Unidos ao Príncipe Cruel - Capítulo 766
Capítulo 766: Serviços de uma Bruxa
O sistema habitacional parecia quase idêntico ao do reino humano, com telhados de palha e alguns prédios altos espalhados por toda parte, criando uma combinação curiosa de antigo e novo. Parecia quase normal, exceto pelas ocasionais explosões de magia e os estranhos artefatos brilhantes exibidos em lojas e casas. O ar zumbia com uma energia invisível, e Islinda podia sentir os pelos de seus braços se eriçarem.
Apesar de suas tentativas de se misturar, Islinda e seus companheiros não podiam evitar chamar atenção. Três figuras encapuzadas andando pelo coração do reino das bruxas não era uma visão comum. Islinda, a menor do trio, estava protegida entre Aldric e Azrael, ambos exalando auras perigosas. Como resultado, qualquer um que olhasse em sua direção rapidamente desviava o olhar e cuidava de seus próprios assuntos.
As ruas estavam sujas e lamacentas, evidência de uma recente pancada de chuva. Islinda escolhia cuidadosamente seu caminho pela sujeira, tentando manter sua capa limpa. Enquanto caminhavam, passavam por várias lojas e barracas, cada uma oferecendo um vislumbre do estranho e maravilhoso mundo da bruxaria. Garrafas de líquidos brilhantes, amuletos encantados e livros de feitiços eram exibidos de forma proeminente, suas energias místicas palpáveis.
À medida que avançavam mais para dentro da cidade, a atmosfera tornava-se mais sombria. Entraram em uma rua dilapidada repleta de bordéis, o ar pesado com o cheiro de fumaça, ervas e perfume barato. As bochechas de Islinda coraram ao testemunhar cenas muito explícitas para o seu conforto.
Uma mulher pressionada contra uma parede, os olhos vidrados de desejo e gemendo enquanto um homem se movimentava contra ela por trás, suas calças caídas até os joelhos. Nenhum dos dois se importava com os espectadores ao redor. Islinda rapidamente desviou os olhos, puxando o capuz mais para baixo para esconder seu constrangimento.
A rua estava cheia de mulheres vestidas de forma provocativa, algumas usando quase nada. Elas se encostavam nos prédios, fumando e fazendo cantadas enquanto o trio passava. Uma mulher particularmente ousada se aproximou deles, seus olhos fixos em Aldric.
No entanto, um único olhar gelado de Azrael a fez recuar, o rosto pálido de medo. Esse único movimento parecia ter um efeito sóbrio no restante. As mulheres e homens ao longo das ruas deram-lhes um amplo espaço, evitando contato visual enquanto passavam. Era como se soubessem instintivamente que esses três não eram do seu reino.
“Quanto tempo até chegarmos lá?” Islinda perguntou, seu desconforto crescendo a cada momento que passava.
“Não muito,” Aldric respondeu, sua voz tingida de preocupação. Ele colocou uma mão reconfortante em seu ombro, guiando-a através das ruas estreitas e imundas.
À medida que continuavam, os arredores se tornavam cada vez mais degradados. Os prédios estavam em pior estado, suas paredes rachadas e telhados caindo. O ar estava pesado com o fedor de decadência e desespero. Islinda manteve os olhos no chão, focando em seus passos e tentando ignorar os olhares lascivos e os comentários grosseiros que os seguiam.
Finalmente, chegaram a uma pequena casa discreta no final da rua. As janelas estavam fechadas, e a porta parecia não ter sido usada há anos. Apesar de sua aparência, havia uma aura inegável de magia emanando dela.
“Finalmente estamos aqui.” Aldric anunciou finalmente.
“Graças aos Corvos,” Azrael parecia que estrangularia Aldric se tivessem caminhado mais um quilômetro.
Azrael caminhou em direção à casa e Islinda o seguiu, mas a mão de Aldric a segurou pelo braço, puxando-a para trás. Ela se virou para ele, confusão estampada em seu rosto.
“O que foi?” ela perguntou, notando a ansiedade que cintilava em seus olhos.
Aldric engoliu em seco, hesitando antes de falar. “Talvez eu tenha algo a confessar.”
A testa de Islinda franziu, sua preocupação aumentando. “Você pode me contar qualquer coisa,” ela incentivou gentilmente.
Aldric encontrou seu olhar, sua voz mal acima de um sussurro. “Talvez eu tenha aceitado serviços da bruxa no passado.”
Islinda soltou uma pequena risada, tentando aliviar o clima. “É compreensível, Aldric. Estamos aqui para pedir seus serviços agora, não estamos?”
Mas o rosto de Aldric permanecia sério. “Você não entende.”
A seriedade em seu comportamento fez o coração de Islinda disparar. “O que está acontecendo?” ela perguntou, sua voz tingida de preocupação.
O silêncio se estendeu, e Azrael, incapaz de suportá-lo mais, interveio. “Aldric costumava dormir com a bruxa. Eles já foram amantes.”
Os olhos de Islinda se arregalaram em descrença. “O quê?”
Aldric olhou feio para Azrael, irritado que as palavras não tivessem vindo dele. “Foi uma transação, Islinda,” ele explicou rapidamente. “Nada mais. Foi apenas parte do trato.”
Islinda assentiu mecanicamente, sua mente em turbilhão. Aldric envolvido com a bruxa que estavam prestes a encontrar, a que deveria criar o glamor para ela? Com quem mais Aldric esteve envolvido que ela não sabia? Ela tentou afastar a onda de ciúmes que ameaçava dominá-la.
“Está bem,” ela conseguiu dizer, forçando um sorriso. “Temos coisas mais importantes para nos preocupar agora. Vamos encontrar a bruxa.”
“Islinda —”
“Está bem, Aldric. Vamos.”
Aldric não acreditou em Islinda nem um pouco, mas não havia nada que ele pudesse fazer. E como ela disse, não tinham tempo.
Azrael deu um passo à frente, levantando a mão para bater na porta, mas antes que seus nós dos dedos pudessem fazer contato, a porta se abriu ominosamente. Ele se virou para olhá-los, sobrancelhas levantadas. “Isso não foi nada ominoso,” ele comentou secamente, então entrou corajosamente, seguido por Islinda e Aldric.
O interior estava fraco, o ar denso com o cheiro de madeira velha e algo mais que Islinda não conseguia identificar—algo afiável e metálico. Enquanto caminhavam pelo corredor estreito, os sentidos de Islinda estavam em alerta máximo. Ela podia sentir a presença de poderosas magias ao seu redor, zumbindo logo abaixo da superfície. De tempos em tempos, captava vislumbres de símbolos estranhos gravados nas paredes, brilhando fracamente na escuridão.
Finalmente, chegaram à sala de estar, e lá, Islinda viu a mulher mais bonita que já tinha visto. De imediato, Islinda sentiu uma pontada de ciúmes torcer em seu estômago. Maldito Aldric!