Unidos ao Príncipe Cruel - Capítulo 777
Capítulo 777: Birdman
Os olhos de Gabbi se abriram, sua visão ainda turva enquanto tentava entender seu entorno. Ela piscou algumas vezes, a névoa do sono lentamente se dissipando, e esticou seus membros com um longo bocejo. Parecia que ela havia dormido por horas, e a cama sob ela era tão incrivelmente macia que poderia tê-la levado de volta ao sono. Mas algo estava errado. Onde no mundo ela estava?
Gabbi escorregou da cama, seus pés descalços afundando no tapete grosso e macio enquanto começava a observar o quarto. O quarto ao seu redor era um contraste marcante com o conforto da cama. As paredes eram de pedra, frias e implacáveis, sua textura áspera em desacordo com a decoração minimalista, porém luxuosa. O quarto estava escassamente mobiliado, como se o dono houvesse deliberadamente optado por mantê-lo assim, escolhendo uma atmosfera quase austera. Gabbi não pôde deixar de se perguntar se a falta de cor era intencional, ou se o dono simplesmente não se importava – ou não tinha dinheiro para tinta.
No entanto, uma leve sensação de inquietação se instalou em seu estômago.
Ela esfregou a cabeça, tentando acalmar a dor latejante que começara a pulsar atrás de seus olhos, fragmentos de memória começaram a emergir. Ela fez uma careta, a dor intensificando-se enquanto tentava entender como havia acabado ali. A última coisa que lembrava era— ah não.
De repente, o sangue sumiu do rosto de Gabbi, seu coração batendo forte no peito enquanto as memórias voltavam rapidamente. Ela se lembrava de voltar para Astária, feliz por estar mais uma vez reunida com sua amiga humana, Islanda. Após uma longa jornada, ela chegou ao palácio do príncipe Fae das Trevas e pretendia demonstrar seu respeito a ele, apenas para algum homem—não, um lunático—vir correndo em sua direção com olhos selvagens. A próxima coisa que ela sabia era que seus pés estavam fora do chão, e ela estava voando pelo ar, seus braços poderosos enrolados ao redor dela.
“Ah não,” Gabbi sussurrou, seu rosto empalidecendo ainda mais enquanto as memórias se desenrolavam em sua mente. Ela havia gritado por ajuda, sua voz cortando o ar, mas o Príncipe Fae das Trevas apenas os observou voar.
Ele não ofereceu ajuda. Ele a deixou ser levada, permitiu que fosse arrebatada por aquele ser monstruoso, como se ela não fosse mais que um pensamento secundário.
Deixada por sua conta, Gabbi gritou o mais alto que pôde, lutando ferozmente contra seu captor, apesar da altura perigosa a que estavam voando. Ela preferiria cair para sua morte do que ser levada por este homem—esta fera—o que quer que fosse. Ela mordeu com força a mão que a segurava, sentindo o gosto do sangue quando seus dentes afundaram em sua carne. Ela pensou, por um breve e aterrorizante momento, que teria sucesso em se libertar.
Mas então, tão rapidamente quanto começou, o chão desapareceu sob ela, e Gabbi se viu despencando pelo ar. Seu coração parou, sua respiração prendeu na garganta enquanto ela caía, o vento rugindo em seus ouvidos. Ela ia morrer—ela estava certa disso. Mas, no último segundo possível, ele a agarrou pela perna, puxando-a de volta quando se chocou contra uma árvore. A dor explodiu em sua cabeça quando bateu no tronco, e o mundo escureceu.
Agora, no presente, o pânico começou a se instalar, sua respiração vindo em rápidos e curtos suspiros. Ela podia sentir a opressão no peito, o medo rasgando seu interior enquanto percebia onde estava. O homem pássaro a havia levado para algum lugar desconhecido, e agora que ele a tinha, o que ele planejava fazer com ela? Um pensamento terrível passou por sua mente, e Gabbi sentiu seu estômago revirar. E se ele planejasse comê-la? E se, sendo meio-pássaro, ele consumisse carne humana? Foi por isso que ele ignorou os outros e a levou sozinha?
“Não, isso não pode acontecer,” Gabbi murmurou, balançando a cabeça como se pudesse desalojar o pensamento de sua mente. Ela não queria morrer, especialmente não como uma refeição para alguma criatura-pássaro. Mas que esperança ela tinha? O Príncipe Fae das Trevas não iria salvá-la—ele só se importava com Islanda. A menos, claro, que Islanda exigisse que ele a resgatasse. Mas quanto tempo isso levaria? Quanto tempo até que ela percebesse que Gabbi estava desaparecida? Até então, ela provavelmente já estaria morta, seus ossos limpos.
Mas, acima de tudo, como ela iria sair dali? A mente de Gabbi correu enquanto lutava para aceitar sua situação, o medo apertando seu peito. Agora que o homem pássaro estava fora, esta era a oportunidade de escapar.
Sem pensar duas vezes, Gabbi saiu correndo do quarto, seus pés batendo contra o chão de pedra fria enquanto corria pelos corredores escuros. Ela não se deu um momento para olhar ao redor, se orientar; não havia tempo para isso. Tudo em que conseguia pensar era em sair, encontrar um jeito—qualquer jeito—de escapar daquele lugar. As passagens se retorciam e viravam, as paredes de pedra parecendo se fechar sobre ela, mas ela continuou correndo, sua respiração vindo em suspiros irregulares.
O lugar era como uma maldita caverna com apenas as tochas tremeluzentes nas paredes para guiá-la. O coração de Gabbi martelava em seu peito, o medo corroendo-a a cada passo. E se ela não conseguisse encontrar a saída?
Finalmente, ela viu—uma luz à distância, um pequeno e brilhante farol de esperança. Seu coração saltou de alegria, alívio inundando-a enquanto se empurrava mais forte, mais rápido. Ela ia conseguir. Ela ia sair dali.
Mas em sua desespero, ela não viu a borda. Ela não percebeu o chão desaparecer à sua frente até que era tarde demais. O pé de Gabbi encontrou apenas ar, e ela soltou um grito enquanto caía centenas de metros para sua morte.
Ela deve realmente estar destinada a morrer desta forma.