Unidos ao Príncipe Cruel - Capítulo 833
Capítulo 833: Fale com Azula
O grito de Islinda rasgou o silêncio da câmara, bruto e gutural, como se pudesse perfurar as paredes da própria realidade. Sua voz se tornou áspera e tensa enquanto o pesadelo se desenrolava diante de seus olhos incrédulos. Ela olhou para baixo, horrorizada, enquanto sua barriga inchada começava a ondular violentamente. O pânico a dominou, e ela tentou arranhar os lençóis, mas a dor a imobilizou.
Então aconteceu. Um som grotesco de rasgo encheu o quarto, e Islinda assistiu horrorizada enquanto seu estômago se abria, a criança forçando sua saída. Suas entranhas pareciam se desenrolar, e a agonia era além de qualquer coisa que ela já havia imaginado. Sangue e fluidos jorraram enquanto a criatura — uma coisa vermelha e escorregadia — escorregava de seu corpo rasgado e caía para o lado, emitindo um grito agudo e de cortar os ouvidos. A pele do bebê brilhava úmida, ainda conectada a Islinda pelo cordão umbilical.
Os gritos de Islinda ecoavam no quarto, as paredes amplificando seu terror. Seus olhos arregalados fixaram-se na cavidade aberta de sua barriga, descrença e dor gravadas em seu rosto. O pesadelo parecia interminável, e sua mente se espiralava em um redemoinho de medo e agonia.
A porta se abriu bruscamente, e pessoas entraram correndo. Ela mal podia reconhecê-las através da neblina de seu terror, mas avistou o rosto de Aldric entre elas, seguido de perto por Ailee, Ginger e várias outras figuras desconhecidas que sem dúvida foram atraídas por seus gritos.
O quarto ficou mortalmente silencioso enquanto o grupo absorvia a cena horrenda. Sangue espalhado por toda parte, o bebê estava se contorcendo nos lençóis, ainda conectado a Islinda. A visão era chocante — um recém-nascido que havia se arranhado para entrar no mundo através do corpo de sua mãe.
“O que na Fae…” Ailee ofegou, seus olhos arregalados enquanto encarava a cena horrível.
Mas Aldric avançou com passos determinados, seu rosto indecifrável mas suas ações decisivas. Ele se aproximou da cama e pegou o bebê chorando. A sala se encheu de suspiros chocados enquanto ele levantava a criança, revelando uma pequena cauda protrudindo de suas costas.
“Abominação!” uma voz gritou do fundo.
“Esta união está amaldiçoada!” outro gritou, e logo, o clamor se espalhou pela sala como fogo.
“A ira dos deuses está sobre nós!”
“Esta criança trará ruína! Deve ser destruída!”
Os gritos e acusações cresceram, misturando-se em uma cacofonia de medo e ódio. Islinda tremia, seu corpo entrando em choque. Ela sentiu sua sanidade escorregar enquanto a histeria a dominava. Os rostos ao seu redor se embaçaram, mas o de Aldric permanecia claro enquanto ele se virava para ela, a estranha criança em seus braços.
Seus olhos encontram os do bebê, e uma onda fria de pavor a varreu. Os olhos do bebê abriram-se lentamente, revelando pupilas fendidas como as de um réptil. A criança olhou diretamente para ela, seus lábios se curvando em um sorriso perturbador.
“Azula,” Islinda sussurrou, sua voz se quebrando. Ela sabia, nas profundezas de seus ossos, o que esta criança representava.
E então ela gritou novamente, sua voz cortando o ar.
“Islinda! Islinda, acorde!”
Uma voz interrompeu o terror. Islinda acordou sobressaltada, seus olhos se abrindo para encontrar Aldric inclinado sobre ela, seu rosto marcado pela preocupação.
Ela estava encharcada de suor, seu coração batendo como um tambor em seu peito. Levou um momento para processar onde estava. Ela olhou para baixo para seu estômago, ainda plano e intocado. O alívio a inundou, e ela percebeu que tudo havia sido um pesadelo.
“O que está acontecendo?” Aldric perguntou, segurando delicadamente seu rosto entre as mãos. “Você teve um sonho ruim?”
Islinda assentiu, sua garganta ainda presa pela emoção. O sonho parecia tão real que ela ainda sentia a dor fantasma, o rasgar da carne, e o terror agarrando sua mente.
“É apenas um pesadelo,” Aldric disse suavemente, tentando acalmá-la. “Não se preocupe com isso. Lembre-se do que o médico disse, você precisa evitar estresse agora.”
“O quê?” Islinda sussurrou, sua voz mal passava de um murmúrio. Então, a realidade a atingiu novamente como uma onda gigante. Ela estava realmente grávida, e a criança em seu ventre era real.
“Não!” Islinda gritou, empurrando Aldric para fora da cama em um surto frenético de energia.
Ela se levantou cambaleante, seus movimentos erráticos como se estivesse tentando escapar de um predador. Aldric rapidamente se recuperou, segurando-a antes que pudesse sair correndo do quarto. Ele a segurou firmemente, sua força era uma gaiola da qual ela desesperadamente tentava se libertar.
“Islinda, o que está acontecendo com você?” Aldric perguntou, sua voz cheia de frustração e preocupação. Seu aperto nela se intensificou enquanto ele tentava impedi-la de se machucar.
Lágrimas escorriam por seu rosto enquanto ela o olhava, seus olhos selvagens de medo. “Precisamos chamar o médico. Precisamos… precisamos nos livrar deste bebê.”
No momento em que essas palavras saíram de seus lábios, o rosto de Aldric escureceu. Seus olhos, geralmente calorosos ao olhá-la, tornaram-se frios e tempestuosos.
“O que você acabou de dizer?” ele rosnou, sua voz baixa e perigosa.
“Não podemos ter este bebê!” Islinda chorou, sua voz elevando-se a um tom histérico. “Azula… Azula vai possuir a criança. Eu não posso—não vou deixar isso acontecer. Temos que acabar com isso agora!”
O aperto de Aldric se intensificou, mas ele se recusou a deixá-la ir. Islinda tentou se afastar novamente, sua mente se desfazendo, o pânico guiando cada um de seus movimentos. Ela estava à beira de perder a sanidade, seu medo e desespero se mesclando em uma tempestade caótica dentro dela.
“Islinda, pare,” Aldric disse, sua voz comandando, mas misturada com um toque de desespero. Ela continuou a se debater contra ele, gritando e soluçando até que ele não teve escolha.
Ele a puxou para perto, prendendo-a em seus braços. “Olhe para mim, Islinda. Olhe para mim.”
Seus olhos cheios de lágrimas finalmente encontraram os dele. O poder em sua voz cortou a neblina de seu pânico. Então, seu olhar se tornou intenso, e ele pronunciou uma única palavra, seu poder fluindo para ela. “Durma.”
Os olhos de Islinda se fecharam instantaneamente, seu corpo ficando mole em seus braços. Aldric a segurou, sua expressão suavizando enquanto a deitava gentilmente de volta na cama.
Ele a aconchegou cuidadosamente, sua mão permanecendo em sua bochecha enquanto afastava o cabelo de seu rosto. Por um longo momento, ele simplesmente a observou dormir, sua mente pesada de preocupação.
Embora suas palavras parecessem os desvarios de uma mulher enlouquecida pelo medo, Aldric sabia melhor do que descartá-las. Ele confiava nos instintos de sua companheira. Islinda acreditava que Azula representava uma ameaça real, e ele podia sentir nos ossos que havia alguma verdade nisso.
Ele precisava de respostas.
Precisava falar com Azula.