Unidos ao Príncipe Cruel - Capítulo 855
Capítulo 855: Arranjo de Dormir
Gabbi escorregava dentro e fora da consciência durante a noite. Alguém deve ter entrado no quarto enquanto ela estava à deriva, pois sentiu uma mudança na cama quando o homem que a segurava foi separado dela.
Ela soltou um grito de protesto, seu corpo instintivamente buscando o calor reconfortante que ele proporcionava, mas ele permaneceu perto, sua pele roçando a dela. Ele não a abraçou completamente novamente, mas manteve contato suficiente para que ela estivesse ciente de sua presença. Era o suficiente para acalmar a energia frenética que ameaçava sobrecarregá-la.
“Ela precisa beber isso,” outra voz, que ela não reconheceu, falou suavemente de algum lugar no quarto.
Houve um murmúrio de concordância do homem ao seu lado, e antes que Gabbi pudesse resistir, sentiu um copo sendo pressionado contra seus lábios. Sua garganta seca convulsionou, e ela instintivamente abriu os lábios.
No momento em que o líquido tocou sua língua, porém, seus olhos se arregalaram de horror. O gosto amargo era insuportável, como engolir veneno puro. Lágrimas arderam em seus olhos enquanto ela lutava contra a vontade de engasgar.
O que eles estavam tentando fazer com ela? Matá-la?
Ela tentou empurrar o copo, mas o homem a segurou firme, incentivando-a a beber.
“É para o seu próprio bem,” ele disse suavemente, seu tom tranquilizador apesar do gosto horrível da mistura.
Gabbi tossiu e engasgou, mas o homem foi implacável, pressionando a bebida por sua garganta até que ela não teve escolha a não ser beber até a última gota.
Quando finalmente acabou, ele a envolveu com os braços, puxando-a para perto como se tentasse acalmar uma criança após um ataque de raiva. O gesto foi surpreendentemente eficaz. Ela se derreteu nele, sua presença a confortando de uma maneira que ela não queria admitir.
“Você deveria ficar perto dela,” a outra voz — provavelmente a curandeira — aconselhou. “Com o laço entre vocês dois, ela se recuperará mais rápido com sua presença.”
Gabbi, através da neblina da febre e exaustão, concordou com aquela maligna curandeira. O que quer que eles tenham forçado ela a beber talvez fosse veneno, mas o calor do homem era tudo o que importava agora.
O homem deslizou de volta para a cama ao lado dela, e sem hesitação, Gabbi se envolveu nele, pressionando seu corpo contra o dele com avidez.
O calor dele infiltrava-se nela, aliviando a dor em seus ossos. Em seu delírio, ela sentiu uma estranha possessividade sobre ele. Ele era dela. Ele pertencia a ela.
Com esse pensamento irracional firmemente plantado em sua mente afetada pela febre, Gabbi voltou a adormecer, contente e confortada por sua presença.
—
Gabbi acordou algum tempo depois, sentindo-se quente demais. Ela gemeu, tentando mover seu corpo, mas algo pesado a estava prendendo. Sua cabeça latejava, seu corpo encharcado de suor. O que é isso?
Seus olhos piscaram abertos, e ela se encontrou encarando diretamente uma extensão de um peito firme e nu.
Criador de abdômen…?
Ela congelou, sua mão já a caminho das duras saliências do estômago do homem antes que a puxasse de volta.
Abdômen. Firmes, gloriosos abdômens. Seu cérebro embaçado maravilhou-se com a visão disso. Então seu olhar subiu, absorvendo a visão de um amplo torso, ombros fortes e, finalmente, um rosto.
Azreal.
Que diabos?
Seus sentidos retornaram com um choque.
Com um grito abafado, Gabbi se afastou do corpo ao lado dela, seu coração disparando.
O movimento repentino acordou Azreal, que se espreguiçou preguiçosamente e sentou-se, seu cabelo desgrenhado caindo nos olhos. Ele olhou para ela com uma carranca sonolenta.
“O que foi isso, em nome do corvo?” ele murmurou, esfregando a nuca. Seus músculos se flexionaram com o movimento, atraindo o olhar involuntário de Gabbi.
Sua garganta secou, e o calor percorreu seu corpo, concentrando-se na parte inferior do ventre. Por que ele tinha que parecer assim?
Seu cabelo estava bagunçado pelo sono, seu peito nu praticamente brilhando de onde quer que a luz estivesse vindo, significando que era manhã. E seus olhos sonolentos e semicerrados apenas aumentavam a atração avassaladora que ela sentia.
Ela imaginou passar as mãos por seu cabelo escuro, sentindo sua maciez, e depois arranhar suas unhas pelo peito dele, talvez até— Não. Pare com isso.
Gabbi pressionou as coxas, tentando suprimir o desejo repentino, mas era tarde demais. Os olhos aguçados de Azreal perceberam o movimento, e suas narinas se dilataram enquanto ele inspirava profundamente.
Seu olhar escureceu, fixando-se no dela com uma intensidade que fez seu coração disparar no peito.
“Você está molhada, por mim, humana.” ele disse, sua voz baixa e sedutora.
O rosto de Gabbi corou com uma mistura de mortificação e raiva. Quem diz isso em voz alta? Seu corpo havia traído ela, e saber que ele estava totalmente ciente disso fez seu sangue ferver. Ela endireitou sua postura, sua vergonha rapidamente se transformando em indignação.
“O que você está fazendo aqui?” ela exigiu, sua voz trêmula, mas firme. “Eu não te pedi para entrar.”
Azreal piscou para ela, impassível com sua explosão. “Da última vez que verifiquei, este era o meu quarto. Bem,” ele acrescentou com um sorriso, “nosso quarto agora.”
“Não existe ‘nosso’ nesta equação!” Gabbi retrucou. “Eu já estaria longe se ao menos você me deixasse partir.”
A expressão de Azreal endureceu, seu comportamento brincalhão desaparecendo instantaneamente. “Não há deixar você ir, Gabbi. Este é o seu destino. Já é hora de você aceitar isso.”
Suas palavras a acenderam como um fósforo. Antes que se desse conta do que estava fazendo, Gabbi estava diante dele, cutucando seu peito com o dedo. “Você não pode me manter refém aqui, você—rei do povo-pássaro ou como quer que se chame!”
“É Azreal,” ele corrigiu calmamente, olhando para ela com diversão dançando em seus olhos. “Me chame de Azreal.”
“Bem, Azreal, você pode me chamar de Gabbi, não de ‘humana’. Isso é meio insultante.”
Os lábios de Azreal se contraíram como se estivesse suprimindo uma risada. “Gabbi,” ele disse suavemente, e a maneira como ele disse seu nome fez seu coração tropeçar no peito.
Ela prendeu a respiração e amaldiçoou-se pelas borboletas que voaram em seu estômago ao ouvir seu nome em seus lábios. Ela culpou a febre, a súbita situação. Mas, no fundo, ela sabia a verdade. Sentia-se atraída por ele—perigosamente atraída.
“Agora,” ele disse com um brilho travesso nos olhos, “estamos nos chamando pelo primeiro nome. Isso é um grande passo à frente no nosso relacionamento, não acha?”
“O quê?” Gabbi ficou perplexa. Um momento, estavam brigando, e agora estavam se chamando pelo primeiro nome? Ela sentiu o chão mudar sob seus pés, a dinâmica entre eles mudando mais rápido do que ela podia processar.
Azreal não lhe deu tempo para responder. “A propósito, você é bem-vinda por cuidar de você durante sua doença na noite passada.”
Gabbi abriu a boca para protestar, mas ele a interrompeu, sorrindo. “Não se preocupe com o frio. Vou compartilhar sua cama a partir de agora. Minha temperatura corporal é mais do que suficiente para mantê-la aquecida.”
“O quê?” Gabbi se assustou, horrorizada. “Não, eu não concordo—!”
Mas Azreal já havia se levantado e saído do quarto, deixando-a sem palavras. Ele havia feito seu decreto, e como rei, esperava que fosse seguido.