Capítulo 631: Não Deixe Ela Entrar
“O que temos aqui?” Alguém se aproximou com um sorriso sarcástico.
Islinda conseguiu discernir a identidade da visitante indesejada pelo som de sua voz antes mesmo de levantar o rosto, confirmando sua suspeita—era Elena. Sua expressão azedou ao vê-la, e ela lançou um olhar intenso de desprezo à Fae.
No entanto, em vez de interpretar o olhar de Islinda como um aviso, Elena parecia quase aliviada com seu mau humor. Na verdade, a Fae parecia extrair uma satisfação retorcida daquilo, sua expressão mudando para um contentamento enquanto caminhava em sua direção.
Elena parou bem na frente de Islinda, inclinando a cabeça enquanto a analisava com um olhar condescendente. “Se não é a prostituta de Aldric?”
O olhar de Islinda se endureceu com o comentário depreciativo. Embora ela pudesse tolerar que outros a chamassem de “prostituta de Aldric”, ela sabia que Elena significava cada palavra, tentando provocá-la e zombar dela. Ainda assim, Islinda tinha assuntos mais importantes a resolver, como ver Aldric, do que se engajar em uma altercação inútil com uma Fae mesquinha e desprezível como Elena.
Ignorando as provocações de Elena, Islinda permaneceu em sua posição, esforçando-se para enxergar Aldric. Contudo, seus esforços foram inúteis, e uma sensação de desconforto se instalou sobre ela como um zumbido persistente em seus ouvidos.
“Está esperando por Aldric?” A voz de Elena cortou o silêncio, pingando provocação. Quando Islinda não respondeu, Elena continuou. “Nem se dê ao trabalho. Aldric não vai querer vê-la. Mas, se me implorar, talvez eu considere falar bem de você para ele.”
As sobrancelhas de Islinda se franziram de irritação. Embora no passado pudesse ter descartado as palavras de Elena como divagações de uma Fae louca, havia um brilho nos olhos dela e uma confiança em sua postura que deixaram Islinda inquieta. Era como se Elena possuísse um conhecimento além do que Islinda compreendia, mexendo com algo profundamente desconfortável dentro dela. Ultimamente, seus instintos estavam aflorados, amplificados pela evasiva de Aldric, o que aumentava sua sensação de que algo estava gravemente errado.
Antes que Islinda pudesse dizer uma palavra, Ginger avançou assertivamente. “Você está deixando a jovem senhora desconfortável, Senhora Elena, e deve partir imediatamente,” ela exigiu.
O olhar de Elena se desviou de Islinda para a servo Fae, sua expressão escurecendo. Ela cuspiu indignada, “Como ousa?”
“O quê?” Ginger recuou, surpresa pela hostilidade repentina de Elena.
“Quem você pensa que é para falar comigo desse jeito?!” Elena vociferou.
Percebendo a crescente raiva de Elena, Islinda levantou-se rapidamente, posicionando-se defensivamente na frente de Ginger antes que Elena pudesse fazer algo contra ela.
“Nem. Pense. Em. Tentar,” Islinda rosnou com uma intensidade gutural, seus olhos reluzindo perigosamente.
A demonstração inesperada de agressividade de Islinda pegou Elena de surpresa, fazendo-a hesitar no meio da ação. Lentamente, ela abaixou a mão, tentando recuperar a habilidade de manter a compostura enquanto alisava seu vestido exuberante.
“Sabe, pessoas insignificantes como você, com um pouco de poder, são a razão pela qual simples servos acham que é aceitável insultar altos Fae,” acusou Elena, seu tom afiado com desprezo.
“Talvez, se aquela alto Fae tivesse cuidado de seus próprios assuntos e seguido seu caminho, ela não precisaria aprender boas maneiras,” Islinda retrucou, encarando Elena com um levantar desafiador do queixo.
O ar crepitava com tensão enquanto Islinda e Elena se enfrentavam. Apesar da altura imponente e estrutura esguia de Elena, Islinda exalava uma presença dominadora com seu olhar intenso e figura curvilínea. Ambas as mulheres estavam trancadas em uma batalha silenciosa, seus olhares lançando adagas uma contra a outra.
A atmosfera estava carregada de animosidade, como se correntes de energia passassem entre elas apenas por meio de seus olhares. Até mesmo Ginger, Ailee e os guardas estavam alertas, prontos para intervir ao menor sinal de uma briga, preparados para o inevitável caos que se seguiria.
Elena foi a primeira a quebrar o silêncio, sua risada fria e zombeteira. “Achando que tem coragem, não é?” Ela deu um passo ainda mais perto, sua expressão virando algo sinistro. “Eu vou cuidar de você, Islinda.”
No entanto, Islinda permaneceu impassível com a ameaça, encarando Elena com uma determinação de aço. Com apenas três palavras, ela entregou um retorte cortante. “Entre na fila.”
Então, sem hesitação, Islinda empurrou Elena bruscamente para fora de seu caminho, deixando-a atordoada e perplexa.
Por um momento, Elena ficou congelada, incapaz de compreender o que acabara de acontecer. Seu rosto ficou vermelho de raiva enquanto a afronta se instalava, e ela lançou um olhar fulminante para as costas de Islinda que se afastava na direção da porta.
“Parem ela! Não deixem que entre!” Elena gritou, sua voz cheia de fúria.
Os guardas hesitaram momentaneamente, conflitando-se com a ordem. No entanto, a postura imponente de Elena exigia obediência imediata, e eles começaram a interceptar Islinda. Porém, no momento em que o primeiro guarda colocou a mão sobre ela, ele se viu caindo no chão, desestabilizado por uma força inesperada.
Todos encararam Islinda com choque, incluindo Elena, cujos olhos se arregalaram em descrença. Como ela conseguiu…? Não era tarefa fácil para uma humana superar um Fae homem, ainda mais incapacitar um deles dessa forma.
Mas qualquer alívio foi breve, pois o segundo guarda percebeu Islinda como uma ameaça e se moveu para neutralizá-la. Contudo, Islinda foi mais rápida, acertando-o na garganta com um soco firme antes de desferir um chute rápido em seu peito, mandando-o se juntar ao companheiro no chão.
O peito de Islinda arfava com o esforço enquanto ela mantinha sua postura defensiva, examinando a cena em busca de qualquer ameaça remanescente. Mas ambos os guardas estavam deitados no chão, gemendo de dor.
Seu olhar, então, recaiu sobre Ginger e Ailee, que inicialmente pareciam perplexas com a súbita demonstração de habilidade de Islinda. No entanto, suas expressões rapidamente se transformaram em admiração e elas a incentivaram entusiasticamente. “Vá, jovem senhora!”
“Você não vai a lugar nenhum!” Elena gritou, invocando uma grande bola de fogo em suas mãos. Mas, para sua surpresa, ela se dissipou inesperadamente, deixando-a confusa e vulnerável.
Aproveitando a oportunidade, o sorriso vingativo de Islinda se alargou enquanto ela recuava a mão e acertava Elena diretamente no rosto com toda sua força, deixando-a inconsciente. Elena desabou no chão como um monte desajeitado. Aquilo foi pessoal.
“Você deve ir agora, jovem senhora. Mais guardas chegarão em breve. Nós daremos o tempo necessário!” Ailee incentivou, já posicionada de guarda na porta com determinação feroz.
Grata pela assistência, Islinda fez um sinal afirmativo com a cabeça e correu rapidamente para dentro da corte. Se Aldric não queria vir até ela, então ela iria até ele.