Unidos ao Príncipe Cruel - Capítulo 920
Capítulo 920: Rei Encontra Rei
Zal’therak, meio-irmão de Islinda, estava à distância, montado em sua besta, uma criatura inquietante com escamas dentadas e espinhos ósseos, seus olhos brilhando em um tom antinatural de verde. A besta bufou, suas narinas se alargando ao se mover inquieta sob seu cavaleiro, mas nenhum dos homens se mexeu. O olhar entre Aldric e Zal’therak estava cheio de cálculos silenciosos.
Diferente de Aldric, que veio com um batalhão de soldados, Zal’therak estava sozinho. Isso o irritava. O Rei Espectro não o temia. Era um amargo punhal para engolir, e o olhar de Aldric se endureceu enquanto ele permanecia imóvel, permitindo que a tensão se estendesse.
Aldric supôs que a arrogância de Zal’therak era decorrente não apenas de sua própria confiança, mas do conhecimento de que ele tinha Islinda. Se algo acontecesse com ele, Islinda morreria. Esse conhecimento devia ter-lhe dado a audácia de permanecer sozinho. E agora, lá estavam eles, dois reis, se encarando através da distância.
Aldric se moveu, mas assim que deu um passo à frente, a mão de Isaac disparou, agarrando seu braço e o parando. Aldric se virou para encará-lo, seus olhos se estreitando.
“Aldric, espere,” Isaac alertou urgentemente com um tom baixo. “Nós não o conhecemos. Você não sabe o que ele pode fazer.”
Aldric sorriu, seus lábios se curvando em um sorriso que não chegava aos seus olhos. “Não se preocupe. Eu vou ficar bem,” ele assegurou.
Isaac hesitou, mas acenou com a cabeça, recuando enquanto Aldric andava em direção a Zal’therak.
A distância entre eles se fechou, e assim que Aldric deu alguns passos mais próximos, ele parou. O silêncio se estendeu entre eles antes que Aldric falasse, sua voz fria mas assertiva. “Você veio, Zal’therak.”
Os olhos de Zal’therak nunca deixaram Aldric, e por um longo momento, ele não respondeu. A tensão no ar era espessa, ambos os homens se medindo, talvez pela primeira vez, sem o véu de animosidade ou desconfiança mútua. Mas então, para a surpresa de Aldric, Zal’therak deslizou de sua besta, a criatura permanecendo perfeitamente imóvel. E tão rapidamente a forma monstruosa de Zal’therak começou a mudar.
Sua estrutura óssea e esquelética mudou, suas feições diminuindo e suavizando. Era uma visão inquietante enquanto as bordas ásperas e irregulares de sua forma desapareciam, sendo substituídas por uma forma familiar. Um belo Fae com traços afiados mas justos, agora estava diante de Aldric. Chifres enrolados de sua testa, brilhando como osso polido, e sua presença era dominadora, mas inegavelmente elegante.
“É bom finalmente conhecer meu cunhado, Príncipe…” Zal’therak começou, mas então se corrigiu. “Não, Rei Aldric. Acredito que parabéns estão em ordem.”
Um sorriso surgiu nos lábios de Aldric à menção de seu novo título. Ele não esperava sentir tal senso de camaradagem, mas por um breve momento, ele sentiu. O homem, embora um estranho, tinha uma presença que era difícil de ignorar. “Temos uma tenda montada para essa conversa se você não se importa,” Aldric anunciou, gesticulando para a estrutura próxima.
Zal’therak lhe deu um aceno, um indício de aprovação em seus olhos. “Vamos então.” Ele não hesitou, embora tudo isso pudesse ser uma armadilha. Mas havia apenas uma maneira de descobrir.
Antes de partirem, Aldric olhou de volta para sua besta.
“Não se preocupe,” Zal’therak disse, como se pressentisse a inquietação de Aldric. “Ajah e eu compartilhamos um laço. Enquanto ninguém o incomodar, ele será um bom menino.”
Os olhos de Aldric voltaram-se para Rastejador, orgulhoso e indomado, vários metros adiante. “O mesmo com meu ka’er,” ele respondeu com um toque de orgulho. “Temos uma conexão. Enquanto ninguém a testar, ele é inofensivo.”
Zal’therak ergueu uma sobrancelha, o menor sorriso puxando o canto dos lábios. “Legal. Talvez um dia, eles possam ser amigos.”
Aldric assentiu, sua expressão indecifrável. “Talvez, um dia. Vamos então.”
Os dois homens se viraram, caminhando em direção à tenda. Ao passarem pelos soldados de Aldric, eles olharam abertamente para Zal’therak. Esta era a primeira vez que alguns deles viam um espectro de perto—uma criatura que os deixava tanto inquietos quanto fascinados.
Os Espectros eram notórios por desativar o poder de um Fae antes de matá-los. Ao olharem para ele, perceberam que Zal’therak não era completamente um Espectro. Ele era meio-Fae, meio-Espectro. E isso, aos olhos deles, era uma abominação.
Zal’therak deve ter sentido o julgamento deles, pois inclinou ligeiramente a cabeça, um sorriso sardônico curvando seus lábios. “Seu povo é tão adorável,” ele comentou, sua voz carregada de sarcasmo.
Aldric, que nunca perdia uma oportunidade para uma tirada afiada, respondeu com o mesmo sarcasmo, “Oh, eles são.”
A tensão entre os soldados e Zal’therak era palpável, mas nenhum dos homens a reconheceu enquanto entravam na tenda.
Lá dentro, uma mesa suntuosa estava posta, repleta de comidas deliciosas. Os aromas eram ricos, uma mistura de ervas, carnes e especiarias.
“Espero que não se importe,” Aldric disse enquanto alcançava um copo de vinho, tomando um generoso gole. “Mas costumo não discutir política de estômago vazio.” Ele ergueu o copo, seus olhos brilhando com um desafio silencioso. “Espero que consiga digerir a comida do nosso tipo.”
Os olhos de Zal’therak se estreitaram enquanto ele examinava o banquete, mas ele não hesitou. Ele se sentou em frente a Aldric, pegando uma colher. “Claro que consigo. Sou meio-Fae, afinal,” ele respondeu, sua voz suave e composta.
Aldric o observou de perto enquanto Zal’therak atacava a comida com confiança. A tensão entre eles permaneceu densa, mas havia uma calma, uma espécie de trégua tácita na maneira como compartilhavam o mesmo espaço.
Não foi até a terceira colherada que Aldric quebrou o silêncio. “Você não teme que esteja envenenada?” ele perguntou, sua voz aveludada.
Zal’therak nem mesmo pausou ao comer. Ele sorriu para Aldric, as bordas de sua boca curvando-se. “Ora, por que desperdiçar veneno em uma comida tão boa?”
Aldric o escrutinou, seu olhar afiado. “O que te dá tanta confiança? Porque está mantendo meu par como refém?”
Zal’therak pausou, levantando a cabeça para encontrar o olhar de Aldric. O sorriso nunca deixou seus lábios. “Minha irmã Islinda me disse que você é um Fae honrado, e que eu deveria confiar em você. Então estou colocando isso à prova,” ele disse, seu tom uniforme, inabalado. “Ou há alguma razão para eu não confiar em você, Rei Aldric?”