Unidos ao Príncipe Cruel - Capítulo 623
Capítulo 623: A Festa Secreta
Islinda só percebeu que estava segurando Aldric com força, como se ele fosse sua tábua de salvação, quando finalmente se separaram para recuperar o fôlego. Eles se olharam nos olhos, orbes azuis intensos encontrando os castanhos excitados, o silêncio entre eles falando volumes enquanto saboreavam aquele raro momento.
Aldric levantou o polegar para passar sobre o lábio inferior de Islinda, enviando um arrepio de excitação pelo corpo dela. Ela suprimiu a dor crescente entre suas pernas, sabendo que isso não poderia continuar acontecendo.
Quebrando o silêncio, a voz de Aldric estava rouca de desejo enquanto ele falava, seu olhar ardente com a intenção de incitá-la. “Se você vai falar bobagem com a sua boca,” ele murmurou, “então faça algo melhor com ela.”
Islinda engoliu em seco, sua boca se contraindo enquanto ela o desafiava, “Como beijar você?” Apesar de sua aparência externa de raiva, seu coração batia forte em seu peito. “Você quebrou a regra,” ela o acusou.
“Oh, querida,” Aldric falou em um tom baixo e sedutor, enviando arrepios pela espinha de Islinda enquanto se inclinava mais perto. “Nós dois sabemos quem quebrou essa regra primeiro.”
Islinda corou intensamente ao se lembrar da noite em que havia, involuntariamente, entrado na cama dele e dormido com ele. Só que ela havia sido possuída naquela noite. Não que ele soubesse.
Percebendo a direção dos pensamentos dela, Aldric piscou para Islinda, deixando-a confusa e ruborizada. Parecia uma revanche por suas ações anteriores. Tudo bem, ela pensou, olho por olho. A partir de agora, eles não quebrariam mais as regras. Nem mais, nem menos. E ela definitivamente manteria distância da cama dele—possuída ou não.
No entanto, a ternura na expressão de Aldric rapidamente desapareceu, e ele voltou a ser o frio e insensível príncipe fada sombrio ao se virar para falar com a companhia que Islinda não havia percebido estar presente até então.
“Vocês devem verificá-la minuciosamente e garantir que nada está errado,” Aldric instruiu Zaya, a curandeira.
“Claro, meu príncipe,” Zaya respondeu, inclinando-se diante dele.
Islinda esperava que Aldric fosse embora imediatamente, mas ao invés disso, ele a surpreendeu passando a mão pelos cabelos dela e localizando a mecha branca, deixando-a escorregar por entre seus dedos com uma profunda contemplação. O coração de Islinda começou a disparar. Será que ele descobriu algo?
Seus olhos se encontraram, e Islinda sentiu uma súbita inquietação tomar conta dela. Até mesmo um mero humano poderia perceber que ela estava escondendo algo, quanto mais Aldric. Qual seria o significado de seus cabelos voltarem a ter mechas loiras novamente?
Embora Aldric não tenha dito nada e eventualmente tenha saído, Islinda sabia que isso não era o fim. Era só uma questão de tempo até ele descobrir seu segredo.
Deixada sozinha com Zaya e suas duas criadas, um silêncio desconfortável pairou por um tempo antes que Islinda tentasse quebrá-lo.
“Olá, Zaya,” Islinda disse timidamente, acenando levemente. “Que surpresa vê-la aqui. Embora eu desejasse que nos encontrássemos em circunstâncias melhores do que quando estou ferida ou à beira da morte.”
“Talvez se você parasse de se machucar, nos encontraríamos em circunstâncias melhores,” Zaya brincou, aproximando-se dela.
Islinda franziu o cenho, murmurando sob sua respiração, “Eu não encontro problemas, eles simplesmente parecem me encontrar.”
Zaya riu, achando que Islinda estava fazendo uma piada. Mal sabia ela que a humana estava falando sério.
Ela instruiu Islinda, “Talvez você devesse deitar para que possamos realizar o exame mais rapidamente.”
“Estou bem, sinceramente. Aldric está apenas fazendo muito alarde,” Islinda tentou tranquilizá-la.
Mas Zaya foi insistente, “Caso você não tenha percebido, fiz uma promessa ao príncipe fada sombrio de examiná-la minuciosamente. Não é algo que eu possa ignorar.”
Islinda queria protestar, mas entendia que Zaya estava apenas fazendo seu trabalho, e ela não queria que Zaya se metesse em problemas com Aldric. Além disso, sua tendência de minimizar seus ferimentos sempre que se machucava estava se tornando cada vez mais suspeita.
“Tudo bem. Faça o que quiser,” Islinda cedeu, deitando-se na cama. Ela permaneceu incrivelmente imóvel, sabendo por experiência que qualquer movimento poderia distrair Zaya de seu exame minucioso.
Os tratamentos de cura de Zaya não se limitavam à área lesionada, mas se estendiam ao corpo inteiro de Islinda, com o objetivo de identificar e abordar quaisquer problemas subjacentes antes que se tornassem maiores. Ficava claro que Aldric estava realmente obcecado em mantê-la viva.
Islinda observou enquanto as mãos de Zaya pairavam sobre seu pescoço, uma luz suave familiar emanava da ponta de seus dedos, iluminando levemente o quarto. No entanto, apesar da aura tranquilizante ao redor do toque curativo, as sobrancelhas de Zaya estavam franzidas em confusão.
Ao se concentrar em curar Islinda do incidente de estrangulamento, Zaya não pôde deixar de notar a ausência de quaisquer sinais de inflamação ou ferimento no pescoço de Islinda. Dada a descrição traumática do incidente que ela recebeu das pessoas presentes, Zaya esperava ver pelo menos algum sinal de inchaço ou irritação, mas não havia nada. Era como se o incidente nunca tivesse ocorrido—ou talvez tivesse sido muito exagerado.
Zaya manteve suas observações para si mesma, escolhendo em vez disso examinar o resto do corpo de Islinda. Como se mostrou, a humana estava certa—não havia nada de errado com ela.
“Você está certa,” Zaya admitiu. “Você está tão saudável quanto um cavalo,” ela soltou.
“Eu te disse,” Islinda comentou, apoiando-se nos cotovelos e sentando-se.
Zaya voltou sua atenção para Islinda. “Imagino que você vá à festa esta noite, já que não há nada errado com você.”
A expressão de Islinda mudou imediatamente. “Que festa?”
“A festa de boas-vindas que será realizada para Aldric esta noite? Você não se lembra, ou estou perdendo algo aqui?” O espanto de Zaya só aumentou ao perceber que Islinda não fazia ideia do evento.
Pelos cantos dos olhos, Islinda viu suas duas criadas, Ginger e Ailee, trocando olhares nervosos e fazendo gestos sutis para Zaya, como se estivessem tentando sinalizar para ela mudar de assunto. Islinda apertou os lábios, fingindo não ter notado o comportamento delas.
“Não faço ideia do que você está falando. Ou eu não fui convidada, ou alguém garantiu que eu não fosse convidada,” Islinda declarou firmemente, estreitando os olhos para Ginger e Ailee, que de repente não conseguiam sustentar seu olhar e começaram a agir de forma estranha.