo 419
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Capítulo 419: Silêncio Ensurdecedor
Quando Atena voltou para a sala de estar, a quietude a atingiu mais forte do que o ar fresco da noite que acabara de deixar para trás. As lâmpadas lançavam um brilho suave nas paredes, ainda assim a sala parecia sombria, abafada, como se estivesse prendendo a respiração desde que ela havia saído.
As palavras de Antonio ainda lhe grudavam nos ouvidos, afiadas como vidro: Então não é um relacionamento. Ela tentou afastá-las, mas seu peito ainda estava apertado. Ele estava desequilibrado de uma maneira que ela nunca havia visto antes, e ela não conseguia parar de voltar à questão: será que Ewan realmente era razão suficiente para Antonio se descontrolar daquela forma? Para perder a contenção que ele sempre usava como um terno?
Ou esta imagem era o verdadeiro Antonio? Naqueles poucos anos que passaram juntos na maioria das ocasiões, será que ela realmente o viu, conheceu?
Sua mão se contraiu ao lado do corpo, e ela endireitou os ombros. Ela não podia deixar sua família ver isso—o tumulto interno, o golpe do que acabara de acontecer. Tinha que ser pedra, pelo menos ali dentro. Ainda assim, ela sabia que sua ausência havia sido longa demais. Seus olhares a seguiriam, suas perguntas não ditas, mas pesadas no ar.
Ela atravessou a sala com calma deliberada, seu rosto suavizado em neutralidade, embora por dentro, seu pulso ainda tropeçasse.
Ewan estava sentado no sofá, o queixo teimoso, a coxa envolta em uma bandagem já escurecendo com sangue fresco. A visão disso fez sua garganta fechar.
Ela se abaixou ao lado dele, perto o suficiente para que seus joelhos quase se tocassem. “Ele está vivo?” Sua voz saiu mais baixa do que pretendia, quase frágil. “Zane?”
Os olhos de Ewan encontraram os dela, firmes. “Vivo,” ele disse simplesmente.
Um alívio varreu por ela, embora não apagasse a inquietude que se enrolava em seu estômago. Estar vivo não significava estar a salvo. Estar vivo não significava estar inteiro. Ele perdeu algum membro?
Seu olhar caiu para a coxa dele, a ligação rudimentar, o vazamento lento de vermelho. Ela não tocou, mas seus dedos pairaram como se quisessem. “Conte-me tudo,” ela disse, a suavidade agora desaparecida, substituída por aço.
Ewan a estudou por um momento, então expeliu o ar, devagar, resignado. E ele contou a ela.
Quando terminou, Atena estava sentada rigidamente em seu assento, suas mãos apertadas tão firmemente que seus nós dos dedos ardiam. O silêncio se estendeu novamente, preenchido pelo peso do que ele acabara de dar a ela.
Ela respirou uma vez, duas vezes, então olhou para ele. “O hospital. Para onde levaram Zane. É seguro?”
O aceno de Ewan veio após uma pausa. “Mais seguro do que aqui. Não podíamos correr o risco de trazê-lo. Se o pai dele descobrir…” Ele se calou, balançando a cabeça.
Ela pressionou os lábios, lutando contra a inquietude que torcia seu intestino. Foi a decisão certa.
“E Herbert?” ela perguntou, levantando o queixo. “Ele não perguntou sobre o filho dele?”
Aquilo fez Ewan soltar uma risada seca. “Eu disse a ele que Zane vai ficar comigo por alguns dias. Que estamos trabalhando em uma start-up.”
Suas sobrancelhas levantaram, e ela deu um pequeno sorriso incrédulo. “Uma start-up. Sério?”
Ele deu de ombros. “Foi a única coisa que me veio à mente na hora.”
Atena soltou uma risada ofegante, mas não havia alegria nela. “O que acontece quando Herbert perceber que não há start-up?”
“Então improvisamos novamente,” Ewan disse. Seus olhos suavizaram apenas um pouco. “Sempre fazemos isso.”
Seu olhar voltou a cair para a perna dele novamente. “E você?”
Ele inclinou a cabeça. “Eu?”
“Sua ferida.” Seu tom estava afiado, traindo a preocupação que tentava enterrar.
“Parece pior do que é,” ele disse. “Eu vou me virar.”
Ela estreitou os olhos, mas ele encontrou seu olhar, calmo, firme. “Você devia se preocupar menos comigo.”
Ela não respondeu. Em vez disso, voltou-se para Aiden, que estava incomumente quieto, sua postura ereta, mas sua expressão sombria.
“E o presidente?” ela perguntou cuidadosamente. “O que ele acha das nossas dicas que sempre chegam atrasadas?”
Aiden levantou um ombro em um encolher de ombros, embora sua boca permanecesse firme. “Acha que estou indo bem.”
“E a missão?” Atena pressionou, observando-o de perto. “Como foi?”
Foi quando ela viu, novamente—a centelha em seus olhos, a tensão em sua mandíbula. Algo estava errado.
Era como quando ela o encontrou na varanda. A preocupação. Ela percebeu agora que era mais pela sua própria missão, do que pela de Ewan.
Susan também não estava encontrando seu olhar.
Aiden passou a mão pelo cabelo, seus movimentos bruscos. “Foi mal,” ele admitiu, a voz carregada de frustração. “Não os pegamos. Os médicos—escorregaram por entre nossos dedos. Tudo o que conseguimos foi espalhar o laboratório e avisá-los. Agora eles estarão de guarda, mais difíceis de tocar.”
Suas palavras caíram pesadas, e por um momento, ninguém falou. Seus punhos se apertaram contra os joelhos, sua cabeça caindo como se não conseguisse suportar encontrar seus olhos.
Atena inclinou-se para a frente, sua voz mais suave, mais firme. “Aiden. Olhe para mim.” Ela sabia como seu amigo mais velho podia ser com missões fracassadas.
Lentamente, relutantemente, ele o fez. Seus olhos estavam cheios de culpa, crus e nus.
“Você fez o que pôde,” ela disse. “Você voltou. Às vezes, sobreviver é a única vitória que nos é dada. Isso é suficiente.”
Ele balançou a cabeça, mas ela não cedeu.
“Teremos outra chance,” ela disse, mantendo seu olhar. “E quando tivermos, vamos agarrá-la.”
Um fio de alívio passou por seus olhos, ou pelo menos o afrouxamento do laço em torno do seu peito.
Atena recostou-se, seus olhos percorrendo todos eles. “Obrigada. Por ficarem. Por aparecerem quando tudo parece estar desmoronando.”
O silêncio que se seguiu foi diferente desta vez. Não pesado, mas quieto, unindo.
Então Ewan quebrou. “E você? Seu dia?”
Ela olhou para ele, seus lábios se contraindo levemente antes de responder. “Estamos enfrentando um vírus que pode dizimar milhões.”
As palavras sugaram o calor do ar.
“Está contido,” ela acrescentou rapidamente, levantando uma mão. “Mas se eles o liberarem…” Ela não terminou. Não precisava. O horror pairava não dito entre eles.
Atena se levantou instantes depois, alisando suas roupas com mãos deliberadas, recuperando a compostura. “Isso é suficiente por esta noite. Vamos descansar. Vou verificar os pacientes conosco.”