Capítulo 318: Encontrando Morgan VIII

“Eles estão aqui,” Ewan anunciou, abaixando o telefone da orelha, olhos brilhando de antecipação.

Todos, inclusive ele mesmo, soltaram um suspiro de alívio, misturado com um pouco de ansiedade e esperança. Isso logo acabaria… se tudo seguisse conforme o planejado, se essa missão terminasse bem.

Ewan mal podia esperar, sua impaciência era revelada na natureza ardente de seus olhos afiados; seus pés batendo no chão eram suficientes para mostrar que ele queria ir para casa.

“Então, quanto tempo mais você acha que vamos ser alvos fáceis?” Atena perguntou, parando por um momento em sua caminhada, mãos cruzadas sobre o peito. Essa era a única maneira de permanecer calma enquanto sua nêmesis estava a poucas portas de distância.

Suas mãos formigavam de excitação ao pensar em todas as coisas que queria fazer a Morgan.

E por mais que tentasse suprimir esses sentimentos esperançosos, sabendo o quanto a vida podia ser frágil e imprevisível, ela ainda não conseguia evitar; a antecipação acariciava os nervos em seu abdômen, trazendo sua mente a uma certa forma de prazer fantasioso que almejava há—meses agora. Anos até.

“Não tenho certeza, mas menos de uma hora,” Ewan respondeu, pausando para analisar o semblante ansioso de Atena. Ele balançou a cabeça, rindo suavemente. “Um pouco de paciência, jovem feiticeiro… as peças logo se encaixarão.”

Atena deu uma leve risada, consciente de que os dois agentes estavam trocando olhares em sua direção, talvez se perguntando o que estava acontecendo entre eles, obviamente cientes de seu passado turbulento.

“Então, alguma sorte em decidir quem é a LadyBug?” Ewan continuou, buscando um tópico para passar o tempo. A vitória deles era iminente.

“Não, ainda não. Eu nem consigo fazer conexões. Acho que teremos que deixar essa verdade para o tempo. Ou talvez torturá-la para fora de Morgan. Ou talvez o Spider possa verificar?” Atena disse, seu olhar otimista enquanto falava com Ewan.

O último deu de ombros. “Já enviei o pedido para o Spider. Ele mencionou que verificaria, embora não tenha ouvido esse codinome antes. E ele ouve muitas coisas…”

A última frase foi adicionada para o benefício de Atena e dos dois agentes que não conheciam o Spider tão bem quanto ele.

Como um mestre da teia eficiente, os ouvidos e antenas do Spider para fofocas quentes e informações eram outra ferramenta em seu arsenal.

Se ao menos seu velho amigo tivesse ouvido sobre aqueles que queriam seus pais mortos, ele também…

Ele se empurrou mais fundo na cama e encostou a cabeça na cabeceira, olhos fechados, telefone ainda segurado na mão, esperando por boas notícias.

Vendo que Ewan havia escolhido permanecer calmo e sereno, Atena inspirou profundamente, caminhou até sua própria cama e assumiu a mesma posição que Ewan.

Ok, ela também esperaria; jogaria o jogo de espera como uma rainha.*

Os dois agentes tomaram posição no velho sofá verde com costuras rasgando a poucos metros da porta, que descansava cansadamente contra a parede amarela descascada.

Dez minutos depois, o telefone de Ewan tocou, quebrando o silêncio da sala, exceto pelo ruído do velho ventilador, que parecia estar fazendo seu trabalho de maneira tremenda, apesar de sua idade e estado desgastado.

Ewan limpou a garganta e atendeu a ligação, seus olhos fixos nos de Atena para que ela soubesse quando isso tivesse acontecido—as boas notícias.

E ela, encantada, assistiu enquanto o rosto de Ewan relaxava, as linhas de tensão desaparecendo, deixando para trás uma versão mais suave do rosto bonito que ela havia chegado a…

O que ela estava prestes a dizer? Amar?

Atena havia escolhido se concentrar na ação à frente, esperando que fosse o suficiente para apagar os pensamentos insanos que continuavam desfilando em sua mente, apesar de sua vontade de mantê-los afastados. No entanto… não era suficiente.

Namorar Antonio não era o suficiente para mantê-los longe? Deveria dormir com o último? Talvez então seus pensamentos seriam preenchidos com as imagens dele em vez das de Ewan.

De alguma forma, no entanto, ela sabia que não seria o caso.

Atena conteve um palavrão e empurrou a traição de sua mente para o lado quando Ewan encerrou a chamada e saiu da cama.

“É hora de ir. A missão terminou,” Ele disse com um sorriso e olhos brilhantes. “Capturamos Morgan.”

Atena não soube ao certo quando um alto ‘yippee’ e um ‘sim!’ escaparam de seus lábios em rápida sucessão, seus punhos golpeando o ar de felicidade. Os agentes seguiram o exemplo.

Houve aplausos e então apertos de mãos, e mais risadas vitoriosas. O pior do dia havia acabado.

Finalmente. Atena quase chorou de alívio, exultante quando Ewan veio até ela e gentilmente segurou seu ombro.

“Uma batalha está vencida. Este é um avanço significativo. Acho que o universo está do nosso lado.”

Atena assentiu, rindo. “Com certeza, Ewan. Com certeza.”

Ela se levantou, alisou seu vestido e seguiu Hank e Dillion, que estavam conduzindo o caminho para fora da sala, já que eram os que estavam com as armas. Ewan jogou um moletom sobre a cabeça e foi atrás deles.

Na porta do quarto 709, Atena inspirou e expirou profundamente, lançando um olhar afiado para Ewan, um pequeno sorriso dançando nos lábios de ambos. Poderia ser realmente isso? Os dias de Morgan poderiam estar acabados?

Ela obteve sua resposta quando a porta se abriu, revelando cerca de dez homens em trajes corporativos de camisas de manga curta de cores variadas e calças simples, formando um círculo ao redor de um grupo menor.

Atena nem percebeu quando a porta se fechou atrás dela; seus olhos haviam se conectado com os lindos, porém frios, olhos castanhos de Morgan.

Morgan quebrou o silêncio primeiro com uma curta risada. “Você?”

Ele apontou para Atena, um dedo que foi instantaneamente cortado antes que alguém pudesse dizer “Jack” por um dos homens, que havia sido sinalizado por Ewan.

Atena sufocou um grito, seu coração batendo irregularmente com a súbita movimentação, mas ela se sentiu completamente satisfeita ao ver Morgan lamentar por seu lindo dedo, observando-o praguejar sua perda e ameaçar fogo e enxofre sobre seu agressor enquanto a dor o curvava.

“Nunca mais aponte para ela novamente,” Ewan declarou com uma voz firme que não deixava espaço para discussão.

Atena sentiu os nervos dançantes em seu ventre novamente. Ela não podia acreditar em si mesma. Mesmo agora, diante de sangue se acumulando no chão, ela ainda tinha a audácia de se sentir sexualmente atraída pela voz e cavalheirismo de Ewan.

Enquanto isso, Morgan não respondeu; apenas rangeu os dentes enquanto lutava com a realidade de que seu dedo indicador direito não existia mais.

Como ele pôde ter entrado nesta armadilha? Ele se perguntou enquanto usava sua camisa para cobrir o espaço vazio que jorrava sangue entre seus dedos. Ele xingou quando a camisa encharcou, quando o sangue vazou; ele precisaria de atenção médica.

“Você precisa me levar ao hospital. Eu sei que vocês querem que eu continue vivo…” Ele chamou com uma voz orgulhosa, um sorriso sinistro, mascarando a dor e o medo que cresciam dentro dele. Ele podia sentir sua vida escapando.

Atena e Ewan. Esses dois o haviam cheque-mateado. Mas como? Alguém de seu próprio grupo o traiu?

Seus pensamentos foram empurrados para longe, relegados ao fundo quando ele ouviu a risada de Atena enquanto ela olhava para Ewan.

“Ele disse hospital. Ele deve pensar que vamos ser civilizados como o governo.”

Aquela declaração, por mais inocente que parecesse, enviou um calafrio sombrio pela espinha de Morgan. Pela primeira vez em muito tempo, ele estava assustado por sua vida. Ainda assim… ele preferia morrer a mostrar medo para esses dois.

“Você parece tão focado em mim que não percebeu os dois que estão comigo…” Ele resmungou, sorrindo.

Atena franziu a testa, ouvindo a qualidade presunçosa na voz de Morgan. Ela observou, o coração acelerando novamente, enquanto os homens de Ewan se separavam; pois eles haviam coberto os outros dois culpados desde que ela entrou na sala.

Sufocando um grito de choque, seus olhos se arregalaram ao ver dois homens com quem ela estava familiarizada—homens com quem ela havia trabalhado. Finn e Jake. Jake, seu motorista.

Como? Aiden não fez uma verificação de antecedentes completa?

O que ela estava dizendo? Ela também havia feito uma verificação completa em Finn, e mesmo assim de alguma forma ele estava aqui, trabalhando com Morgan!

Como esses dois passaram despercebidos por seus olhos atentos?

“Apresento meus membros mais confiáveis: Heron e Dax.”

Atena pensou ter ouvido mal. Ela também podia sentir a descrença emanando de Ewan. Mas é claro, ele já havia falado com Jake uma vez e até conhecia Finn do hospital. Então, sobre o que Morgan estava falando?

Ela conhecia o rosto de Heron, aquele que quase a abusou, não fosse a intervenção oportuna de Ewan meses atrás, e esse não era o rosto dele. Morgan achava que ela havia esquecido?

“Morgan, este não é o momento para jogos idiotas. Eu conheço Heron pessoalmente… Eu não esqueci do homem que ameaçou—”

“A oferta ainda está de pé,” Finn/Heron falou então, assustando Atena, cortando o que ela tinha a dizer.

Aquela voz. Era Heron, certamente, mas aquele rosto.

Ela balançou a cabeça, tentando conectar os pontos, mas mesmo isso não funcionaria; estava tudo turvo. Como isso poderia ser possível?!

Quando Ewan se mexeu abruptamente, Atena percebeu que talvez fosse para cortar a língua de Heron. Ela agarrou seu braço. “Espere, por favor. Eu preciso que ele fale. Eu preciso entender como esses dois…”

Ela gesticulou em direção a Finn e Jake, ambos mortalmente calmos, “…são Heron e Dax.”