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Vingança Sombria de uma Esposa Indesejada: Os Gêmeos Não São Seus! - Capítulo 388

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Capítulo 388: Diferente? II

A primeira batida veio como uma ondulação contra o frágil casulo do sono de Atena. Ela se moveu, mas não acordou totalmente, seu corpo afundando mais profundamente no abraço sedoso dos lençóis.

A luz da manhã se infiltrou em ripas finas pelas cortinas meio puxadas, pálida e hesitante, como se o próprio sol temesse perturbá-la. Pintou o travesseiro dela de dourado suave, tocou as mechas soltas de seu cabelo com fogo e pressionou uma promessa de paz na qual ela não tinha certeza de poder confiar.

Uma segunda batida se seguiu, mais firme desta vez, mais insistente.

Atena gemeu suavemente, puxando o lençol sobre a cabeça por um instante, tentada a se entregar de volta à escuridão. O quarto estava frio, preenchido pelo silêncio calmo que se segue a longas noites de preocupação, e seu corpo ansiava por mais uma hora roubada de descanso.

Mas a batida voltou, educada e firme, o ritmo de pequenas mãos contra a pesada madeira.

Com um suspiro silencioso, ela se obrigou a se sentar. Seu cabelo caía solto ao redor do rosto, capturando os raios de sol como fios de bronze. Ela os afastou, com os olhos semicerrados, e deixou seus pés deslizarem da cama até o chão polido.

As tábuas estavam frias sob sua pele, trazendo-a de volta à realidade. Cada passo que dava pelo quarto carregava o peso relutante de alguém preso entre a segurança dos sonhos e as demandas da realidade.

Quando ela abriu a porta, duas pequenas figuras estavam esperando, brilhantes como faíscas contra a manhã solene.

“Mamãe!”

As vozes ressoaram juntas, altas e sem restrições. Antes que pudesse se ajoelhar, Kate e Nate se lançaram para frente, mergulhando em seus braços com a força irresistível de seu afeto.

O calor deles pressionava contra ela, confortando-a. Atena os envolveu instintivamente, pressionando sua bochecha contra o topo da cabeça de Kate, respirando o leve e limpo aroma de sabão.

“Vocês acordaram cedo,” ela murmurou, sua voz suavizada pelo peso do amor e da fadiga. Ela recuou apenas o suficiente para olhá-los, suas mãos emoldurando seus pequenos rostos. “Dormiram bem?”

Ambos assentiram avidamente, os rostos iluminados com aquele brilho descomplicado que só as crianças carregavam.

“Sim!” Kate respondeu, seu cabelo balançando enquanto se movia. “Susan disse que nos levará à escola hoje.”

“Só queríamos dizer adeus antes de irmos,” Nate acrescentou orgulhoso, puxando a manga dela como se temesse que ela perdesse o ponto.

O olhar de Atena se demorou nos uniformes deles. Pareciam prontos demais, crescidos demais para seu gosto, os anos escapando mais rápido do que ela podia segurar. Uma pontada apertou em seu peito enquanto alisava a gola de Kate.

“E suas tias? Gianna? Chelsea?” ela perguntou gentilmente, embora já suspeitasse da resposta.

“Já foram para o trabalho,” Kate disse, seu tom casual, seus pequenos ombros levantando em um encolher de ombros indiferente.

Atena deu um leve sorriso, apertando as mãos deles nas suas. “Então venham,” ela disse calorosamente, embora a firmeza em seu tom revelasse o hábito de comando que nunca conseguia abandonar. “Vamos cumprimentar seus avós antes de vocês irem.”

Os gêmeos caíram no passo ao lado dela, sua conversa se derramando como música no corredor enquanto ela os levava para baixo. Por um breve momento, Atena se permitiu afogar no ritmo das vozes deles, a forma como as risadas de Kate e Nate suavizavam as bordas dos seus próprios pensamentos. Na presença deles, o peso que assombrava suas manhãs se afrouxou, ainda que só um pouco.

Mas quando eles entraram na sala de estar, o ar mudou.

Florence, sua avó, estava sentada junto à janela de grandes vidraças, sua postura ainda régia apesar dos anos. Ela segurava uma xícara de porcelana com ambas as mãos, o vapor subindo levemente, carregando a fragrância marcante do café torrado escuro.

Sua expressão estava calma, mas Atena, atenta às menores mudanças em sua família, percebeu como os dedos de Florence se apertaram na delicada alça.

A segunda sala de estar estava próxima, suas portas de carvalho entalhado fechadas. Por trás delas vinham vozes baixas, abafadas e pesadas, o cadência de estratégia e pressentimento. O peso disso se infiltrou até ali, aderindo como fumaça.

Atena hesitou. As crianças não pertenciam àquela atmosfera.

Ela se agachou ao nível deles, escovando uma trança solta do rosto de Kate. “Vão lá,” ela sussurrou, sua voz terna, mas com um toque de urgência. “Despeçam-se direito, depois me esperem lá fora.”

Kate e Nate assentiram, obedientes da forma como as crianças eram quando percebiam a seriedade de sua mãe. Eles correram para abraçar Florence, murmurando seus doces adeus, antes de permitir que Atena os guiasse em direção à porta.

Nos degraus da frente, Susan esperava ao lado do carro. Sua postura era firme. Atena se abaixou, plantando beijos na testa de cada gêmeo, demorando mais um momento do que o necessário.

“Ouçam seus professores,” ela os lembrou, sua voz presa entre o afeto materno e a sombra do medo. “E comportem-se.”

“Vamos!” Nate prometeu, estufando o peito como um pequeno soldado.

A garganta de Atena apertou com tanto orgulho quanto dor. Ela se endireitou, alcançando a mão de Susan. “Cuide deles.”

Susan apertou firmemente. “Sempre,” ela respondeu com tranquilidade.

Atena ficou na entrada da garagem, os braços cruzados relaxadamente, e observou enquanto as crianças subiam no carro. As portas fecharam com batidas ocas, motores roncando para a vida. O veículo avançou, seu brilho desbotando ao se mover em direção aos portões, flanqueado de perto pelo comboio de escoltas.

Atena não desviou o olhar até o último brilho vermelho das luzes traseiras desaparecer pela estrada. Só então ela inalou profundamente, forçando o aço de volta em seus ossos.

Lá dentro, Florence estava esperando. Ela colocou uma xícara de café fresco na mesa baixa.

“Bom dia, vovó…”

“Você vai precisar disso, meu amor…” ela disse suavemente. Sua voz carregava o peso da experiência, e seu rosto marcado traía tanto sabedoria quanto preocupação.

“Obrigada.” Atena envolveu as mãos ao redor da porcelana, deixando o calor impregnar suas palmas. Ela tomou um gole, a amargura firmando seus sentidos, então se levantou. Empurrou a porta da segunda sala de estar.

O ar dentro estava denso, saturado de tensão.

O que deu errado em sua ausência?

Ewan estava perto da lareira, braços cruzados sobre o peito, olhos escuros como nuvens de tempestade. O velho Sr. Thorne sentava-se rígido em sua cadeira, a bengala descansando próxima, cada linha de seu rosto esculpida mais profundamente pela idade e pelo esforço. Outros permaneciam nos cantos sombreados da sala, seus olhares afiados e cansados.

Mesmo o alegre Zane não estava alegre naquela manhã alegre.

Atena deixou seus olhos viajarem sobre eles antes de fixar em Ewan. “O que aconteceu?”

Ewan não vacilou. “Kael sabe.”

As palavras aterrissaram como pedras em seu peito. Sua respiração travou. “Sabe… do nosso envolvimento?”

“Sim.” Seu tom era grave, cortante. “Ele enviou uma mensagem na noite passada. Como ele soube, não sabemos. Talvez a missão não tenha sido uma vitória de fato, mas uma armadilha. Talvez ele estivesse nos enganando desde o início.”

A mão de Atena se apertou em torno da parte de trás de uma cadeira, os nós dos dedos ficando brancos. “Então o que fazemos?”

“Por agora,” o velho Sr. Thorne rouquejou, sua voz pesada pela idade mas firme, “fazemos o que sempre fazemos—ficamos alertas. Nossos agentes já estão procurando, mantendo os olhos nos movimentos da gangue. Não seremos pegos desprevenidos.”

Ewan mudou sua postura, olhar fixado em Atena. “E o laboratório. Devemos ir hoje?”

Atena parou. Sua mente correu pelas possibilidades como peças em um tabuleiro de xadrez. Se Kael sabia de seu envolvimento, então seu patrocinador certamente sabia também. Qualquer movimento, qualquer passo em falso, poderia levantar suspeitas.

“Não,” ela disse por fim, calma mas inflexível. “Não nós. Apenas eu.”

Ewan franziu a testa, o maxilar apertado. “Sozinha? Isso é imprudente.”

“É necessário.” Os olhos de Atena seguraram os dele, firmes como ferro. “Se eu chegar com outra pessoa, a suspeita segue. Sozinha, sou apenas mais uma médica. Posso cuidar de mim mesma.”

Antes que Ewan pudesse argumentar mais, o telefone de Atena vibrou contra a mesa. Ela o pegou, analisando a mensagem. O presidente.

Seus olhos percorreram a sala enquanto lia em voz alta: “O assunto foi contido. Dois locais da gangue foram identificados. Eles serão atacados hoje.”

Um murmúrio percorreu o cômodo, surpresa entrelaçada com inquietação.

Aiden franziu a testa, as palavras perturbadoras. “Dois mais? Como isso surgiu?”

“Spider,” Ewan respondeu sombrio. “Deve ter sido ele. Ele deve ter compartilhado na dark web, antes de se desconectar. Seja qual for o caso, os ataques provocarão Kael ainda mais. Todos fiquem alertas.”

Mais tarde, quando a tensão se assentou como poeira, Atena se virou para seu avô. “Você está confortável com o número de pessoas aqui, avô? Com Margaret e sua família, a mansão parece mais cheia.”

O velho Sr. Thorne deu um aceno lento, sua voz firme. “Esta casa é vasta. A presença deles não é um fardo.”

Mas Atena captou o vinco na testa de Ewan. Ela estreitou seus olhos. “O que foi?”

Ele deslizou seu telefone sobre a mesa.

Atena pegou, seu pulso apertando enquanto lia.

As palavras de Kael brilhavam de volta: Devolva Spider. Se não o fizer, alguém importante para você pagará. Não ache que não posso encontrar o que falta.

O silêncio depois foi pesado, sufocante.

A voz de Sandro o quebrou, baixa e sombria. “Será que ele sabe que Spider o traiu?”

A expressão de Atena endureceu embora seu coração batesse mais rápido. “Não assumiremos nada. Não até Spider acordar. Então teremos nossas respostas.”

Ewan suspirou e se endireitou, sua voz cortante. “Ninguém fala disso fora desta sala. Nem uma palavra. Não arriscaremos vazamentos.”

Risadas abafadas agitaram, uma liberação de tensão, enquanto todos se levantavam para cuidar dos negócios do dia. Nenhum deles era tolo o suficiente para compartilhar tais notícias.

Atena demorou, no entanto, sua mão tocando na xícara de café esquecida, agora morna. Seu olhar caiu para o líquido escuro, seu reflexo fraturado na superfície.

Até onde Kael pode ir?

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