Unidos ao Príncipe Cruel - Capítulo 72
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- Capítulo 72 - 72 Alimentando Sua Escuridão 72 Alimentando Sua Escuridão Nota
72: Alimentando Sua Escuridão 72: Alimentando Sua Escuridão Nota: Este capítulo é sombrio e pode desencadear gatilhos para alguns.
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O que no mundo a possuía para decidir enfrentar Eli sozinha? Islinda pensou, enquanto se aproximava da casa da sua família com o coração disparado no peito. Tendo caminhado do mercado, ela teve tempo para pensar e a raiva que alimentava sua decisão lentamente diminuiu, deixando agora apenas medo em seu rastro.
Contudo, este era Eli e, por mais malévolos que os Fae tivessem sido, eles já haviam compartilhado uma cama. Islinda arrepiou-se com a memória, esperando aos deuses que ele não tivesse feito nada de estranho com ela enquanto dormia. Mas, no fundo, Islinda sabia que ela perceberia se ele a tivesse agredido.
Ela se lembrava das vezes que dormia no catre, apenas para acordar e se encontrar no chão no dia seguinte, tudo tinha sido obra dele. Por que ele a afastava? Não gostava de dividir o espaço limitado com outros? Talvez Islinda estivesse cega pela bondade de Valerie ao ponto de assumir que Eli faria o mesmo, considerando o relacionamento deles.
Islinda presumiu que conseguiria fazer com que ele deixasse o reino humano em paz. Banir ele de volta para o reino Fae deveria ser vingança suficiente pela alma que ele havia levado. Ela foi quem o apresentou na vida de todos e seria ela quem o enviaria embora.
Ela não havia pensado em como explicar a situação para sua família postiça quando um deles abrisse a porta, mas ver é acreditar e Islinda abriria os olhos deles para o que eles eram alheios.
Porém, ninguém veio à porta porque ela se abriu sozinha com um rangido sinistro que fez Islinda sacar seu arco em questão de segundos. No entanto, eram apenas as velhas dobradiças protestando e, assim como no outro dia, parece que sua família não estava em casa.
Ainda assim, Islinda não se deixaria enganar e se moveu com cautela, sabendo que estava lidando com uma criatura mortal. Ela havia visto os poderes de Valerie e não poderia enfrentá-lo, nem mesmo em seus sonhos mais selvagens. Valerie tinha lhe dito que todos os Fae vinham de cortes diferentes e ela não fazia ideia de que magia detestável Eli seria capaz de manipular.
Pelo lado positivo, ela tinha o elemento surpresa e o Fae trapaceiro não a veria chegando. Islinda caminhou cautelosamente pelo curto corredor que se abria na sala de estar, seus pés leves como penas. A casa estava silenciosa como se ninguém estivesse em casa e quando nada aconteceu por mais de um minuto, Islinda baixou as defesas e pôde respirar.
Onde todos foram? Eles foram embora com Eli? O nome enviou um tremor pela sua espinha. Ele ainda estava mantendo a farsa de ser uma criança? Para onde ele foi com a família dela? Certamente, ele não planeja matá-los também? Seu estômago revirou com o pensamento.
“Eu sabia que você voltaria.” Alguém disse e Islinda rodou com os olhos arregalados, o coração quase saltando do peito com seu levantar de arco instintivo, apenas para perceber que era….
“Remy…?” Islinda inspirou profundamente, sem ter ideia de como lidar com isso. Tinha sido fácil dizer que ela conseguiria lidar com a sua família, mas a realidade era diferente da imaginação.
Sua meia-irmã havia sido sua abusadora durante anos e, acostumada ao mau trato, ela não conseguia enfrentá-la. Remy era forte – quando se tratava de bater nela; Islinda não estava confiante de derrotá-la.
“Pela primeira vez, decidi ter paciência e finalmente valeu a pena,” ela disse e Islinda deu a ela um olhar em branco, nenhuma das palavras dela fazia sentido.
Remy olhou para sua arma e disse, “Você planeja me matar? É por isso que você entrou sorrateiramente na casa dias atrás e pegou isso?” Ela bufou.
“Oh, isto…” Islinda abaixou seu arco de uma vez. Ela não veio atacar sua família mas sim Eli, ela se lembrou disso.
Ela tirou a aljava do ombro e apoiou ambas as armas contra a parede. Islinda então virou-se para ela, “Onde está Eli?”
“Por quê? Você planeja levá-lo embora do mesmo jeito que acabou com Ryder?” Havia uma malícia inabalável em seus olhos que fez os pelos de seus braços se arrepiarem.
Remy estava furiosa e nesse estado, ela não pensou antes de reagir. Islinda inspirou profundamente, preparando-se para o que viria.
“Eu não matei Ryder,” Islinda se firmou, suas mãos pequenas cerradas em punhos. Ela esteve fora todo esse tempo, o que a faz pensar que ela mataria brutalmente seu “amado” com sua força?
Além do mais, o assassino estava solto e a tinha enganado. Ela tem que tirar Remy de qualquer encanto que Eli a colocou sob. Mas Islinda repensou essa decisão quando Remy a esbofeteou forte na bochecha sem aviso e sua visão turvou.
Ela cambaleou para trás, saboreando sangue em seus lábios e a raiva percorreu seu corpo. Como Remy ousou?! Islinda estava farta dessa família e a única razão pela qual ela estava aqui era para corrigir o que havia feito ao trazer um Fae malévolo para suas vidas e é assim que ela a agradece.
“Remy….” Os olhos de Islinda reluziram quando a garota deu mais um passo ameaçador em sua direção. Ela não voltou para casa para apanhar e lutaria de volta – mesmo que Remy ganhasse no final.
Mas Remy não estava ouvindo, consumida por sua raiva justa, “Por sua causa, Ryder está morto!”
Ela levantou a mão para bater nela novamente, mas Islinda a segurou, encarando-a de volta com a mesma intensidade ardente em seus olhos.
“Por que me bater por um homem que nem valia a pena?! Eu sou sua irmã, pelo amor de Deus -!”
O resto de suas palavras se perderam quando Remy a atingiu com a outra mão e Islinda soltou um gemido de dor desta vez, vendo estrelas.
“Eu deveria apenas te matar! Você não merece estar viva depois do que você fez e eu espero que você apodreça no inferno!” Remy rosnou e antes que Islinda soubesse o que estava acontecendo, ela foi atirada ao chão como uma boneca de pano, derrubando algumas propriedades na sala de estar com ela.
A dor perfurou-a e foi então que ela percebeu que Remy pretendia matá-la, sua pulsação acelerada. Num instante, Remy estava sobre ela e suas mãos enroladas em seu pescoço, sufocando-a.
“Você deveria apenas morrer! Morra já, sua cachorra!” Ela zombou, o ódio em seus olhos, desfigurando sua expressão e tornando-a algo grotesco.
“N-não Remy…” Islinda se debateu por baixo dela, lutando pela vida, mas Remy a montou, um deleite diabólico esculpido no sorriso enquanto assistia sua luta pela vida.
“Apenas morra já, você mosca teimosa!” Remy cuspiu, seus olhos selvagens como se ela estivesse drogada ou talvez tão excitada que já não via a hora de comemorar a sua morte.
Ela continuou, “Eu deveria ter feito isso há anos, talvez assim, Ryder estaria vivo e ele não teria que olhar para você. Você sempre age como se fosse superior só porque é boa em tudo, mas você não passa de sujeira e para essa sujeira, você retornará hoje.”
A escuridão borrou as bordas de sua visão e seus pulmões clamavam por ar tão desesperadamente que parecia que seu coração poderia implodir em breve. Não, Islinda se recusou a morrer assim. Não quando estava tão perto de sua liberdade. Tudo o que ela sempre fez foi pela sua família e eles a recompensam dessa maneira?
Então ela começou a buscar cegamente por qualquer coisa que lhe desse vantagem. Valerie voltaria por ela e ela só o veria se estivesse viva. O pensamento dele a fortaleceu quando estava próxima do inconsciente e, quase no último minuto, sua mão fechou em um objeto.
Uma flecha.
Sua aljava deve ter caído quando sua meia-irmã assassina a jogou no chão e uma delas rolou em sua direção. Sem pensar duas vezes, Islinda a pegou e esfaqueou Remy com ela. A garota estava tão alta com seu desejo de acabar com ela que não viu o movimento chegar até que a ponta da flecha perfurasse seu pescoço e o sangue esguichasse.
“V-você….” Remy deixou escapar a palavra estrangulada, seus olhos arregalados de choque. Ela estava tão confiante de acabar com Islinda que não viu sua própria morte chegando.
Com um rugido angustiado, Islinda se sentou e puxou a flecha, provocando mais fluxo de sangue apenas para esfaqueá-la no pescoço novamente, Remy gemendo. Abalada e ofuscada pelo medo e emoções, Islinda a esfaqueou várias vezes, despejando os anos de raiva e abuso nela até que Remy parasse de respirar.
Ela estava morta.
Islinda jogou a flecha fora e olhou para suas mãos ensanguentadas que começaram a tremer, a realidade caindo sobre ela. Ela acabou de matar Remy. Ela matou sua irmã.
Não, não, não, foi legítima defesa.
Mas mesmo enquanto ela dizia isso, Islinda sabia, no fundo, que ela havia cedido à sua escuridão e verdadeiramente desejava Remy morta pelo que ela fez com ela.