Unidos ao Príncipe Cruel - Capítulo 690
Capítulo 690: O Que Você Fez Comigo
Algo não estava certo com ele. Aldric podia sentir isso como uma coceira constante em sua pele, uma que ele não conseguia alcançar. Ele andava de um lado para o outro em seus aposentos, inquieto, sua mente girando.
O humano que ele havia mantido sob seu teto o traiu. Ela matou Karle e fez Kalamazoo traí-lo. Ela usou magia nele, para manipulá-lo. Ela até mesmo manipulou seu alter ego. As evidências estavam lá. Tudo era como Elena havia lhe contado. No entanto, isso não fazia sentido para ele.
Elena tinha lhe dito que seu erro foi confiar em Islinda, mas ainda assim parecia certo. Ele tentou recordar memórias sobre Islinda que poderiam ter indicado sua traição, mas havia falhas em suas lembranças. Como se alguém não quisesse que ele visse algo.
Seria obra de Islinda? Ela estava criando e recriando, manipulando suas memórias conforme seus planos e caprichos? Há quanto tempo ela era uma bruxa? Por que então ela fingiu ser uma humana fraca? Por que não o matou quando teve a chance? Por que agora? Qual era o objetivo dela?
Aldric gemeu mais uma vez enquanto tentava acessar outra memória ou duas. Ele não entendia mais nada. Sua cabeça estava latejando, quase como se quisesse se partir ao meio. O que ela fez com ele?
Sem conseguir suportar isso por mais tempo, Aldric levantou-se decididamente com a intenção de procurar Islinda. Ele não era normalmente assim. Por que ele sequer permitiu que Elena supervisionasse o caso? Deveria ter sido ele. Ah, certo, Elena era confiável. Mas ainda assim, não parecia certo. Não importa o quê, deveria ter sido ele. Aldric não estava acostumado a deixar que outros fizessem seu trabalho por ele.
Com sua mente decidida, Aldric dirigiu-se à masmorra. Ele tinha que ir ver a bruxa Islinda e saber o que ela havia feito com ele.
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Islinda despertou com um sobressalto. Ela deve ter adormecido, considerando a rigidez em seu pescoço. Não é de se estranhar que os prisioneiros tentassem de tudo para escapar. Além das chances de serem executados, as condições de vida eram horríveis. Ou talvez ela tivesse se acostumado ao estilo de vida luxuoso que Aldric lhe proporcionava. Isso não teria sido um problema de volta ao reino humano.
Sem qualquer fonte de luz, a cela era completamente escura, e Islinda não conseguia enxergar nada. Ao mesmo tempo, o ar na cela mudou, e ela sentiu arrepios por todo o corpo enquanto a temperatura do quarto caía.
“Que diabos?” Islinda murmurou, esfregando as mãos nos braços. Ela sabia que a masmorra era fria, mas não tanto assim. Era quase como se o inverno tivesse tomado conta da sala…
Islinda enrijeceu, sentindo uma má premonição. Ela não estava errada. Quase imediatamente, seus olhos se conectaram com olhos azuis e brilhantes do lado de fora da porta da cela, e seu coração quase saiu pela boca.
Oh Deus. Não. Ela sabia a quem pertenciam aqueles olhos frios e implacáveis. Aldric.
Imaginar que um dia Islinda sentiria medo da presença de Aldric. Sim, ele já a havia assustado no passado com seus jogos perversos, mas não tinha intenção de matá-la. Mas Islinda não podia dizer o mesmo agora. O Aldric atual era imprevisível e aterrorizante. Ela não o reconhecia mais. Era quase como se estivesse encarando um estranho.
O medo mantinha Islinda imóvel, incapaz de desviar o olhar daqueles olhos hipnotizantes porém frios e brilhantes. Um alívio tomou conta dela ao perceber que ele estava do lado de fora de sua cela e não dentro com ela. Mas esse alívio foi breve ao lembrar que ele era o alto senhor e tinha acesso total às celas. Ele poderia entrar num instante, se desejasse. Oh Deus, não.
Como se Aldric pudesse sentir seu alívio passageiro e quisesse destruí-lo, ele estalou os dedos. Imediatamente, todas as tochas ao longo das paredes da masmorra se acenderam.
A súbita explosão de luz projetou sombras sinistras em suas feições, tornando sua aparência já ameaçadora ainda mais aterrorizante.
Os olhos de Islinda se arregalaram, e ela engoliu o nó na garganta. As chamas cintilantes dançavam no rosto de Aldric, destacando a fria determinação em seus olhos brilhantes. A atmosfera na cela tornou-se ainda mais tensa, cada segundo se estendendo em uma eternidade enquanto ela o observava, paralisada de medo.
Mas então, ela reuniu coragem para perguntar, “Por que você está aqui?”
Aldric tentou se mover e Islinda rapidamente gritou, “Não, não se mova!”
Ele a olhou com uma expressão inexplicável.
Ela passou a língua nos lábios e disse, “Podemos conversar daqui mesmo.”
A verdade era que Islinda não conseguia lidar com essa versão de Aldric agora. Além disso, e se Elena o tivesse manipulado para matá-la novamente? Ela não poderia lutar contra Aldric.
E então desgosto cruzou seu rosto, “Por quê?” Ele zombou, “Você está com medo de enfrentar as consequências de suas ações?”
“O quê?”
Islinda havia visto Aldric usar suas habilidades de maneiras fascinantes, mas nunca assim. Lentamente, e de forma assustadora, ela viu as sombras de Aldric começarem a se arrastar para dentro de sua cela. Assustada pela visão estranha, ela recuou às pressas, o coração batendo forte em seu peito. Porém, aquilo era apenas o começo.
Aldric se afastou da parte de fora de sua cela, seu corpo aparentemente fundindo-se com as sombras. Elas o puxaram com uma graça estranha e dolorosa, sua forma se contorcendo como se estivesse sendo devorada pela escuridão. Com um último e nauseante puxão, ele emergiu dentro da cela, parado exatamente onde sua sombra estava momentos antes.
Islinda esqueceu como respirar. O ar na cela parecia denso e opressor, cada centímetro de sua pele se eriçando de medo. Aldric estava lá, seus olhos frios e brilhantes fixos nos dela, as chamas das tochas projetando sombras tremulantes que tornavam sua presença ainda mais aterrorizante.
Aldric poderia ter pedido uma chave aos guardas para abrir a porta. Ou ele poderia simplesmente ter quebrado a porta com sua força sobrenatural. Não se puxado através desse procedimento assustador e doloroso. Era quase como se ele tivesse a intenção de assustá-la. E funcionou porque ela estava apavorada.
E então, ele finalmente falou.
“O que você fez comigo, bruxa?”