Unidos ao Príncipe Cruel - Capítulo 586
Capítulo 586: Desvairado
Nota: Este capítulo contém violência gráfica e gore. A discrição do leitor é aconselhada.
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Aberração. Abominação. O epítome da anomalia.
Maxi ainda estava lutando com o peso daquelas palavras quando Anya a forçou em uma cadeira e prendeu suas mãos com correntes de ferro, não deixando espaço para fuga. Estava claro que Anya não estava correndo nenhum risco com ela.
“Perfeito,” Anya comentou, recuando para admirar seu trabalho. “Acho que podemos ter uma conversinha assim.”
Sons abafados emanavam por trás de Maxi, indicando a presença de Oma. Anya observou a mãe de Isaac com uma expressão entediada antes de se dirigir a ela.
“Não se preocupe, Oma,” Anya a tranquilizou com um gesto displicente. “Você estará livre para ir assim que eu terminar aqui. Nada pessoal, mas você precisa testemunhar a verdadeira natureza do monstro que você aceitou na vida do seu filho.”
Os gritos abafados de Oma se intensificaram, e Maxi sabia que ela devia estar desferindo uma enxurrada de maldições em desafio. Apesar de sua própria situação desesperadora, Maxi sentiu um impulso de orgulho pelo espírito combativo de Oma, embora suas tentativas de sorrir fossem frustradas pela sua face paralisada.
A irritação de Anya tornou-se palpável quando ela avançou em direção a Oma com intenções maliciosas, fazendo o coração de Maxi acelerar com pavor. O olhar de Maxi penetrou em Soma com uma intensidade mortal, silenciosamente a advertindo contra Anya tocar em Oma. Soma, percebendo a gravidade da situação, rapidamente correu para o lado de Anya e agarrou seu braço.
“Ela não vale a pena. E os efeitos do veneno não durarão para sempre. Vamos acabar com isso de uma vez.” As palavras dela carregavam um senso de urgência, instando Anya a se reencontrar com seu objetivo em comum.
Anya atendeu às palavras de Soma e deu a Oma um olhar de aviso. “Faça um som, e sua querida nora sofrerá as consequências,” ela ameaçou.
Oma ficou em silêncio, e Anya não pôde deixar de rir de sua conformidade. Anya, que uma vez reverenciou e respeitou Oma, agora, se deleitava em seu poder recém-descoberto, consumida pelo ressentimento para com a mãe de Isaac. Com um sentimento torcido de satisfação, Anya saboreou a oportunidade de brincar tanto com Oma quanto com Maxi, sentindo-se como se estivesse no topo do mundo.
Voltando a Maxi com um sorriso doentio, Anya continuou, “Agora, onde estávamos? Ah, sim…” Ela tocou o dedo contra os lábios em simulação de contemplação. “Eu estava prestes a revelar os adoráveis planos que tenho para você.”
Como se o tempo não tivesse importância, Anya selecionou casualmente outro assento e se posicionou em frente a Maxi, apoiando o queixo na beirada da madeira enquanto olhava para Maxi com uma sensação de contentamento.
“Agora, por onde devo começar?” Anya refletiu, sua voz transbordando de arrogância. “Quando descobri sua verdadeira identidade, meu primeiro instinto foi denunciá-la à Guarda do Rei. Afinal, como uma fada sombria, mesmo uma com a capacidade de se transformar em um cavalo, poderia ser permitida a circular livremente? No entanto, percebi que não podia agir precipitadamente. Se você conseguiu evitar suspeitas por todos esses anos, sugere que você é uma adversária formidável. Além disso, não pude ignorar a possibilidade de você representar uma ameaça à segurança de Isaac. E se, encurralada, você decidisse machucá-lo como último recurso?”
Anya jogou a cabeça para trás e irrompeu em risadas, lágrimas escorrendo pelas bochechas enquanto continuava a falar. “Então, você pode imaginar meu assombro quando fui alertar Oma sobre sua verdadeira natureza, apenas para descobrir que ela já sabia disso o tempo todo e escolheu manter em segredo.” Ela voltou seu olhar para Oma, que permaneceu rígida, encarando Anya com uma resolução inabalável.
“Você sequer compreende as consequências de abrigar uma fada sombria? É morte,” a voz de Anya gotejou veneno enquanto ela fixava Maxi com um olhar penetrante. “Oma estava disposta a arriscar tudo – sua vida, sua família – por sua causa. E mesmo assim, eu sou condenada por apenas me entregar aos meus desejos com Isaac,” ela zombou, com uma risada amarga. “Isso não é o epítome da hipocrisia?”
De repente, a atitude de Anya mudou, sua raiva subindo à superfície como um vulcão prestes a entrar em erupção. Com um movimento violento, ela se levantou de sua cadeira, jogando-a ao chão num acesso de fúria. Anya pairou sobre Maxi, seus olhos ardendo de raiva, suas respirações vindas em arrancos irregulares.
“Oma teve a audácia de me rejeitar!” Anya cuspiu as palavras, sua voz tingida de fúria. “Ela escolheu Isaac em vez de mim, aquela que esteve ao lado deles por anos. Isaac pertence a mim. Eu sabia desde o momento em que o vi como uma criança que ele estava destinado a ser meu! E ainda assim…” A tensão no ar crepitava como um relâmpago, uma tempestade escura se formando no horizonte. “Ela ousou negar-me o meu destino de direito e entregá-lo a quem? Uma fada sombria?”
A risada de Anya preencheu o cômodo, reverberando pelas paredes enquanto ela encontrava a situação extremamente divertida. Mas, em meio ao seu ataque de histeria, Maxi permaneceu imperturbável, sua expressão inexpressiva. Ela já tinha enfrentado adversários muito mais assustadores do que uma rival amorosa ciumenta e desequilibrada, e se recusou a permitir que as travessuras de Anya a perturbassem. Entretanto, por baixo de sua fachada composta, Maxi fervia com raiva controlada, aguardando o momento oportuno para atacar. Ela sabia muito bem que psicopatas como Anya estavam fadados a cometer erros — era apenas uma questão de tempo.
À medida que a risada de Anya diminuía, ela lançou a Maxi um olhar assombrado, sua postura mudando à medida que se confessava, “Eu fiz o que acreditei ser necessário. Sabia que era errado, mas Oma precisava ver a verdade, e é exatamente isso que pretendo mostrar a ela.” Inclinando-se para mais perto, seu rosto a centímetros de Maxi, a intenção maliciosa de Anya era inconfundível. “Quando terminar com você,” ela sussurrou, a malevolência evidente em sua voz, “eu entregarei o que restar de você a eles, e eles que lidem com os restos.”
A risada de Anya cresceu mais maníaca, alimentada pela ardente antecipação percorrendo suas veias. Suas intenções estavam cristalinas: ela pretendia matar Maxi. Ninguém piscaria pela morte de uma Fae sombria; estava bem dentro de seu direito de fazê-lo. De acordo com as leis dos Fae luminosos, qualquer encontro com uma Fae sombria justificava execução imediata.
“Mas primeiro, vamos revelar o monstro interior,” Anya declarou com um sorriso distorcido. Sem hesitação, ela cravou uma faca na coxa de Maxi, arrancando um grunhido de agonia de Maxi enquanto ela se contorcia de dor, suas feições distorcidas em angústia.
Os gritos de protesto de Oma encheram o ar, mas Anya apenas riu em resposta, saboreando o tormento que infligia. Soma, cada vez mais desconfortável com a brutalidade que se desenrolava, engoliu nervoso, percebendo que Anya havia cruzado um limite.
Com hesitação, Soma estendeu a mão para Anya, sua voz trêmula de medo enquanto tentava intervir. “Eu não acho que isso fazia parte do plano—”
Anya girou com uma velocidade alarmante, pegando Soma desprevenida, e cravou a faca em seu pescoço com força brutal. O sangue jorrou da ferida como um rio carmesim enquanto a expressão horrorizada de Soma implorava por compreensão.
“Você foi útil…” a voz de Anya estava fria como gelo enquanto ela retirava a faca, apenas para cravá-la no peito de Soma desta vez, segurando o cabo com ambas as mãos e empurrando-a mais fundo, arrancando um som nauseante à medida que torcia dentro dela.
“Eu confiei em você…” Soma conseguiu ofegar, sangue escorrendo por seus lábios e espirrando no rosto de Anya, mas o brilho assassino nos olhos de Anya permaneceu inabalável enquanto ela assistia à luz se apagar nos olhos de Soma.
“Adeus, ‘amiga’,” Anya zombou cruelmente, arrancando a faca do peito de Soma com desdém insensível, fazendo com que o corpo sem vida dela desabasse no chão em uma pilha.
Ela começou a convulsionar no chão, seu corpo tomado pela luta desesperada para se agarrar à vida. Mas Soma, sendo uma Fae inferior, sucumbiu rapidamente, seus movimentos cessando gradualmente até que seus olhos ametista outrora vibrantes empalideceram e a luz dentro deles desapareceu.
A risada de Anya reverberou pelo salão mais uma vez, mas desta vez enviou calafrios pela espinha de Oma. A realização a atingiu com uma clareza nauseante: ela quase havia convencido Isaac a tomar Anya como sua esposa. Anya havia rotulado Maxi de monstro por causa de sua herança de Fae sombria, mas agora, o verdadeiro monstro no recinto estava patente para ela.
Anya limpou o sangue de seu rosto com um desapego frio, seu olhar fixado em Maxi sem um pingo de remorso pelo fim de Soma. A Fae inferior havia cumprido seu propósito e se tornado descartável na busca de Anya por vingança. Embora outrora tivesse carinho por Soma, as prioridades de Anya haviam mudado, e a presença de Soma se tornara um empecilho.
Ninguém ficaria em seu caminho enquanto buscava retaliação contra Maxi. Ninguém. Quando a Guarda do Rei chegasse, Anya já tinha elaborado um plano para jogar a culpa pela morte de Soma em Maxi. Soma agora era apenas uma vítima, um trágico exemplo da crueldade das fadas sombrias — uma encarnação da ameaça que Maxi representava.
“Agora, onde você está escondendo isso?” A voz de Anya assumiu uma qualidade cantante enquanto seus olhos vasculhavam a forma de Maxi, em busca de qualquer vestígio do glamour que escondia sua verdadeira identidade como uma Fae sombria. O plano de Anya era claro: arrancar o disfarce de Maxi e expor sua natureza monstruosa para o mundo.
“Onde você usa o encanto?” A voz de Anya gotejava com malícia enquanto ela traçava as feições de Maxi com a ponta de sua faca, seguindo o rastro invisível do glamour até seu pescoço e então até seu braço direito, finalmente repousando em seus dedos. “Ah, aí está,” ela exclamou, um brilho perigoso em seus olhos.
“O disfarce perfeito,” Anya comentou com um sentido torcido de admiração. “Um anel de noivado — uma cobertura inteligente para o engano por baixo.” Seu sorriso se tornou arrepiante enquanto continuava, “Mas este anel não lhe pertence de forma alguma.”
Com um movimento rápido e impiedoso, Anya cortou o dedo de Maxi junto com o anel, fazendo-a gritar de agonia enquanto o som reverberava pelo cômodo. Indiferente ao sofrimento de Maxi, Anya riu sadicamente, agarrando o dedo severado como um troféu grotesco de sua vitória.
Com o anel desaparecido, o glamour se dissolveu, e a verdadeira forma de Maxi foi revelada, as marcas negras em seu rosto emergindo à vista. No entanto, em meio ao caos e à dor, Maxi se tornou agudamente consciente de uma verdade inegável.
Ela estava gritando.