Unidos ao Príncipe Cruel - Capítulo 859
Capítulo 859: A história
Por um momento, Gabbi ficou atônita. As palavras de Azreal a derrubaram completamente. O único sinal de que ela realmente ouvira sua proposta foi o piscar lento de seus olhos. Ela não podia acreditar no que acabara de ouvir. Azreal, o rei dos Corvo, estava oferecendo-lhe um acordo, e não era um acordo qualquer — ele queria que ela visse seu reino.
Azreal observou sua reação cuidadosamente. Ele tinha aprendido a não esperar muito dela, dada sua história conturbada. A confusão em seu rosto era óbvia, e ele sentiu a decepção apertar em seu peito. Claramente, ele não ia obter a resposta que queria. Era tolice dele até tentar.
Então, sem aviso, Gabbi quebrou o silêncio com um simples, “Certo, trato feito.”
Azreal recuou, seus olhos arregalados de incredulidade. Ele não esperava que ela concordasse tão facilmente. “Você está falando sério? Isso não é uma piada, certo? Por favor, me diga que você não vai voltar atrás com sua palavra quando acordar.”
Gabbi revirou os olhos para ele, sua voz tingida de zombaria. “Que pouca confiança você tem em mim.”
Azreal queria retrucar, dizer a ela que ela não lhe dava motivo para confiar nela até aquele momento, mas ele conteve a língua. Pela primeira vez, Gabbi não estava lutando com ele, e ele não estava prestes a arruinar o momento. Ainda assim, a súbita conformidade dela era desconcertante. Isso não era típico dela.
“É apenas surpreendente,” Azreal admitiu, sua voz mais suave que o habitual. “Você continua me surpreendendo esta noite. Eu entrei aqui preparado para a guerra. Esperei que você lutasse comigo a cada passo do caminho, mas você conseguiu me desarmar sem nem levantar um dedo.”
Gabbi não pôde evitar explodir em risos. A ideia de Azreal, esse rei enorme e feroz, chegando totalmente armado e preparado para lutar, apenas para ser pego de surpresa por sua conformidade, era ridiculamente divertida.
Em sua mente, ela o imaginou marchando com um cinto cheio de armas, espadas, adagas, talvez até uma besta, pendurada em suas costas. Tudo por ela. Quando, na realidade, ela não tinha nem uma faca de cozinha. A imagem era absurda.
Seu riso, leve e melódico, encheu o quarto, pegando Azreal de surpresa. Ele a encarou, hipnotizado. Ele não tinha percebido o quanto seu riso era encantador até agora.
Antes que soubesse o que estava fazendo, ele estendeu a mão e gentilmente colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha dela, seus dedos demorando um momento mais do que o necessário.
O riso na garganta de Gabbi morreu abruptamente quando ela percebeu o quão perto Azreal havia se inclinado. Um rubor subiu em seu rosto, seu coração disparando sob a intensidade do olhar dele. O calor no toque dele enviou um arrepio pela sua espinha, deixando-a ao mesmo tempo atrapalhada e sem fôlego.
“Você fica tão linda quando ri,” Azreal sussurrou, sua voz baixa e suave enquanto acariciava o rosto dela, seu polegar roçando sua bochecha.
Os olhos de Gabbi vacilaram até o corpo dele. A forma como os bíceps dele se destacavam enquanto se apoiava, a extensão nua do peito torneado dele, e a fina linha de cabelo escuro descendo de seu estômago até a cintura da sua roupa íntima. Os deuses a ajudem, era tudo demais.
Azreal parecia um deus, esculpido em pedra, cada músculo um testemunho de sua força e poder. O calor subiu através dela, e por um breve momento, ela não conseguia pensar em nada além de quanto ela o desejava.
Seu olhar voltou rapidamente para os lábios dele. Ela queria beijá-lo, puxá-lo para perto e se perder nele. Ela imaginou passar a língua pelos lábios cheios dele, sentindo sua maciez antes de pressionar os seus contra os dele. O pensamento enviou uma onda de calor por seu corpo, e ela teve que resistir à vontade de se abanar.
Percebendo a crescente tensão entre eles, Gabbi rapidamente mudou o assunto.
“Agora que o acordo foi feito, acho que é hora de você me dizer por que queria uma companheira,” Ela arqueou uma sobrancelha, tentando recuperar o controle da conversa.
Azreal não perdeu a tática dela, mas permitiu. Ao contrário de Gabbi, que parecia praticamente vermelha de vergonha, Azreal parecia calmo, suas emoções cuidadosamente controladas. Isso a fez se perguntar com que frequência ele tinha que mascarar seus sentimentos na frente dos outros.
“Certo,” ele disse, mudando-se para o lado para poder encará-la completamente. Gabbi não reclamou nem o afastou quando ele manteve sua mão descansando em sua cintura, seus dedos levemente roçando sua pele. Era um toque simples, mas enviou uma faísca de calor através dela.
Antes de começar, Azreal perguntou, “Mas primeiro, por que você aceitou o acordo?”
Gabbi deu de ombros. “Não é um acordo tão ruim, na verdade. Eu posso sair deste quarto onde você me manteve presa. E se eu vou ser sua companheira, então preciso saber sobre você e o reino. Preciso entender no que estou me metendo.”
As palavras dela atingiram algo profundo dentro de Azrael. Ele lutou contra o impulso de beijá-la ali mesmo. A disposição dela de entender, de entrar em seu mundo, significava mais para ele do que ela poderia imaginar. Mas ele reprimiu o sentimento, mantendo o rosto neutro enquanto se preparava para contar sua história.
“Você está certa, é uma troca justa.”
Azreal mudou de posição novamente, desta vez se aproximando um pouco mais dela, sua mão ainda repousando suavemente em sua cintura. Gabbi não se afastou, não protestou. Ela simplesmente esperou, sua curiosidade aguçada.
“Eu nem sempre fui assim, Gabbi,” ele começou em um tom quieto. “Eu nem sempre odiei a ideia de uma companheira. Na verdade, quando eu era mais jovem, adorava observar meus pais. Eles tinham o relacionamento mais bonito. Meu pai e minha mãe eram inseparáveis. Meu pai era poderoso, e às vezes esse poder subia à cabeça dele. Mas minha mãe, ela sempre estava lá para trazê-lo de volta à realidade. Ela o equilibrava. Ela o tornava humilde quando necessário, e ele a amava profundamente por isso. Eles tinham o tipo de laço que você só poderia sonhar.”
Gabbi ouvia atentamente, seu peito se apertando com a vulnerabilidade em sua voz.
“Mas então ela morreu,” Azreal continuou, sua voz quebrando levemente. “E meu pai… ele não era o mesmo. Ele não conseguiu lidar com isso. A tristeza o consumiu. Ele se perdeu, afundando em sua dor. Eu o perdi, Gabbi. Não apenas minha mãe — eu perdi meu pai também. Ele não conseguiu viver sem ela, e eu tive que juntar os pedaços. Eu era apenas um garoto, tentando administrar o reino, tentando cuidar de um pai que estava se perdendo, tudo enquanto chorava pela minha mãe.”
Ele fez uma pausa, respirando fundo e trêmulo. “Então meu pai morreu também. E eu fiquei sem nada.”
Gabbi podia sentir o peso da dor dele. Seu coração doía pelo jovem Azreal, que tinha perdido tudo e tinha que carregar fardos tão pesados sozinho. Mas ela não disse nada, permitindo que ele continuasse.
“Eu estava com raiva. Eu culpava o laço de parceiros por tudo. Se meu pai não tivesse sido tão conectado à minha mãe, talvez ele tivesse sobrevivido. Talvez ele tivesse sido mais forte. Eu odiava a ideia de uma companheira. Eu não queria nada com isso. Eu jurei que nunca me deixaria cair nessa armadilha. Mas…”
Gabbi inclinou-se ligeiramente, curiosa. “Mas o que mudou?”
A mão de Azreal começou a desenhar pequenos círculos gentis na parte inferior de suas costas. Seu toque era leve, quase imperceptível, mas enviava ondas de calor através dela. Ela teve que lutar para manter o foco nas palavras dele e não na sensação dos dedos dele contra sua pele.
“Eu não podia ficar com raiva para sempre,” Azreal admitiu. “Conforme eu crescia, comecei a perceber que o que meus pais tinham era especial. Quando você encontra um laço assim, é insubstituível. Você não pode ficar com raiva de um amor assim. Então eu perdoei meu pai por sua fraqueza, por sua dor. Foi egoísta, mas eu entendi por que ele não conseguiu continuar sem ela. Não era apenas por causa do laço de parceiros — era porque ele realmente a amava. E eu queria aquilo. Eu queria o que eles tinham.”
Ele fez uma pausa, seu olhar suavizando enquanto olhava nos olhos dela. “Tive relacionamentos ao longo dos anos, mas eles nunca me preencheram. Sempre faltava algo. Eu queria mais do que uma conexão passageira. Eu queria o tipo de amor que meus pais tinham, o tipo de amor que poderia preencher o vazio dentro de mim. Foi por isso que comecei a procurá-la. Foi por isso que mudei de ideia sobre encontrar uma companheira.”
Gabbi sentiu um nó se formar em sua garganta, suas emoções girando dentro de si. Ela não sabia como responder. Ouvir a história de Azreal, entender a profundidade de sua dor e a jornada que o levou até ela, fez seu coração doer por ele. Mas também a deixou com medo — com medo de não conseguir dar a ele o que ele precisava, de falhar com ele.
Sem pensar, Gabbi inclinou-se e o beijou delicadamente na testa. “Obrigada por me contar,” ela sussurrou
Um pequeno sorriso se espalhou pelo rosto de Azreal, e ele sussurrou de volta, “Você deveria descansar. Temos um longo dia pela frente amanhã.”
Gabbi se aninhou ao lado dele, e embora estivesse de costas para ele como de costume, ela se aproximou, fechando o espaço entre eles. Pela primeira vez, ela não se sentia presa pela presença dele. Em vez disso, ela se sentia segura.