Unidos ao Príncipe Cruel - Capítulo 624
Capítulo 624: A Festa Secreta – 2
O quarto ficou carregado de tensão após Zaya sair, deixando Ginger e Ailee para encarar o olhar escrutinador de Islinda. Islinda, com os braços cruzados sobre o peito, batia os pés impacientemente contra o chão. As duas criadas estavam nervosas, trocando olhares inquietos, cada uma aguardando que a outra quebrasse o silêncio primeiro.
“Então, quem vai começar? Você ou ela?” Islinda apontou para ambas com um rosto sério. Doía pensar que esconderam algo tão importante quanto a festa de boas-vindas de Aldric dela. O que elas estavam pensando?
“Minha dama, não é o que você pensa…” Ginger tentou explicar, mas Islinda a interrompeu.
“Não preciso de desculpas, mas de respostas. Vocês esconderam intencionalmente a notícia da festa de mim, sim ou não?”
Ginger abriu a boca para falar, mas Ailee foi mais rápida. “Nós apenas obedecemos às instruções de sua alteza, o Príncipe Aldric.”
“O quê?” A confusão de Islinda apenas aumentou.
Vendo sua perplexidade, Ginger aproveitou a oportunidade para confessar e se redimir. Ela contou a Islinda, “O Príncipe Aldric não queria você na festa.”
Islinda ficou sem palavras, seus ouvidos começando a zumbir. O que ela acabou de ouvir? Aldric havia propositalmente a excluído da festa. Mas por quê? Islinda não conseguia entender. Ele era sempre aquele que aproveitava cada oportunidade para exibir sua humana cativa na corte. Por que, então, estava de repente impedindo-a de participar de eventos sociais? Era porque era a corte dele? Ele tinha vergonha dela?
Islinda sentiu uma onda de vergonha tomar conta dela, mas segurou as emoções. Aldric estava certo. Este era o reino Fae, não o reino humano. Ela não podia continuar demonstrando suas fraquezas para todos verem. Se ele estava de repente envergonhado de mostrá-la à corte, talvez fosse porque queria ganhar o favor de seu povo. Mas, se fosse esse o caso, era um problema dele, não dela. Ela acreditava que ele era diferente, mas agora o via de outra forma. Ele e Valerie eram iguais — só precisavam dela para alcançar seus objetivos ocultos. Ela seria uma tola em confiar em qualquer um dos príncipes Fae novamente.
Ginger e Ailee notaram Islinda se retrair, e cada uma perguntou com preocupação na voz, “Minha dama, você está bem?”
“Estou bem,” Islinda respondeu, de repente sentindo-se exausta. Tudo o que queria era deitar na cama e dormir por cima desse desespero. Afinal, era só uma festa. Ela não morreria por não ser convidada — mesmo que isso significasse algo sobre seu papel na vida de Aldric. Eles não estavam juntos, afinal. Por que deveria importar se Aldric a convidava para sua festa, mesmo uma tão importante quanto uma festa de boas-vindas? Islinda tinha muitos pensamentos conflitantes.
No entanto, suas criadas não ficaram impressionadas com sua resposta, e Ailee afirmou, “Eu entendo que você deve estar frustrada com a decisão dele, minha dama, mas você precisa saber que isso é para o seu próprio bem. É melhor que nenhum humano participe desses eventos.”
“Claro… espera, o quê?” Islinda estava prestes a se retirar para sua cama quando de repente parou, suas sobrancelhas se arqueando. “Do que você está falando? Por que isso é para o meu bem?”
De repente, ela sentiu que estava perdendo algo. Islinda confirmou com os olhares trocados novamente por Ginger e Ailee. Até agora, elas pareciam estar falando em códigos, o que a confundia ainda mais, e Islinda estava ficando impaciente pela verdade. Talvez tivesse chegado a uma conclusão precipitada sobre a decisão de Aldric e perdido algum detalhe menor. Islinda podia sentir sua esperança crescendo, ansiosa para descobrir a verdade por trás da conversa enigmática delas.
“Então, vamos começar do início…” Islinda pensou, respirando fundo e esperando não cometer outro erro. “Agora, me digam, por que humanos não devem ir à festa?” Islinda perguntou.
“Porque—” ambas as criadas começaram ao mesmo tempo, apenas para trocarem olhares.
“Bem, você começa,” Ailee disse.
“Não, você começa,” Ginger rebateu.
“Não, eu posso ir depois…”
“Não, você falou primeiro…”
“Que os deuses me ajudem…” Islinda gemeu, esfregando a testa onde sentia uma dor de cabeça crescendo com a discussão constante entre as duas Fae. Às vezes, ela jurava que essas criaturas se comportavam como crianças.
“Chega!” A voz de Islinda ecoou, e a discussão delas parou instantaneamente.
Com um olhar profundamente sério, Islinda apontou para Ailee. “Agora, você vai em frente e me diz por que humanos não são convidados para a festa!” ela a ordenou.
“Com certeza,” Ailee respondeu a Islinda docemente, apenas para fazer uma careta para Ginger quando achou que Islinda não estava olhando. Islinda apenas balançou a cabeça. Ela achava difícil acreditar que Aldric a chamava de criança quando as duas criadas responsáveis eram muito piores.
“É por causa da orgia, minha dama,” Ailee revelou, sem aviso.
“O-o quê?” Islinda quase se engasgou com sua própria saliva. Seu coração começou a disparar enquanto seu rosto ficava quente, e ela gaguejava, “Q-que orgia estamos falando?”
“Ter um Alto Senhor é algo grandioso, e o retorno do Príncipe Aldric à sua corte exige uma grande celebração na qual a maioria dos Fae reverte à sua natureza vil. Durante a festa de boas-vindas para o alto senhor, os Fae se renderão aos seus instintos mais primitivos, entregando-se aos seus desejos mais básicos. O ar ficará carregado de energia bruta enquanto todos dançam, riem e se entregam à diversão desinibida. Nossos sentidos ficarão aguçados, e os instintos estarão no auge, nos impulsionando a agir por impulsos que geralmente mantemos sob controle. Devido à natureza potencialmente perigosa das festividades, todos os humanos são fortemente aconselhados a permanecer em suas casas e evitar sair à noite.”
Por mais de um minuto, Islinda ficou sem palavras, completamente imóvel enquanto tentava entender o que Ailee acabara de compartilhar com ela.
“Então Aldric estará participando de uma orgia?” Islinda murmurou para si mesma, congelada de choque.
“Não exatamente… se ele quiser… mas é esperado que —”
Ginger ainda estava falando quando Islinda levantou-se de repente, assustando-as.
“Aquele bastardo estará aproveitando a vida enquanto eu ficarei presa aqui a noite toda fazendo nada?!” Islinda exclamou, suas mãos se cerrando em punhos.
“Minha dama, acho que você não entende —”
“Eu irei a essa festa,” Islinda declarou com uma determinação inabalável.
“O quê?!” Ginger e Ailee gritaram, o pânico evidente nos rostos delas. “Não, minha dama!” Elas ambas imploraram.
O Príncipe Aldric cortaria suas cabeças se algo acontecesse à humana sob seus cuidados.
“Minha dama, por favor, reconsidere!” Ginger praticamente implorou, lágrimas rolando por seus olhos. Enquanto as lágrimas dela tocavam o coração de Islinda, ela já havia tomado sua decisão.
“Eu assumirei total responsabilidade por qualquer coisa que acontecer. Não que algo vá acontecer,” Islinda insistiu firmemente. Ela não pode morrer. Ela não morreria.
Portanto, por mais de uma hora, Islinda teve que suportar as súplicas incessantes de suas duas criadas, que eram inflexíveis em aconselhá-la a não ir à festa. No entanto, a determinação de Islinda correspondia à persistência delas, e elas eventualmente desistiram quando ficou claro que nada que dissessem a faria mudar de ideia. No fim, elas se resignaram a encontrar maneiras de garantir sua “segurança” caso ela insistisse em ir. Neste ponto, sua única esperança era que Aldric tivesse emitido outras instruções, talvez proibindo Islinda de acessar a entrada.
Islinda se perguntou como Aldric pretendia esconder a festa dela, já que, ao cair da noite, tudo estava simplesmente um caos. Todos estavam se preparando para a festa, em meio a atividades frenéticas. Ela ouviria a notícia mais cedo ou mais tarde. Islinda estava mais furiosa com Aldric por ele ter pensado em esconder algo dela do que por não lhe dizer a verdade.
Talvez tenha saído de sua mente? Uma parte de Islinda tentou ponderar, mas ela não comprava essa ideia. Aldric a havia visto mais cedo naquele dia, depois do incidente de asfixia; ele deveria ter explicado a natureza da festa para ela naquele momento. Talvez, se tivesse feito isso, ela pudesse ter entendido. Mas a ideia de ele participar de uma orgia era simplesmente impossível para ela compreender. Porém, as palavras de Ginger sugeriam que talvez não fosse necessário que ele se envolvesse em tais atividades. Islinda ficava mais agitada a cada minuto enquanto lutava com esses pensamentos conflitantes, sua mente em turbilhão tentando fazer sentido de tudo.
Quando a noite caiu, Islinda recebeu uma carta de Aldric, explicando a natureza da festa e aconselhando-a a não ir. Ele expressava preocupações sobre a natureza volátil da corte de inverno e os potenciais riscos que ela poderia enfrentar se participasse.
“Bem, adivinhe quem não precisa de uma babá,” Islinda murmurou sob sua respiração com um brilho determinado nos olhos enquanto pegava a caixa que suas criadas haviam preparado de acordo com suas instruções.
Conhecendo a natureza cautelosa de Aldric, Islinda antecipou que ele não confiaria que ela seguiria seus conselhos. Da mesma forma, ela não confiava que ele permitisse facilmente sua entrada na festa. Então, ela elaborou um plano com Ginger e Ailee: elas se infiltrariam na festa com um grupo de dançarinas programadas para se apresentar mais tarde. Suas identidades seriam disfarçadas, e Aldric não suspeitaria de nada até que fosse tarde demais.
Um sorriso maquiavélico surgiu nos lábios de Islinda.