Unidos ao Príncipe Cruel - Capítulo 861
Capítulo 861: Coração da Cidade
Era óbvio que algo havia mudado entre Gabbi e Azrael. Desde seu encontro acalorado naquela manhã, um vínculo não dito se formou, assentando-se entre eles como uma tensão confortável.
Azrael manteve sua palavra, chegando à sua porta precisamente quando os servos terminaram de vesti-la para o passeio turístico. Gabbi esperava algo simples, mas os servos, trabalhando sob as ordens do rei, tinham outras ideias. Apesar de seus protestos, eles a vestiram meticulosamente em algo muito mais grandioso do que ela jamais imaginou.
O vestido era uma impressionante vestimenta branca, com um design de ombro único drapeado. No entanto, a característica mais marcante era o ousado colar de penas pretas que caía dramaticamente sobre um lado de seu ombro. As penas eram densas, dispostas de forma intricada para contrastar com o tecido liso e suave do vestido. A combinação fazia Gabbi parecer tanto etérea quanto ousada, uma mistura de graça e perigo.
Mas havia algo mais no pedaço do ombro além de seu design audacioso. As penas eram de corvo, simbólicas na cultura de Azrael. Ele estava lentamente incorporando-a ao seu mundo, um gesto que não passou despercebido por Gabbi. Como humana, cheia de curiosidade, a oportunidade de aprender sobre essa cultura oculta a fascinava.
Pensar que havia uma raça inteira vivendo bem debaixo de seu nariz a emocionava de uma forma que nada mais poderia. Bem, quase nada mais. A parte do sexo definitivamente estava no topo da lista. Se você sabe do que ela está falando.
Quando Azrael finalmente apareceu, sua reação foi impagável. Para alguém que havia escolhido pessoalmente o vestido, ele ficou congelado quando seus olhos encontraram os dela.
Gabbi o avistou no espelho e sorriu. “Quem quer que tenha desenhado este conjunto merece ser adorado,” ela falou em voz alta, girando um pouco enquanto se admirava. “Mas isso me perturba. Um tipo de corvo deve ter sido morto por essa peça, certo? Então, por favor, nenhum mais. Eu não gostaria de ser responsável por genocídio.”
Azrael, que havia sido perturbado por sua beleza, explodiu em uma gargalhada. Sua risada retumbante ecoou pela sala, e a carranca de Gabbi se aprofundou.
“O que há de tão engraçado?” ela perguntou, inclinando a cabeça.
“O fato de você achar que mataríamos um dos nossos para fazer um vestido.”
“Humanos matam para fazer os deles,” ela apontou, puxando a peça de penas. “Eu não ficaria surpresa se seu tipo fizesse o mesmo. Não consigo abandonar essa visão de um de seus súditos sendo sacrificado apenas por suas penas.”
Azrael riu mais alto, enxugando lágrimas dos olhos. “Deuses me ajudem, você é a melhor companheira que eu poderia pedir.”
Gabbi corou com suas palavras, sentindo o calor subir em suas bochechas. Então ela o absorveu pela primeira vez. Azrael parecia régio em sua vestimenta forrada de pele, exalando poder e autoridade, e ainda conseguia ser totalmente atraente. Ele era perigoso e magnético ao mesmo tempo.
“Não se preocupe,” ele disse, interrompendo seus pensamentos. “Ninguém morreu para fazer sua peça de ombro. Temos muitas penas para roupas. Você pode relaxar.”
“Se você diz.” Gabbi relaxou um pouco, mas seus olhos não puderam evitar passear sobre ele mais uma vez. “Você está bem.”
Os lábios de Azrael se curvaram em um sorriso, seus olhos escurecendo. “Confie em mim, Gabbi, você está melhor.” Sua voz baixou, tornando-se sedutora. “Você parece completamente comestível.”
As asas dele se flexionaram levemente atrás dele, e a mente de Gabbi imediatamente vagou para o que eles haviam feito naquela manhã. Ela ainda podia sentir o fantasma do toque dele, o peso de seu corpo contra o dela. Seu rosto corou profundamente.
Clareando a garganta, Gabbi lutou para recuperar o controle. “Então… hora de ir?”
“Claro.” Azrael sorriu, claramente divertido com sua tentativa de mudar de assunto.
Ele ofereceu a mão, e Gabbi deslizou a própria dentro da dele. Juntos, eles saíram do quarto, passando por vários guardas que lhes lançaram olhares antes de voltar às suas tarefas. Gabbi tentou ignorar os olhares penetrantes, lembrando a si mesma de que esses eram o povo de Azrael — e em breve, eles seriam seu povo também.
Era difícil acreditar que estavam em profundidade dentro de uma montanha. Os corredores eram brilhantes, tão vivos com luz, que quase parecia que estavam no mundo exterior.
“Como isso é possível?” ela perguntou, olhando ao redor em admiração. “Você disse que estamos no fundo da montanha, mas é tão brilhante, como se estivéssemos lá fora. E eu nem consigo ver de onde a luz está vindo.”
Azrael riu, o som reverberando através dela. “Você está certa. Estamos em um ponto tão profundo que nenhuma luz natural poderia alcançar aqui. Mas este tem sido nosso lar por centenas de anos. Desenvolvemos nossa própria tecnologia, misturada com magia, para torná-lo habitável. Eu poderia explicar tudo, mas levaria muito tempo. Você aprenderá mais à medida que avançarmos.”
O coração de Gabbi se encheu de emoção. O que antes parecia um destino forçado agora estava se transformando em uma aventura que ela nunca queria abandonar. Havia tanto para explorar e entender neste mundo oculto abaixo da superfície.
Enquanto eles caminhavam pelo longo corredor, pararam diante de uma escuridão abismal. A respiração de Gabbi prendeu em sua garganta quando percebeu que era o mesmo buraco que ela havia caído quando chegou pela primeira vez no reino de Azrael. Ele tinha dito que era um tipo de sistema de transporte, e ela não gostava da ideia na época — e gostava ainda menos agora.
“Você confia em mim?” Azrael perguntou, virando-se para ela, sua expressão séria.
Gabbi engoliu em seco, seu pulso acelerando. Ela podia sentir seu coração martelando no peito, mas acenou com a cabeça. Confiar nele? Ela não tinha certeza, mas a ideia de desistir agora parecia impossível.
Sem mais uma palavra, Azrael a puxou para perto e entrou no vazio, arrastando-a com ele. O grito de Gabbi ficou preso em sua garganta enquanto eles mergulhavam na escuridão, a sensação de queda fazendo seu estômago revirar. Mas desta vez, ela não estava sozinha. A presença de Azrael ao lado dela mantinha o terror afastado.
A queda parecia interminável, o vento chicoteando ao redor deles. Mas quando Gabbi achou que não aguentava mais, a descida desacelerou. A escuridão recuou, substituída por uma luz suave e brilhante, e ela piscou enquanto seus olhos se ajustavam ao novo ambiente.
Eles haviam chegado a um local deslumbrante de uma cidade cavernosa espalhada diante deles, com edifícios diversos, cristais brilhantes embutidos nas paredes, e atividade frenética por todo lado. Era deslumbrante, como algo saído de um sonho.
“Bem-vinda ao coração de meu reino,” Azrael disse, sua voz cheia de orgulho.