Capítulo 315: Encontrando Morgan V

Ewan inalou bruscamente, a dor percorrendo as terminações nervosas em torno de suas costas enquanto ele tentava secar aquela área do seu corpo.

Droga! Ele pensou, rangendo os dentes quando a toalha ofensiva roçou em um ponto ardente. Ele desistiu do processo de secagem, optando por deixar o velho ventilador do quarto fazer o resto do trabalho.

‘Vou apenas ficar na frente dele,’ Ele decidiu, ignorando a dor surda em sua cabeça.

Ele enrolou a toalha em torno de sua cintura, fez um nó firme e saiu do banheiro.

Esperançosamente, agora, os agentes teriam trazido o kit médico; caso contrário, ele não via maneira de conseguir dormir com suas costas queimando assim, com sua cabeça latejando como se um carpinteiro estivesse esculpindo madeira dentro do seu crânio.

Outro som de dor escapou de seus lábios quando ele saiu do quarto, enquanto as feridas decidiam torturá-lo novamente. Ele se sentiu tonto e enjoado e teve que se segurar na moldura da porta do banheiro para se manter firme de pé. Ele precisava de aspirina, comida e um bom descanso.

Olhando para cima com uma expressão contorcida de dor, ele finalmente notou Atena parada a alguns metros dele, com a caixa de primeiros socorros em uma mão e uma garrafa de água na outra — provavelmente para a aspirina.

A dor desapareceu para o fundo, e seu rosto relaxou em seus contornos naturais sem seu conhecimento quando percebeu que ela estava boquiaberta, que ela estava o examinando, sua boca levemente aberta em choque.

Ele se lembrou então que estava despido e em carne viva, e que não tinha se secado direito. Um sorriso tocou seus lábios.

Ignorando as dores que percorriam suas costas, ele flexionou seus braços e estômago sutilmente, quase ronronando de prazer quando a boca dela se abriu mais e seus olhos viajaram de sua cabeça aos pés lentamente — certamente aproveitando para saborear a visão.

“Gosta do que vê?” Ewan quase se deu uma bofetada por tais palavras clichês. ‘Não poderia ter soltado algo mais clássico e ao mesmo tempo embaraçoso?’

Ele, no entanto, manteve uma atitude provocante enquanto Atena limpava a garganta e apontava para a segunda cama sem dizer outra palavra.

“Meu corpo ainda está molhado, então vou ficar na frente do ventilador por um tempo…” Ele continuou, já caminhando em direção ao ventilador, fingindo indiferença enquanto consciente de que ela ainda estava olhando para ele.

“Oh meu Deus…”

Ele finalmente ouviu sua voz rouca e percebeu que agora ela podia ver suas costas machucadas, já que ele estava diante do ventilador, que estava de frente para as camas.

“Ewan…” A voz dela soou rouca, como se quisesse chorar. Ele não queria que ela chorasse.

Ele tentou se virar, para dizer a ela que já esteve em situações piores, que já tinha sido queimado antes, mas então sentiu o toque leve dela em suas costas e soube que não havia necessidade.

Ele inalou bruscamente, seu coração batendo fora de ritmo quando sentiu seus dedos traçando suas costas marcadas. Dor misturada com prazer inundou sua corrente sanguínea.

Ele não tinha certeza se deveria dizer a ela que seu toque estava tornando a dor um pouco mais sensível ou deixá-la continuar. A última sugestão venceu.

Sua respiração se prendeu quando os dedos dela desceram mais, indo em direção à ponta da toalha. ‘O que ela estava fazendo, torturando-o ainda mais?’

Ele limpou a garganta, interrompendo o movimento dos dedos dela.

“Você fez bem em não deixar a água tocar as feridas,” Atena começou, finalmente conseguindo estabilizar sua voz, embora não soubesse como ele tinha conseguido fazer isso; ele nem sequer tinha demorado tanto quanto ela pensava. Mas o fato era que ele devia ter estado em situações mais intensas do que aquela.

“Ainda assim, vire-se, para que possa secar um pouco. Depois você pode se juntar a mim na cama.”

O coração e a mente de Ewan aceleraram com essa última afirmação, pois tomou outro significado. Oh, como ele desejava que as coisas fossem tão diferentes…

Ele obedeceu e se virou, dando a Atena outra visão de seu corpo definido.

Atena perdeu as palavras, mas desta vez virou com uma quantidade insana de velocidade e correu para a cama em questão, sua respiração irregular enquanto se sentava e ocupava as mãos com o conteúdo do kit médico.

“Suas roupas estão ali…” Ela disse após minutos mantendo a cabeça baixa, ignorando a dor surgindo em torno de seu pescoço.

Ela ouviu Ewan se movendo, sua respiração engasgando enquanto ele vinha se colocar diante dela, ainda envolto em uma toalha.

“O que você está fazendo?” Ela perguntou, amaldiçoando mentalmente o estado rouco de sua voz. Ela soava como uma mulher precisando de algo, e ela não gostava disso.

Ela também amaldiçoou sua mente por não se lembrar do belo estado do corpo nu de Ewan; se tivesse lembrado, teria deixado instruções para ele e depois saído do quarto.

Mas teria importado? Ela ainda teria aplicado o bálsamo em suas costas, então seus olhos ainda teriam devorado sua pele despida.

“Eu acho que você deveria tomar seu banho primeiro antes de me tratar. Não quero me manchar de fuligem… isso pode contaminar meus ferimentos.”

Uma risada escapou dos lábios de Atena com as palavras de Ewan. Ela não sabia qual era o plano de jogo de Ewan, mas não ia entrar naquela brincadeira.

No entanto, quando finalmente levantou a cabeça e encontrou o olhar dele, engoliu em seco ao notar a travessura dançando livremente em seus olhos.

O que esse homem estava pretendendo?

Ela também viu teimosia e sabia que ele não aceitaria sua ajuda até que ela tivesse tomado banho também.

Por isso, ela se levantou e caminhou em direção ao banheiro sem dizer outra palavra, ou encontrar o olhar dele — nem mesmo quando parou no caminho, voltou seus passos até a cama e pegou o vestido que os agentes tinham conseguido para ela.

No banheiro, ela soltou um suspiro profundo e encostou a cabeça na parede, tentando acalmar seu coração acelerado.

“Vamos lá… você o viu nu recentemente ao tratar dos ferimentos dele. O que há de diferente agora? Por que está agindo como se nunca tivesse visto um homem nu antes?”

Mas ela sabia que havia uma diferença. Ewan não estava acordado quando ela o limpou. Seus olhos pecaminosos não estavam encarando-a com fascinação.

Ela suspirou novamente e se livrou das roupas parcialmente queimadas, franzindo o nariz com as cores que via ao redor da banheira e do vaso sanitário.

‘Apenas feche os olhos e tome banho.’ Ela comandou a si mesma, ligando o chuveiro. Isso era melhor do que ser queimada no apartamento de Morgan.

Enquanto isso, de volta ao quarto, Ewan enviou uma mensagem para Spider sobre o status da missão — incluindo o fato de que Morgan quase fritou ele e a esposa — ao mesmo tempo que pedia um relatório sobre a localização de Morgan.

Então, uma batida soou na porta.

Largando o telefone com a testa franzida, ele apertou o nó da toalha enquanto se levantava, sua mente correndo de um lado para o outro sobre quem poderia estar atrás da porta.

Esperançosamente, não era Morgan ou seus capangas. Pensou. Ele realmente não estava em forma para combate, embora estivesse disposto a isso se fosse necessário — ele faria qualquer coisa para proteger sua adorável esposa.

Um suspiro de alívio escapou de seus lábios quando viu os agentes atrás da porta.

“Falamos com a recepcionista, e ela mencionou que a comida estará pronta em alguns minutos. Mas eles nos enviaram adiantados com algumas sobremesas. Você acha que será suficiente?” Hank perguntou, soltando sua mão do carrinho, seus olhos focados nos de Ewan, uma expressão vazia no rosto como se não estivesse vendo o quase despudor de Ewan.

“Muito obrigado, Hank, Dillion…” Ewan disse, puxando o carrinho suavemente para dentro do quarto. “Vocês conseguiram entrar em contato com Aiden?”

Os dois agentes assentiram.

“Mas a Doutora Atena não o quer aqui. Ela quer que ele foque em sua própria missão por enquanto, já que estão trabalhando no infiltrado e nos seus fios.” Dillion respondeu.

Ewan assentiu lentamente. “Certo então. Vejo vocês mais tarde. Obrigado novamente.”

Os agentes assentiram em reconhecimento e saíram do quarto.

Lá dentro, Ewan abriu o prato que tinha sido usado como tampa; era bolo e algumas frutas. ‘Isso pode servir,’ ele pensou, pegando uma maçã e mordendo-a.

A ação parou pela metade quando a porta do banheiro se abriu, e Atena saiu.

Atena havia ficado em frente ao espelho quebrado no banheiro por alguns minutos, checando várias vezes se seus mamilos não estavam visíveis através do vestido amarelo de verão, já que havia descartado o sutiã com suas roupas — seus seios não eram mais tão pequenos como eram quando se casaram; a maternidade tinha mudado muito.

Sem calcinha também…

Ela nunca desejou tanto a companhia de uma agente feminina até então.

“Gostou do que viu…” Atena quase vomitou com suas próprias palavras.

Ela decidiu devolver as palavras de Ewan para ele, mesmo que não estivesse usando uma toalha ao redor do corpo. Ainda assim, ela era a única se sentindo nervosa.

“Oh sim, adoro o que estou vendo,” Ewan respondeu, seus olhos em tons mais escuros.