Capítulo 632: Quem é Delirante
Islinda entrou, batendo as portas pesadas atrás de si, o eco retumbante reverberando pelo salão. Aldric obviamente tinha estado aqui o tempo todo, pois estava sentado em seu trono de gelo, encarando-a com uma expressão inabalável.
Islinda o ignorou por um momento. Não satisfeita apenas em fechar as portas, ela avistou uma tábua enorme por perto e a agarrou com urgência. Com uma força determinada, ela encaixou a tábua firmemente contra as portas, efetivamente barricando-as e impedindo que alguém entrasse.
Quando a tábua se acomodou no lugar com um som satisfatório, Islinda deu um passo para trás, seu peito subindo e descendo devido ao esforço. Ela sabia que tinha ganhado apenas um pouco mais de tempo, sabendo que aquela tábua frágil não impediria os guardas Fae de entrarem. Ela só esperava que o tempo fosse suficiente para descobrir por que Aldric estava agindo feito um idiota.
Respirando fundo, Islinda se preparou para o inevitável confronto. Então, virou-se e começou a caminhar em direção a Aldric, seu olhar firme nunca deixando-o. Muitos pensamentos passavam pela mente de Islinda enquanto ela diminuía a distância entre eles. Não era típico de Aldric se comportar assim. Mesmo que estivesse bravo com ela, ele não tornava tão difícil para ela vê-lo. Isso era algum de seus jogos pervertidos? Ele estava jogando duro ou estava cansado dela e finalmente a dispensando?
Islinda manteve um contato visual inabalável com Aldric enquanto se aproximava, notando com uma mistura de frustração e admiração que ele não desviou nem recuou de seu olhar. Ela sempre apreciou o comportamento firme de Aldric, mas em momentos como este, isso a irritava profundamente.
Justo quando Islinda estava prestes a alcançar o estrado onde Aldric estava sentado, ele emitiu uma ordem autoritária. “Não se aproxime mais!”
Islinda parou imediatamente, suas sobrancelhas franzindo em confusão. O que ele estava tentando fazer? O Aldric que ela conhecia nunca a impediria de se aproximar dele; ele acolhia sua presença, chegando ao ponto de colocá-la em seu trono. Era resultado de sua raiva por suas ações recentes, ou havia algo mais em jogo?
Mas então, quando foi que ela já ouviu ele?
Com determinação alimentando seus passos, Islinda desafiou a ordem de Aldric e deu outro passo à frente. Para sua surpresa, ela captou um lampejo de pânico nos olhos de Aldric, e ele bradou, “EU DISSE PARA PARAR AÍ MESMO!”
Islinda recuou, mas não pela intensidade do comando, e sim pelo poder invasivo que a tomou. Ela gritou quando uma dor ardente, como uma lâmina em brasa, cortou sua mente, dominada pela sensação de Aldric reassumindo o controle. Fazia tempo desde que ele violara sua mente assim, e, ao contrário das ocasiões anteriores, essa intrusão veio sem aviso.
“O que você pensa que está fazendo!” Islinda gritou, segurando as têmporas em agonia. Parecia como se alguém estivesse esfaqueando sua mente com uma faca aquecida, deixando-a paralisada pela sensação lancinante.
Talvez fosse a mistura de emoções nos olhos de Islinda, mas Aldric sentiu uma pontada de culpa, o que o levou a diminuir a intensidade de seu ataque.
Enquanto o assalto à sua mente diminuía, Islinda aproveitou para recuperar o fôlego, mas sua expressão endureceu em um olhar mortal direcionado a Aldric. Ele estava se comportando como um idiota; não, ele era pura maldade. Mesmo que ele não a quisesse por perto, ela não merecia ser tratada desse jeito. Ela jurou que nunca o perdoaria por esse tratamento.
“Não. Apenas. Se. Aproxime. De. Mim,” Aldric advertiu, suas defesas altas. Embora por fora parecesse inabalado, sentado impecavelmente em seu trono, por dentro estava em tumulto, dilacerado por emoções furiosas.
“Por quê?” Islinda zombou, sua voz carregada de sarcasmo. “Porque você não seria capaz de se controlar perto de mim?”
Islinda não sabia por que tinha dito aquilo, mas não podia ignorar o padrão inegável. Havia uma atração fatal e inegável entre ela e Aldric. Eles não conseguiam manter as mãos longe um do outro, mesmo quando ela tentava estabelecer regras para limitar a interação entre eles. Apesar de seus esforços, ela sempre acabava sendo a primeira a quebrá-las. Ela estava se tornando uma ameaça para ele? Ela conhecia Aldric o suficiente para saber que ele nunca permitiria que ela tivesse tal controle sobre ele.
“Você está sendo delirante, humana,” Aldric retrucou, seu tom desprovido de gentileza.
O título “humana” pegou Islinda de surpresa, e ela não pôde deixar de dar uma risada. Pelos deuses, a absurdidade da situação era ao mesmo tempo hilária e desconcertante.
Mas o riso de Islinda rapidamente desapareceu, sua expressão se tornando séria. “Você acha que estou sendo delirante?” ela perguntou sombriamente.
“Eu não sei por que você está aqui, mas — eu disse para não se aproximar mais —!” As palavras de Aldric foram interrompidas quando Islinda subiu cuidadosamente o estrado, suportando a explosão de dor em sua têmpora causada pelo ataque mental dele. Apesar do aviso, ela continuou, determinada a confrontá-lo.
Com um sorriso sinistro no rosto, Islinda se postou desafiadoramente diante de Aldric, indiferente às tentativas dele de afastá-la.
“Não tenha medo,” ela disse de forma ameaçadora, seu tom carregado de diversão sombria. Antes que Aldric pudesse reagir, ela colocou as mãos em seu peito e o empurrou ainda mais contra o trono. Então, com um movimento rápido, ela se sentou sobre ele, firmemente em seu colo.
Aldric sibilou entre os dentes cerrados, seu corpo enrijecendo à medida que ela se acomodava contra ele. Ele a segurou, suas unhas se cravando na pele dela enquanto lutava para recuperar o controle. Apesar de seus esforços para afastá-la, Islinda segurou-se firmemente, recusando-se a ser dissuadida. Na verdade, ela balançou provocativamente contra ele, arrancando um gemido profundo de Aldric enquanto ele lutava contra o desejo intenso percorrendo seu corpo.
“Então, quem é delirante agora?” Islinda retrucou sarcasticamente, sua declaração pontuada por outro movimento deliberado contra ele, afirmando sua superioridade.
“Ela estava certa,” Aldric admitiu, sua voz baixa e rouca, seu controle visivelmente escapando.
“Quem está certa?” Islinda questionou com curiosidade, ainda mantendo seu ritmo de movimento, embora continuasse focada em seu objetivo. Ela se recusava a se deixar levar até que entendesse as motivações de Aldric. Islinda queria realmente compreendê-lo antes de tomar uma decisão da qual poderia se arrepender no futuro.
“Elena,” Aldric suspirou, suas palavras enviando um arrepio pela espinha de Islinda. “Ela me disse que sua intenção é me seduzir e ganhar minha confiança, apenas para me trair no final porque você ainda está apaixonada pelo meu irmão. Você está fazendo tudo isso por causa do duelo mortal.”
Os movimentos de Islinda cessaram abruptamente enquanto o sangue gelava em suas veias com a revelação dele.
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Desculpe pelo atraso, mas hoje é meu aniversário! 💃💃