Unidos ao Príncipe Cruel - Capítulo 917
Capítulo 917: Motivação Suficiente
Aldric e Issac caminhavam pelo acampamento, seu destino a tenda onde as bruxas haviam sido detidas sob as ordens de Aldric. A limpeza e reorganização do exército tinham levado o dia todo, e quando acabaram, a noite havia caído sobre eles.
Mesmo com o dramático show de poder de Aldric, ainda havia remanescentes dos leais ao general que tinham se recusado a obedecer e aceitar seu reinado. Felizmente para eles, não enfrentaram a morte nas mãos de Aldric, mas os soldados que lidaram com eles rapidamente, caso contrário, teriam encontrado um destino mais condenatório.
“Você acabou de torná-lo capitão do seu exército,” Issac reclamou enquanto caminhava ao lado de Aldric.
Aldric ergueu uma sobrancelha. “E qual é o problema, Issac? Ahh, certo…” Ele pausou dramaticamente, como se uma realização acabasse de lhe ocorrer. “General Issac, não é? Acho que parabéns estão em ordem. Ou talvez… você não goste da posição? Oh, agora entendi. Você sempre foi o humilde.” Sua voz era zombeteira, cheia de diversão. “Talvez Olean devesse assumir seu lugar como comandante, e você poderia ter a posição dele como capitão. Então, você tomaria ordens dele. Isso resolveria suas preocupações?”
Issac parou de andar e se virou para encarar Aldric, com a mandíbula cerrada. Ele sabia que as provocações de Aldric eram intencionalmente pensadas para irritá-lo. No entanto, isso não eliminava o fato de que o príncipe fada sombrio que se tornou Rei-Regente absolutamente realizaria tal reorganização ridícula se assim quisesse. Afinal, ninguém podia prever a mente de Aldric.
Engolindo sua irritação, Issac respondeu com a maior compostura que conseguiu reunir, embora seu tom estivesse tingido de sarcasmo. “Estou muito grato pela oportunidade, vossa majestade. Mas Olean é um soldado raso e não sabe nada sobre ser capitão. A posição é demais para ele.”
Aldric parou abruptamente, seu olhar azul penetrante fixando-se em Isaac com uma expressão inescrutável. “Se esse é o caso,” ele disse lentamente, como se saboreasse suas palavras, “então não há problema algum.”
Issac piscou, a confusão inundando-o. “Não entendo.”
O sorriso de Aldric se alargou, e ele bateu uma mão no ombro de Issac no que quase poderia ser confundido com camaradagem. “Olean é um capitão. Você é um general. Quem está em uma posição melhor para ensiná-lo a fazer seu trabalho? Problema resolvido.” Sem esperar por uma resposta, Aldric continuou andando, deixando Issac parado ali em silêncio atônito.
Por um momento, Issac só pôde olhar para a figura de Aldric se afastando com uma expressão perplexa.
Que tipo de pessoa era Aldric? Issac de repente sentiu um profundo pressentimento em relação ao futuro de Astária. Com Aldric como rei, o reino estava prestes a viver um reinado como nunca tinha visto antes.
No entanto, Issac seguiu Aldric para dentro da tenda. Dentro dela, cinco soldados estavam em formação cerrada, suas espadas prontas nos pescoços das três bruxas sentadas em um círculo. As bruxas estavam silenciosas, mas a mais jovem, chamada Ava, encarava Aldric com tanta intensidade que era como se sua vontade sozinha pudesse derrubá-lo.
Aldric, calmo e sereno, abordou a cena com um aceno displicente. “Abaixem suas espadas. Não há necessidade disso. Vamos tratar nossos convidados com um pouco mais de respeito, não somos bárbaros.”
Os soldados hesitaram, com descrença em seus rostos. A ideia de deixar essas bruxas astutas sem ameaça imediata parecia imprudente. Eles olharam para Issac em busca de confirmação, afinal, ele era o general deles agora. Mas com um aceno sutil, Issac gesticulou para que eles cumprissem. Relutantemente, os soldados abaixaram suas armas e recuaram.
“Não há necessidade de me olhar desse jeito,” Aldric acrescentou. “Ninguém vai morrer hoje, a menos, é claro, que alguém faça algo excepcionalmente estúpido.” Seu olhar demorou-se de forma incisiva em Ava, cujo olhar não vacilou, mas suas mãos se fecharam ao lado do corpo.
Madre Teresa, a bruxa mais velha, percebeu a tensão e rapidamente sinalizou a Ava com um movimento sutil de sua mão para recuar. Ava obedeceu, embora relutantemente, sentando-se mais ereta mas sem mais irradiar hostilidade aberta.
Virando-se para Aldric, Madre Teresa falou com um tom medido, suas palavras carregadas de diplomacia. “Vossa majestade é muito generoso. Eu não achava que perdoaria minha ofensa.”
O sorriso de Aldric era fino. “Ah, eu não perdoei sua ofensa.” Sua voz, embora calma, carregava uma frieza que fez até mesmo os soldados lá fora tremerem. “Não confunda necessidade com clemência.”
Madre Teresa vacilou, sua compostura se desfazendo. “Então, por que…?” Ela interrompeu, a percepção surgindo em seu rosto. “Você ainda precisa da minha ajuda com a barreira?”
Aldric zombou, revirando os olhos. “Ah, poupe-me. A barreira é inútil. Aqueles monstros não estão voltando, não pelo que eu vi. E mesmo que precisasse ser reconstruída, não seriam você ou seu coven que fariam o favor. Não, você tem sorte de eu ter uso para você. Caso contrário, sua cabeça já teria se juntado à do General.”
O veneno nas palavras de Aldric não deixou espaço para dúvidas. Sua desconfiança por bruxas era bem conhecida, sem mencionar aquelas alinhadas com o falecido general. Se não fosse por Islinda, eles já estariam mortos.
“O que, então, você necessita de nós, vossa majestade?” Madre Teresa perguntou cautelosamente, sua voz mal contendo um sussurro.
“Quero estabelecer comunicação com minha companheira,” Aldric disse claramente. “Normalmente, eu faria isso sozinho, mas a distância entre nós é… significativa. Preciso de alguém para me ajudar a entrar nos sonhos dela.”
Madre Teresa assentiu. “Nós podemos—”
“Não me refiro a você.” Aldric a interrompeu, apontando o dedo para Ava. “Refiro-me a ela.”
Ava piscou, surpresa. “Eu?” ela perguntou, sua voz quase um guincho.
“Sim, você,” Aldric disse, sua paciência claramente diminuindo. “Eu odeio me repetir.”
“Eu… eu acho que posso… mais ou menos…” Ava gaguejou, seu rosto empalidecendo.
“Bom,” Aldric disse, já se movendo em direção à simples cama no canto da tenda. Ele se deitou, seus movimentos deliberados.
Issac deu um passo à frente, dizendo com preocupação. “Vossa majestade, tem certeza de que isso é sensato? Ela nem parece confiante de que pode—”
“Se eu não acordar ou algo der errado,” Aldric interrompeu, sua voz fria, “matem-na primeiro.” Ele apontou para Madre Teresa. “Ela é a líder deles, e sua morte desestabilizará o coven deles. Então, se Ava tentar algo estúpido, matem a segunda lentamente, certifiquem-se de que ela assista. Quanto a ela…” Aldric voltou seu olhar para Ava, seus olhos frios e calculistas. “Cortem suas mãos e língua, depois a deixem ir. Isso deve ser motivação suficiente. Não acha?”
Ava engoliu em seco, seu corpo tremendo, mas ela conseguiu assentir nervosamente.
“Bom,” Aldric disse, se acomodando de volta na cama. “Vamos começar. Mal posso esperar para ver minha companheira.”
Com isso, Aldric fechou os olhos, sua expressão relaxada enquanto se preparava. Como um caminhante de sonhos, ele não precisava de orientação. Sua mente clareou, seu foco se estreitou em um rosto: sua adorável companheira, Islinda.
Ava começou o feitiço, seu canto preenchendo a sala enquanto o feitiço ganhava forma. Aldric sentiu o familiar puxão do laço de parceiros ganhar vida, seu calor guiando-o. Lentamente, sua consciência desvaneceu, deixando as pessoas na tenda para trás e atraindo-o para a presença distante, mas certa de Islinda.