Unidos ao Príncipe Cruel - Capítulo 619
Capítulo 619: Ensine-me a Chama Azul
Valerie soltou um gás de surpresa, levantando-se em uma posição sentada, apenas para ser tomado por uma sensação rodopiante na cabeça. Apertando a cabeça em sua palma, tentava entender o que estava acontecendo.
A última coisa que ele se lembrava era de sucumbir ao calor com Derek, o que significava que eles deveriam estar mortos. Mas ele podia sentir o poder e o sangue correndo, o som do seu coração batendo rapidamente e o cheiro seco e medicinal no ar. Não parecia que ele havia cruzado para o reino de seus ancestrais.
A tontura diminuiu, e Valerie finalmente observou seu entorno. Ele se viu em uma cabana rudemente construída, a cama sob ele sendo uma arrumação improvisada que era a mais dura na qual ele já havia dormido. Sentia dor em todas as partes do corpo, mas esse era o menor dos seus problemas.
Confusão e pânico surgiram dentro dele. Onde ele estava? Como ele tinha chegado ali? E onde estava Derek? O medo tomou conta dele ao pensar que algo tivesse acontecido ao seu companheiro. Ele jamais se perdoaria se não conseguisse proteger seu próprio protegido.
A porta rangeu ao ser aberta naquele momento, fazendo com que Valerie instintivamente adotasse uma postura defensiva, pronto para confrontar quem quer que tivesse entrado. Ele ficou de boca aberta em descrença ao ver o que estava diante dele. “Que porra é essa?” ele murmurou baixinho.
“Eu sei que loucura corre em nossa família, mas isso foi demais,” resmungou o Fae mais velho enquanto entrava no quarto, tirando um recipiente portátil pendurado no ombro.
“Avô?” Valerie deixou escapar incrédulo. “C-como?” ele gaguejou, sem conseguir compreender como ele tinha vindo a encontrar seu parente há muito perdido. Como ele veio parar aqui?
Seu avô fez um som contrariado em sua garganta antes de jogar a pele de água no Valerie, que a pegou com reflexos velozes. “Beba. Você precisa estar hidratado antes de eu te mandar de volta para o Tribunal de Verão,” ele instruiu severamente.
Valerie pegou a pele de água, percebendo o quão desesperadamente sedento estava. Sem hesitar, ele engoliu o líquido fresco em sua garganta ardente avidamente, um pouco do líquido escorrendo pelos lados de sua mandíbula e sobre seu peito tonificado. Seria um movimento considerado atraente para as fêmeas, se houvesse alguma presente, mas Valerie estava focado demais em saciar sua sede para notar.
Quando Valerie terminou de saciar sua fome enlouquecida por água, as palavras de seu avô finalmente registraram em sua cabeça. “Espera—o quê?!” ele gritou, franzindo a testa em confusão. “Do que você está falando? Não posso voltar ao Tribunal de Verão sem cumprir meu propósito aqui. Você nem sabe porque estou aqui.”
“Ah, eu sei. Como você acha que encontrei você e seu lacaio? Não sou onipresente, Valerie. Jagon foi cuidadoso o suficiente para enviar seu pássaro mensageiro para mim, e eu felizmente recebi a mensagem cedo o suficiente para ir procurar você nas montanhas. Pelo menos não coloque outro em perigo em sua missão suicida,” explicou seu avô, aproximando-se e pairando sobre ele.
Anos morando na montanha ardente deixaram suas marcas nele; sua tez outrora clara agora ostentava um tom bronze médio com nuances douradas quentes. A última vez que Valerie tinha visto seu avô, seu cabelo longo estava preso em um rabo de cavalo alto que quase tocava seu traseiro e era a inveja do tribunal. O aspecto efeminado que antes o caracterizava havia desaparecido.
Seu cabelo outrora longo estava cortado curto, crescendo selvagemente áspero em seu rosto, enquadrando-o com mechas rebeldes. Os cachos desgrenhados pareciam desafiar qualquer tentativa de domá-los, e uma barba crescia por baixo, adicionando à aparência rústica. Essa transformação dava a impressão de um Fae desamarrado, áspero nas bordas e selvagem sem pedir desculpas.
Mas isso não era tudo. Seu corpo estava repleto com uma exibição impressionante de músculos. Seus ombros alargados, afunilando até a cintura indicando força e agilidade. Anos de treinamento e batalha esculpiram seu físico, deixando-o parecendo cada pedaço do guerreiro experiente que ele era.
Mesmo agora, seu avô, uma vez conhecido como Rei Keon, olhava para ele com olhos dourados intimidadores que tentavam Valerie a se curvar à sua autoridade. Havia uma aura inegável de poder e habilidade que o cercava, marcando-o como uma força a ser reconhecida no campo de batalha. Apesar de sua presença imponente, Valerie resistiu à aura opressiva de seu pai. No entanto, Valerie sabia que se eles entrassem em uma luta, ele só poderia ganhar com um golpe de sorte.
“Então, se você sabe porque estou aqui, então deveria me ajudar!” Valerie retrucou, frustração borbulhando dentro dele. Ele estava cansado de todos lhe dizendo o que fazer e o que não fazer.
“E por que eu faria isso? Porque seu irmão assustador te desafiou para um duelo e você não está confiante em derrotá-lo?” o Avô Keon provocou impiedosamente, seu tom pingando com desdém.
Valerie rosnou em resposta. “Não tenho medo dele. Estou simplesmente empregando cada estratégia à minha disposição para derrotá-lo. Aldric é muito mais astuto do que você pode imaginar, e eu recuso deixar algo ao acaso.”
Keon permaneceu inabalável pelas palavras de Valerie, sua expressão grave. “A chama azul não pode ser aprendida em apenas cinco dias. Levei séculos para aperfeiçoá-la, e mesmo assim, olhe onde estou hoje. Preciso do calor constante para sobreviver. E aqui está você, pedindo para fazer o impossível.”
“Estou desesperado e determinado,” Valerie afirmou firmemente, encarando seu avô diretamente. “Prefiro morrer enquanto domino a chama azul do que perder para Aldric. E além disso, você tem anos de experiência. Você pode me ensinar o que fazer.”
Keon suspirou pesadamente, balançando a cabeça em piedade, “Então você pode danificar seu núcleo mágico e se tornar inútil? Depois sua mãe louca pode vir atrás do meu pescoço. Não, obrigado. Por mais difícil que minha vida possa ser, ainda desejo viver.”
Virando para sair, Keon congelou ao ver Valerie cair de joelhos pelo canto do olho. Franzindo o cenho profundamente, ele se virou para enfrentar seu neto.
Valerie pressionou sua cabeça ao chão, sua voz preenchida com desespero enquanto implorava ao seu avô. “Você tem que me ensinar a chama azul, avô. Prometi àquela que amo que a libertaria de seu cativeiro, e pretendo fazer isso mesmo em detrimento da minha própria vida. Por favor, me ajude, avô. Este é meu único pedido a você como sua família. Não me vire as costas.”
Um lampejo de emoção cruzou o rosto de Keon, sua resolução desmoronando diante do apelo sincero de seu neto. Estava claro que essa era a primeira vez que Valerie lhe pedia um favor, e Keon sabia que havia apenas uma escolha a fazer – cumprir isso.