Unidos ao Príncipe Cruel - Capítulo 823
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Capítulo 823: Caminhar Por Um Caminho Perigoso
O silêncio se instalou como um pesado cobertor, sufocando quaisquer sussurros que ousassem surgir. Finalmente, após o que pareceu uma eternidade, o Rei Oberon quebrou a quietude.
“General,” ele chamou, sua voz ecoando pela câmara.
“Sim, Sua Majestade,” ele respondeu, tentando manter uma aparência de calma.
O olhar do rei cravou-se nele, inflexível. “Você tem uma companheira?” Oberon perguntou, seu tom aparentemente casual.
A questão pegou o general de surpresa. Pela primeira vez, ele estava genuinamente perplexo, e ele gaguejou ao responder, “Claro, Sua Majestade. Eu tenho uma esposa adorável—”
“Quero dizer,” o Rei Oberon o interrompeu bruscamente, sua voz como um chicote, “uma alma gêmea. Não uma esposa comum com quem alguém possa se casar. Você tem um laço de parceiros?”
A ênfase e o tom da pergunta tinham a intenção de humilhar, e atingiram seu objetivo. O maxilar do general se apertou, suas bochechas coraram de vergonha. Embora não fosse desonroso ter um cônjuge comum, ter uma verdadeira alma gêmea—um laço abençoado pelos deuses—era uma honra rara. E aqui ele estava, diante do rei, propondo romper o laço sagrado de outra pessoa.
O Rei Oberon continuou, suas palavras eram afiadas e cheias de uma raiva fria e cortante. “Você sabe como é ter duas almas unidas como uma só? Você conhece a alegria de poder sentir o batimento cardíaco de outra pessoa em seu peito? De ser feliz quando ela está feliz, de sentir tristeza quando ela está triste, e de suportar sua dor como se fosse sua? Você possui tal privilégio?”
O general engoliu em seco, o peso das palavras do rei pressionando sobre ele. “Não, Sua Majestade,” ele respondeu, sua voz tensa.
Os lábios do rei se curvaram em um sorriso amargo. “Bem, deixe-me responder por você. Eu tive.”
A declaração foi como um trovão no salão. Embora alguns tivessem sussurrado suspeitas de que Oberon e sua falecida rainha, Nora, eram almas gêmeas, foi a primeira vez que o rei confirmou isso publicamente. A revelação enviou ondas de choque pela sala, causando suspiros e olhares arregalados.
A voz do Rei Oberon ficou mais afiada, seus olhos ferozes enquanto continuava, “Você pretende quebrar um laço que não teve mão em formar. Um laço cujas complexidades você não entende. Uma grande ofensa contra os deuses! Que calamidade você pretende trazer sobre nós desta vez?”
“Mas, Sua Majestade, você—” o general tentou intervir, sua voz ligeiramente trêmula.
“Chega!” A voz do rei reverberou sobre a dele, reprimindo-o com uma força palpável. “Mesmo com o laço rompido, você acredita que isso será o fim? Sempre haverá um vazio dentro de Aldric—uma dor constante. Ele sempre saberia que algo estava faltando e procuraria até os confins da terra apenas para encontrar Islinda. Além disso, você espera que Aldric desista de seu laço voluntariamente? Você está falando sério?”
A expressão do general estava tensa, seus dentes cerrando enquanto tentava novamente. “Sua Majestade—”
“Eu disse chega!” O Rei Oberon rugiu, seus olhos brilhando.
O poder emanou dele, e carámbanos começaram a se formar, rastejando do estrado onde ele estava sentado na direção dos ministros, forçando-os a recuar alarmados. O gelo se espalhou com um assobio ameaçador, afiadas lâminas brotando como espinhos mortais e parando a poucos centímetros de perfurar o general, a borda afiada descansando precariamente sob seu queixo.
Por um momento, todos prenderam a respiração, com medo de até mesmo se mover. O general ficou congelado, sabendo que um movimento em falso significaria seu fim. Os carámbanos ficaram lá por um tempo que pareceu uma eternidade, depois se despedaçaram à vontade do rei, espalhando-se inofensivamente no chão. Um suspiro coletivo de alívio varreu o salão, embora a tensão ainda pairasse.
Como se a situação não pudesse ficar mais intensa, o Rei Oberon se levantou de seu trono, descendo os degraus com propósito. Ele caminhou até o centro da sala, seus olhos examinando cada membro do conselho. A maioria dos ministros e altos senhores desviou o olhar, relutante em enfrentar seu olhar. Sabiam que era melhor não provocá-lo agora; se o rei estava tão perto de matar seu reverenciado general de guerra, quem entre eles poderia se considerar seguro?
Quando o Rei Oberon finalmente falou, sua voz era um baixo rosnado de autoridade. “Já que nenhum de vocês é capaz de me oferecer uma solução viável para este problema, procederemos à minha maneira. E aqui está como vamos fazer isso.”
O salão inteiro prendeu a respiração, todos os ouvidos se esforçando para ouvir o que o rei decretaria. A tensão era insuportável.
“Príncipe Aldric e Islinda estão isentos de qualquer julgamento ou punição,” declarou o rei.
Parecia que uma bomba havia explodido. As palavras foram recebidas com uma explosão de protestos e murmúrios indignados dos ministros. O ar estava cheio de gritos de dissidência.
“Silêncio!” A voz de Rei Oberon trovejou sobre o clamor. Sua expressão estava endurecida, sua postura era de comando absoluto. “Eu sou o seu rei! Eu sou o seu governante! Eu sou aquele que forjou Astária a partir do caos, e sem mim vocês não seriam nada! Eu detenho autoridade sobre todos vocês, e vocês vão me ouvir agora, a menos que desejem a morte.”
A ferocidade em seu olhar era um aviso claro, e ninguém se atreveu a pronunciar outra palavra. O medo de sua ira mantinha seus lábios selados.
“Séculos após séculos,” Oberon continuou, sua voz áspera cheia de emoção, “temos lutado as mesmas batalhas, repetidamente. O mesmo ciclo se repete e, como uma piada cósmica, os inimigos que esmagamos sempre parecem encontrar uma forma de reviver. Mas isso termina agora, não quando os deuses nos mostraram um caminho que temos negligenciado cegamente.”
Embora ainda houvesse raiva no salão, todos os olhos estavam no rei, cativados por suas palavras. A tensão lentamente mudou para uma curiosidade cautelosa.
As próximas palavras de Oberon golpearam como um raio. “Meu filho, Aldric, será feito Rei dos Fae das Trevas.”
Suspiros preencheram a sala. Loucura! O pensamento passou pelas mentes de todos os presentes. Mas Oberon não se deixou abalar pelos olhares atônitos.
Ele continuou, “Não podemos destruir Aldric, nem ele pode nos destruir. Mas se dermos a ele o que deseja—um reino próprio—talvez sua guerra contra nós cesse, e ganhemos um valioso aliado. Ele governaria os Fae das Trevas e garantiria que não saiam do controle. Quando chegar a hora, e Valerie finalmente ganhar poder, eles seriam aliados. Pela primeira vez, não perderíamos mais de nosso povo em guerras sem sentido com os Fae das Trevas ou o que resta deles. Agora, o que vocês dizem sobre isso?”
Um silêncio pesado seguiu suas palavras, até que finalmente, o general levantou a mão, sua expressão severa. “E se ele nos trair no futuro? Fadas das Trevas não podem ser confiadas.”
O olhar de Rei Oberon se aguçou, mas sua voz manteve uma convicção resoluta. “Ele não vai. Ele juraria sobre sua vida.”
Os olhos do rei percorreram a sala, esperando uma resposta. Após um silêncio prolongado, o general respondeu.
“Quem sou eu,” o general começou, “para me opor à decisão que você tomou, Sua Majestade? Se Príncipe Aldric jurar sobre sua vida manter seu povo em ordem e nunca prejudicar os Fae da Luz, então eu, junto com o resto do conselho, concordaremos com seu plano.”
Suas palavras ecoaram pelo salão, e por um momento, houve silêncio. Então, como uma ondulação em um lago, murmúrios começaram a se espalhar entre os ministros. A decisão não era algo que agradasse a muitos deles, e a incerteza era palpável. Rostos se voltaram uns para os outros, alguns assentindo em concordância relutante, outros ainda cheios de dúvida. No entanto, a concessão do general tinha peso, e estava claro que seu apoio havia mudado as marés a favor do plano do rei.
O rei os observou cuidadosamente, seus olhos aguçados captando os movimentos e trocas sutis. Nem todos concordaram, isso estava claro, mas a voz do general tinha uma influência significativa. Se ele estava disposto a apoiar essa decisão, então outros provavelmente seguiriam a linha, mesmo que de forma relutante.
Sentindo a necessidade de solidificar esse consenso frágil, o general continuou. “No entanto, se esse for o caso, então eu proponho que a coroação do Príncipe Valerie seja adiantada. Marcaria uma ocasião memorável em nossa história se ambos os irmãos assumissem a responsabilidade ao mesmo tempo. Uma frente unida, com Valerie reinando sobre os Fae da Luz e Aldric sobre os Fae das Trevas, pode ser a estabilidade que nosso reino precisa.”
Um murmúrio varreu o salão mais uma vez, mas desta vez era diferente. A ideia tinha mérito, e mesmo aqueles que hesitavam antes agora pareciam considerar a sabedoria nas palavras do general.
Adiantar a coroação de Valerie garantiria que ele mantivesse o poder e a influência necessários para controlar o novo papel de Aldric. Foi um compromisso, um que deu a ambos os lados algo para se agarrar nesses tempos incertos.
Mas foi um compromisso que Rei Oberon estava disposto a aceitar, pelo bem da paz, e talvez, por um breve descanso das pressões implacáveis da realeza.
Com um aceno, o rei falou, sua voz carregando a autoridade de um decreto final. “Certo,” ele disse, a palavra pairando no ar como um martelo descendo. “A coroação de Valerie será adiantada. É hora de uma nova era em Astária. E talvez, eu finalmente consiga uma pausa.”
Após mais alguns argumentos e compromissos, o conselho se dispersou. Rei Oberon permaneceu sentado em seu trono, seu olhar distante, como se estivesse olhando para o futuro incerto que aguardava.
Pela primeira vez em muito tempo, Oberon permitiu-se sentir o cansaço que havia se acumulado ao longo dos séculos. Ele sempre foi o pilar de força para seu reino, a força implacável que mantinha Astária unida.
Mas mesmo pilares podem erodir com o tempo, e agora, com seus filhos assumindo seus papéis, ele se perguntava se essa era a decisão certa.
Oberon sabia que nenhum caminho à frente estava sem riscos, mas talvez, apenas talvez, esse equilíbrio precário entre seus dois filhos pudesse levar a algo maior—um futuro onde Luz e Trevas não estivessem em guerra constante, mas lado a lado em uma aliança instável.
“Que os deuses nos guiem,” ele murmurou suavemente para si mesmo, seus olhos se fechando brevemente enquanto oferecia uma oração silenciosa pelo destino de seu povo. “Pois caminhamos por um caminho traiçoeiro.”