Unidos ao Príncipe Cruel - Capítulo 581
Capítulo 581: Domine a Chama Azul
Os olhos de Valerie se abriram num sobressalto com um gáspeo assustado, seu coração acelerando no peito. Ele se agitou para se sentar, desorientado e sem fôlego, apenas para que mãos gentis o alcançassem, tentando fazê-lo deitar-se novamente na cama. Ele olhou ao redor com olhos frenéticos, lutando para compreender o ambiente à sua volta.
“Calma, irmão. Calma,” uma voz familiar o tranquilizou, seu tom um bálsamo calmante para sua mente desorientada.
Era Andre.
“Onde estou?” Valerie jogou o lençol para o lado e sentou-se, incapaz de continuar deitado.
“Você deveria se acalmar primeiro,” Andre lhe disse, um olhar preocupado em seus olhos.
Mas esses avisos foram perdidos em Valerie, cuja mente já começava a juntar as peças, “Este é o seu lugar,” Andre afirmou, reconhecendo seus arredores.
Valerie tentou fazer um pequeno movimento, apenas para encontrar uma forte pontada de dor. Ele se contorceu. “Por que meu corpo dói? A última coisa que me lembro é…” Valerie parou, seus músculos se tensionando enquanto os eventos do dia voltavam à sua mente em uma enxurrada de memórias.
“Oh não…” A cabeça de Valerie virou-se rapidamente em direção a Andre, uma mistura de curiosidade e medo brilhando em seus olhos. “Minha mãe…?” Ele queria saber, mas temia o que iria descobrir.
A resposta de Andre foi impassível. “Está resolvido.”
“O que você quer dizer com ‘está resolvido’?” A voz de Valerie saiu ríspida, sua intuição já pressentindo problemas. Ele conhecia seu irmão bem, e o sentimento de vazio no fundo de seu estômago lhe dizia que Andre provavelmente havia feito algo imprudente.
Andre permaneceu em silêncio, seus olhos endurecendo com determinação ao invés de oferecer uma explicação. Com um suspiro resignado, Valerie não teve escolha a não ser levantar da cama. Apesar de ter tido tempo para se recuperar da surra que sua mãe havia infligido, ele ainda pulsava em vários lugares, evidência da brutalidade do encontro com a Rainha Fae.
Aproximando-se de seu irmão, Valerie colocou ambas as mãos firmemente nos ombros de Andre, sua pegada apertando. “O que você fez, Andre?” ele exigiu, sua voz tingida de urgência.
“O que deveria ter sido feito desde o início,” Andre respondeu, sua voz desprovida de emoção.
Valerie fixou o olhar em seu irmão, uma realização surgindo sobre ele. “Você sabia.”
“Se você está se referindo ao abuso que você sofreu nas mãos de sua mãe, então sim,” Andre confirmou friamente. “Como espião-mestre, quase nenhum segredo escapa da minha atenção.”
Valerie balançou a cabeça, uma onda de resignação o envolvendo. “Não é abuso. A Mãe estava apenas me disciplinando. Parece que posso ter cometido um grande erro desta vez.”
Entretanto, a resposta de Andre estava longe de ser simpática. Ele riu sem alegria, sua carranca direcionada para Valerie. “Sério? Você considera ser espancado quase à estupidez como disciplina?” Ele zombou, seu tom gotejando desdém. “Bem, você não é nada além de uma vítima condicionada a defendê-la. Não estou surpreso de qualquer maneira.”
A resolução de Valerie se solidificou enquanto ele perguntava novamente, sua voz mais firme, “O que você fez exatamente, Andre?”
Apesar de quebrar a cabeça, ele não conseguia lembrar dos eventos claramente. Tudo o que ele conseguia lembrar era a voz de seu pai no último momento, embora parecesse distante e nebulosa, encoberta por um turbilhão de pensamentos e emoções.
Andre ergueu o queixo desafiadoramente. “Eu não fiz nada além de convidar nosso pai e o gabinete para testemunhar um espetáculo sensacional.”
“Não, você não fez…” Valerie murmurou, congelando no lugar enquanto as palavras se aprofundavam. Ele recuou, seus olhos se arregalando em choque enquanto olhava para seu irmão.
“Por que você faria isso?” Valerie questionou em um tom baixo, tão suave que Andre poderia ter perdido se ele não estivesse prestando atenção.
“O quê?” Andre respondeu, confuso.
“Por que você traria o gabinete para testemunhar esse momento, sabendo que colocaria minha mãe em uma situação difícil? Sem mencionar, eles me viram em meu momento mais baixo. O que eles pensariam de mim agora, seu próprio príncipe herdeiro espancado por sua própria mãe por sua má escolha?!” A voz de Valerie se elevou, uma mistura de raiva e dor gravada em suas palavras enquanto ele gritava com seu irmão.
“Eu fiz isso por você!” A voz de Andre retumbou de volta, cheia de frustração. “Sua mãe tem um poder imenso, e essa foi a única maneira de expor os crimes dela. Você tem alguma ideia do quão difícil foi para mim testemunhar o mau-trato dela com você e não fazer nada? Acorde, Valerie! Isso não era disciplina; era abuso! Sua mãe é uma valentona e uma tirana!”
Diminuindo a distância entre eles, o olhar de Andre penetrou em Valerie, seu tom áspero. “Eu fiz o que era necessário para proteger meu irmão! Meu irmão mais novo! Que tipo de irmão seria eu se não pudesse te proteger?”
A intensidade crua das palavras de Andre deixou Valerie atônito, sua boca aberta enquanto ele processava a gravidade das ações de seu irmão. Com as emoções girando dentro dele, Valerie se viu tomado pela gratidão e compreensão. Sem hesitação, ele lançou-se nos braços de Andre, abraçando seu irmão com força, o laço não dito de irmandade falando volumes entre eles.
“Eu sinto muito,” Valerie sussurrou, sua voz cheia de remorso genuíno. “E ao mesmo tempo, estou grato.”
“Eu também sinto muito,” Andre respondeu, abraçando-o de volta com igual sinceridade, sua ligação como irmãos palpável no momento.
Apesar de nascidos de mães diferentes, eles compartilhavam o mesmo sangue, uma conexão que transcendia suas diferenças. Se apenas suas mães não tivessem sido consumidas pela sede de poder, eles poderiam ter crescido juntos, unidos em vez de divididos pelo trono.
Eles se abraçaram por um tempo, perdidos em suas emoções compartilhadas, até que o momento começou a parecer constrangedor, impelindo-os a se separarem.
Valerie se acomodou na beira da cama, perdida em pensamentos, quando Andre falou. “Como você está se sentindo?” ele perguntou, sua preocupação evidente em sua voz.
Ele suspirou. “Bem.”
“Bom.”
“O que aconteceu com a minha mãe?” Valerie finalmente perguntou, ansiosa por saber.
“Na sala fria,” Andre respondeu simplesmente.
“O quê?” O coração de Valerie se apertou dolorosamente com o pensamento.
A sala fria era um lugar temido, meticulosamente criado por Oberon, o Rei do Inverno, e raramente utilizado exceto em situações extremas. Havia rumores de que o Rei Oberon a reservava para punir criminosos endurecidos que ousassem desafiar sua autoridade.
Ela jaz escondida sob o palácio, um lugar de desolação gelada que se destaca em contraste nítido com as profundezas ardentes do inferno. Aqui, dentro do inferno congelado, as temperaturas despencam para profundidades inimagináveis, onde meros minutos de exposição podem infligir congelamento severo até mesmo nos Fae do Inverno mais resistentes. O ar é espesso com uma névoa gelada que parece se infiltrar na própria alma de quem se atreve a se aventurar ali, deixando nenhum refúgio contra o frio entorpecedor.
Para a Rainha Fae Maeve, uma Fae do Verão acostumada ao calor e à luz, o quarto seria um lugar de pura agonia. Cada respiração pareceria inalar estilhaços de gelo, e cada movimento enviaria ondas de frio excruciante percorrendo suas veias. Apesar de sua resiliência como uma Fae da Corte do Verão, o gelo implacável do quarto testava sua resistência ao limite, ameaçando extinguir a própria essência de seu espírito ardente, drenando sua força e vitalidade.
A Rainha Maeve permaneceria enredada neste pesadelo interminável de tormento gelado, ansiando pelo abraço reconfortante do calor até que o Rei do Inverno considerasse sua punição suficiente. Presa nos confins frios da sala, ela seria negada até mesmo o consolo da morte, já que a câmara é meticulosamente monitorada para garantir sua sobrevivência até que sua sentença seja cumprida por completo.
Valerie ficou em silêncio, lutando com um turbilhão de emoções conflitantes. Lá no fundo dele, havia uma sensação de alívio por sua mãe finalmente enfrentar consequências por suas ações, mas ao mesmo tempo, ela ainda era sua mãe, e ele não podia deixar de desejar que ela fosse poupada do sofrimento.
“É tudo minha culpa,” ele murmurou, suas mãos se movimentando nervosamente.
“Não é sua culpa,” Andre contestou firmemente.
Valerie persistiu, sua voz tingida de auto-culpa. “Se eu não tivesse desafiado Aldric para um duelo mortal, ela não teria perdido a paciência e—”
“Não faça desculpas para uma tirana, Valerie,” Andre interrompeu severamente. “Se não fosse por este duelo, algo mais teria desencadeado suas tendências violentas. E falando nisso… o que diabos você estava pensando ao desafiar Aldric para um duelo mortal?!”
Valerie corou de vergonha. “A ideia parecia viável na hora. Eu pensei que poderia garantir a libertação de Islinda, e o duelo parecia estar a meu favor. Ou pelo menos parecia.”
Andre suspirou profundamente. “Você caiu direitinho nas mãos do Aldric.”
Valerie sorriu confiante. “Foi o que minha mãe disse.” Ele olhou para Andre com segurança. “Mas não se preocupe, eu sairei vitorioso.”
Andre arqueou uma sobrancelha, sua expressão mudando de surpresa para suspeita. “Por que tenho a impressão de que você está prestes a fazer algo insensato?”
Valerie sorriu ironicamente. “Estou simplesmente tentando fazer o que é certo.”
“Valerie…” A voz de Andre agora estava tingida de ansiedade. “O que você pretende fazer?”
“Eu dominarei a chama azul,” Valerie declarou resolutamente.
“O quê?” Andre ficou atônito, seus olhos se arregalando de choque. “Não,” ele disse firmemente, seu olhar se tornando frio. “Nem mesmo sua mãe conseguiu dominar a chama azul, e você quer tentar? E em apenas uma semana? Isso é suicídio, pelo amor de Deus!”
“Minha mãe não conseguiu, mas meu bisavô conseguiu, e eu sei onde encontrá-lo,” Valerie respondeu, seus olhos brilhando com determinação.
“Valerie, eu não posso apoiar isso. Você poderia perder—” Andre começou, mas Valerie o interrompeu.
“Minha decisão já está tomada, e não há nada que você possa fazer para mudá-la. No entanto, você pode me ajudar de alguma outra maneira,” Ele insistiu.
Andre queria protestar mais, mas ele sabia quando a mente de seu irmão estava decidida. “Tudo bem. O que é?”
“É sobre Islinda…”