Unidos ao Príncipe Cruel - Capítulo 858
Capítulo 858: Lide Com Um Rei
Azreal piscou, momentaneamente desequilibrado. Ele esperava que Gabbi jogasse algo nele no segundo em que entrasse na sala — talvez um copo ou qualquer outra coisa que encontrasse — mas, em vez disso, sua voz calma e acolhedora o desarmou completamente. O calor que ela exalava, a facilidade com que o abordava, o pegou de surpresa de uma forma que ele não havia antecipado.
Ao mesmo tempo, seus olhos se estreitaram levemente com suspeita. O que ela estava tramando? Apenas dias atrás, ela estava ameaçando se matar se ele não a deixasse em paz.
Agora, lá estava ela, toda sorrisos, sua voz suave e convidativa. Era bom demais para ser verdade. Não, *tinha* que ser. Gabbi havia provado repetidamente ser imprevisível, e ele não estava prestes a baixar a guarda só porque ela estava sorrindo.
O sorriso de Gabbi se alargou apenas um pouco mais, seus olhos brilhando com algo que ele não conseguiu identificar. Seja lá o que fosse, provocava um profundo desconforto dentro dele. Embora seu pulso acelerasse ao mesmo tempo.
“Você deve estar cansado,” ela disse, levantando-se da cama com uma graça que enviou um calafrio por sua espinha. “Venha, descanse. Você teve um longo dia.”
Azreal quase bufou. Isso era completo e absoluto absurdo. Não havia como ela ter passado por uma mudança emocional tão drástica da noite para o dia. De jeito nenhum. Ele acreditava firmemente que ela estava tramando algo, e ainda assim… ele não podia mostrar a ela o quão desconfortável isso o deixava. Ele era o Rei dos Ravenkind, o Valravn. Um mero humano não deveria assustá-lo, não deveria ter o poder de abalá-lo tão profundamente.
Então, ele endireitou sua postura, deixando a confiança que ele havia cultivado ao longo dos anos tomar conta. Seu queixo se ergueu enquanto ele se movia em direção à cama com passos firmes, sua expressão não traindo o turbilhão interno. Ele não lhe daria a satisfação de saber que ela o afetou. Mas, apesar de seus esforços para manter o controle, o ar entre eles se espessava com uma tensão não dita que ele não havia preparado — algo perigoso, algo que puxava emoções que ele não compreendia totalmente.
Seu olhar piscou para a cama como se ela fosse uma armadilha. E se ela tivesse escondido algo debaixo das cobertas? Uma arma? Não que fosse suficiente para desarmá-lo, mas ainda assim, doeria. Era melhor permanecer cauteloso.
Gabbi notou seu comportamento estranho e arqueou uma sobrancelha, divertida. “Por que você está agindo de forma tão estranha?”
Azreal parou no meio do caminho, uma carranca puxando seus lábios. “Estranho? Você é quem está agindo de forma estranha. Por que está sendo tão… legal de repente?”
Gabbi revirou os olhos e bufou. “Ah, então eu não posso ser gentil agora? Pensar que você já está sendo tendencioso contra sua própria companheira.”
A palavra “companheira” atingiu Azreal como uma rajada de vento, pegando-o de surpresa. Seu peito apertou, um calor subindo para suas bochechas. Ela acabara de se reconhecer como sua companheira, e o fizera de maneira tão casual. Será que ela sequer percebia o que estava dizendo? Por um momento, ele se perguntou se ela sentia a ligação da mesma maneira que ele. Mas manteve seus pensamentos escondidos por trás de uma expressão estoica, não querendo deixar que ela visse o efeito que tinha sobre ele.
Em vez disso, ele se virou e começou a se despir. Ele estava determinado a não deixar que ela o afetasse.
“Esper—o que você está fazendo?” A voz de Gabbi era aguda, cheia de súbito alarme quando o viu tirar as calças.
Azreal olhou para ela com um sorriso enquanto se despia até ficar apenas de roupas íntimas. “O que você acha que estou fazendo? Me preparando para dormir.”
Os olhos de Gabbi se arregalaram em descrença, sua garganta se apertando ao vê-lo. Ela pensou que ele sairia com as calças, não sem elas. Tampouco estava preparada para a visão completa de suas fortes, musculosas coxas, e isso enviou uma onda de calor diretamente através dela. Seu companheiro era definido.
Sua garganta secou enquanto ela tentava engolir. Por um breve momento imprudente, Gabbi contemplou a ideia de se entregar ao homem pássaro. Com um corpo como aquele, ela pensou que não seria a pior coisa do mundo. Seria o céu, ela ponderou por um segundo perigoso.
Mas esse pensamento desapareceu rapidamente quando uma imagem mental dela mesma com um grande, arredondado estômago preencheu sua mente. Grávida do filho dele. A realidade da situação foi suficiente para ela voltar ao foco. Ela não poderia arriscar um momento fugaz de prazer por nove meses do que ela não conseguia nem compreender. Era loucura.
Azreal, percebendo suas bochechas avermelhadas, deu um sorriso maroto. “Você pode me incendiar com esses olhos, Gabbi. Sou realmente tão atraente?” ele a provocou.
O rosto de Gabbi ficou ainda mais vermelho, e ela se virou completamente, acenando para ele parar. “Não se iluda.”
Azreal, satisfeito com o efeito que causou nela, deitou-se na cama. A atmosfera mudou imediatamente para algo constrangedor, enquanto ambos tentavam encontrar uma posição confortável. Ele envolveu o braço frouxamente ao redor dela, embora ainda houvesse uma distância perceptível entre seus corpos. Gabbi deitou-se de costas para ele, rígida e tensa.
Ela se contorcia sob o braço dele, mexendo-se desconfortavelmente como se tentasse escapar da situação. Azreal, frustrado com o desconforto óbvio dela, finalmente falou. “Você quer que eu vá embora? Se estiver desconfortável, é só dizer. Eu não estou forçando você a estar aqui.”
Gabbi endureceu ao ouvir suas palavras, mas logo balançou a cabeça rapidamente. “Não, não é isso…”
Azreal suspirou, seu tom exasperado. “Então, o que é, Gabbi? Apenas diga.”
Ela abriu a boca, as palavras se formando em seus lábios, mas sua voz falhou. Ela estava com medo de perguntar, com medo de abrir essa conversa. Mas Azreal insistiu. “Diga.”
Gabbi soltou a pergunta que estava a atormentando há dias. “Por que você quer uma companheira?”
Azreal piscou, pego de surpresa pela brusquidão da pergunta. “O quê?”
“Você odiava a ideia de uma companheira,” Gabbi continuou, sua voz ganhando força. “Você escreveu no seu diário—você detestava. E então, de repente, você escreve, ‘Eu quero uma companheira.’ Por quê? O que mudou?”
A compreensão surgiu no rosto de Azreal, e seus olhos se arregalaram levemente. “Você mexeu no meu diário?”
O estômago de Gabbi despencou. Ela se preparou, esperando que ele reagisse negativamente por invadir sua privacidade. Mas, em vez disso, Azreal jogou a cabeça para trás e riu
Gabbi o fitou, perplexa. “Por que você está rindo?”
Azreal enxugou os olhos, ainda rindo. “Claro, só podia ser você para encontrar meu diário secreto. Eu devia ter sabido.”
A confusão de Gabbi se aprofundou. “Então… você vai me contar por quê? O que mudou?”
Azreal recostou-se nos travesseiros, seu sorriso maroto voltando. “Eu vou te contar… em troca de um acordo.”
Gabbi franziu a testa, sua cautela retornando. “Que tipo de acordo?”
“Você vai me acompanhar para ver o reino.”