Unidos ao Príncipe Cruel - Capítulo 848
Capítulo 848: Observar Você Sofrer
“Não, não, não, Ramirez…” A voz da Rainha Maeve rasgou o silêncio, um grito cru e visceral que ecoou pelos aposentos.
Não era apenas um som; era uma agonia dada voz, um uivo de desespero capaz de provocar arrepios em qualquer um que o ouvisse. A indomável Rainha do Verão, a inabalável Maeve, agora estava reduzida a um monte soluçante no chão.
Desaparecida estava a rainha que governava com gelo nas veias e fogo nas mãos. Em seu lugar estava uma mulher quebrada, despedaçada pela cruel finalidade da morte. Ela não se importava mais com o decoro, com o orgulho régio que carregava por séculos.
Ela rastejou até Ramirez, puxando-o para seus braços, sentindo o calor se esvaindo de seu corpo. Sua cabeça pendia para trás, seus olhos outrora brilhantes agora vidrados e desfocados, olhando para nada.
Maeve havia construído muros em torno de seu coração, frios e impenetráveis, para se proteger da fraqueza. Para ela, o amor era vulnerabilidade, e a vulnerabilidade era um defeito fatal.
Exceto quando se tratava de Oberon. Oberon, seu marido, havia sido sua exceção, mas mesmo com ele, Maeve mantivera partes de si trancadas. Ramirez nunca fora seu Oberon, mas ele tinha estado lá por ela de maneiras que ninguém mais esteve.
Ele havia satisfeito suas vontades, feito companhia quando seu leito parecia frio demais, e por isso, ele era a coisa mais próxima de consolo que ela havia permitido a si mesma. Agora, a única pessoa que a havia visto sem sua máscara, que havia entendido as partes de si que ninguém mais se importava em conhecer, havia partido.
“Não… isso não é possível…” Maeve sussurrou, segurando-o mais apertado, como se de alguma forma mantê-lo próximo pudesse reverter o fluxo do tempo, desfazer o horror que havia se desdobrado diante de seus olhos.
Seu corpo ainda estava quente, mas seu peito estava arruinado, um buraco aberto onde seu coração esteve. Ela o sacudiu, desesperada, como se sacudi-lo pudesse trazê-lo de volta da beira da eternidade.
Aldric ficou sobre ambos, impassível. Sua expressão era fria, indiferente, como se a morte de Ramirez não significasse nada. O coração em sua mão gotejava sangue fresco, e o olhar de Maeve se fixou nele com desespero e esperança.
Se ela pudesse pegar o coração, talvez, apenas talvez, ainda houvesse uma chance de Nirvana do Quern ou o físico real realizar uma pequena cura e salvá-lo. Talvez houvesse uma chance de Ramirez ser revivido.
“Aldric, por favor…” Sua voz quebrou, implorando. Pela primeira vez em sua longa vida, Maeve implorou.
Aldric olhou para ela, seus lábios se curvando em um sorriso perverso enquanto percebeu o que ela estava pensando. Ele deixou o coração cair no chão, o som dele batendo no chão de pedra como um sino de morte.
Por um breve momento, Maeve pensou que ainda tinha uma chance, mas isso foi até que a bota de Aldric desceu sobre ele com um esguicho doentio. A esperança frágil que ela se apegava foi esmagada sob seu calcanhar, assim como o coração que outrora deu vida a Ramirez.
“Não!” O grito que rasgou a garganta de Maeve foi mais que apenas tristeza. Era angústia, era fúria, era o som de uma alma se quebrando.
Ela segurou o corpo sem vida de Ramirez mais apertado, seus dedos tremendo enquanto percebia que qualquer chance que ele pudesse ter tido agora estava perdida. Para sempre.
“Ramirez…” Maeve sussurrou, sua voz oca, suas lágrimas caindo livremente enquanto o embalava suavemente.
Ela havia perdido pessoas antes, mas isto—isto parecia diferente. Isso parecia como se uma parte dela houvesse morrido junto com ele. Como as coisas puderam dar tão errado? Um momento, eles estavam tendo o tempo de suas vidas, e sua vida espiralou para este pesadelo.
Quando Maeve finalmente ergueu seu olhar para Aldric, seus olhos não estavam mais cheios de tristeza. Eles estavam cheios de assassinato. A fúria percorreu suas veias, queimando mais quente que qualquer fogo que ela pudesse invocar. Aldric pagaria por isso. Ele tinha que.
Sem uma palavra, ela se levantou, seu corpo tremendo de raiva. Ela havia sido pega de surpresa antes, mas agora estava preparada. A Rainha do Verão estava cansada de ser vítima. Aldric pagaria por isso. Ele tinha que.
Impulsionada pela dor da morte de Ramirez, ela atacou Aldric com tudo que tinha. Aldric pode ser poderoso, mas Maeve era a Rainha do Verão, e ela mostraria a ele exatamente o que esse título significava. Maeve era implacável, seus movimentos rápidos e mortais enquanto empurrava Aldric para trás, sua batalha incendiando o próprio ar entre eles
Mas Aldric era mais forte. Ele enfrentou golpe por golpe, magia por magia. Suas sombras giravam ao seu redor, bloqueando suas chamas, absorvendo seu poder. Suas garras estavam prontas, afiadas e mortais, e com um movimento rápido, ele conseguiu riscar o rosto de Maeve, fazendo sangue escorrer.
Maeve cambaleou para trás, sua mão voando para sua bochecha. O sangue escorria entre seus dedos, e a dor apenas alimentava sua fúria. Ela avançou contra ele com um grito, mas Aldric foi mais rápido. Suas sombras a atingiram com a força de um golpe físico que tirou o ar de seus pulmões e a fez cair no chão.
Maeve arquejou por ar, seu corpo tremendo enquanto tentava se levantar. Aldric ficou sobre ela, sua expressão sombria e impiedosa. Suas sombras se enrolavam ao seu redor como uma entidade viva, pronta para dar o golpe final.
“Você vai sofrer,” Aldric disse friamente, sua voz desprovida de qualquer calor. “Assim como minha mãe sofreu.”
Assim que Aldric convocou suas sombras para o golpe final, uma voz chamou da porta.
“Aldric!”
Ele congelou, sua cabeça se virando em direção ao som. Na entrada estava Islinda, seu rosto pálido, sua expressão preenchida de medo. “Aldric, não, não —”
Maeve viu sua chance. Enquanto Aldric estava distraído, ela reuniu suas últimas forças e lançou uma última rajada de chamas contra ele.
O fogo o atingiu diretamente no peito, e pela primeira vez, Aldric soltou um rugido de dor. Suas sombras vacilaram por um momento, e nessa breve abertura, Maeve atacou novamente, despejando todo seu poder restante no ataque.
“Aldric!” Islinda gritou.