Uma Companheira Para o Último Lycan - Capítulo 48

48: ELE TE USOU 48: ELE TE USOU “Todas vocês podem sair,” disse Zuri, acenando com a mão para as duas aias pessoais de sua mãe. Elas olharam para Luna Karina e só saíram depois que ela assentiu.

“Qual o significado disso, Zuri?” perguntou Karina. “Precisamos ir para o palácio. Você precisa se apressar.”

Em vez de responder, Zuri optou por sentar-se na beira da cama e encarar sua mãe. “Esta noite, eles vão realizar o golpe, por que precisamos estar lá? É perigoso, você não acha?”

Karina arregalou os olhos, pois Zuri falava do golpe com tamanha casualidade. Felizmente, não havia ninguém além das duas ali.

“Ainda precisamos manter as aparências. Não podemos nos dar ao luxo de alertar o Rei de que haverá um golpe contra ele. Ele ficará alerta se faltarmos a essa festa. Seu pai disse que o Rei pareceu notar que algo estava errado, mas ainda não conseguiu perceber o que é.”

O quarto que sua mãe ocupava era o segundo maior na casa da matilha com amarelo como a cor dominante. Da janela, podiam-se ver fileiras de árvores. As folhas estavam amarelecendo, indicando que o outono se aproximava, à medida que o vento começava a ficar um pouco mais frio.

“Zuri!” Karina avançou em sua direção, parecia chateada porque Zuri estava novamente alimentando seus pensamentos irracionais. “Você tomou seu remédio?”

“Por que você, pai e Xaden sempre me chamam de louca?” Zuri perguntou de repente. Ela olhou ao redor do quarto. Ele não tinha nenhum aconchego. O quarto era frio, assim como o dela.

“Porque você age como uma!”

“Mas alguém me disse que eu fui machucada. Ele não disse que eu era louca, só machucada.”

Karina estava perdida, ela não sabia do que Zuri estava falando. Ela foi verificar seus pertences para encontrar o medicamento dela. Ela sempre carregava alguns consigo, caso Zuri começasse a descompensar novamente assim. “Venha, tome isso. Você vai se sentir melhor.”

No entanto, Zuri afastou a mão dela e a olhou de perto. “Eu não sou louca.”

‘Sim, você é.’
‘Se você não fosse louca, então por que continua ouvindo essas vozes aleatórias em sua cabeça?’
As vozes em sua cabeça zombavam dela.

“Isso não é sobre se você é louca ou não! Trata-se de conseguir sobreviver!” Karina estava furiosa, ela pegou as pílulas do chão e as empurrou para a mão dela novamente. “Tome e vá trocar de vestido. Iremos para o palácio agora!” Ainda havia tempo.

“O pai falhará na tentativa de realizar o golpe,” Zuri soltou sem pensar. “Amanhã, ele estará na fila para a execução.”

“O que você quer dizer?” Karina cambaleou para trás. “O que você quer dizer com isso?” Ela não conhecia os detalhes do plano, mas sabia que Roland havia pensado em tudo cuidadosamente. “Você mesma disse que o Alfa Xaden estava limpo, que ele não estava tentando jogar sujo contra seu pai!”

Afinal, Zuri havia sido encarregada de manter um olho atento sobre Xaden e informar seu pai se havia algo suspeito sobre ele.

“Não se preocupe, mãe, Xaden estará ao lado do pai.”

Karina tentou pensar profundamente para entender o significado por trás das palavras de Zuri e a realização a chocou profundamente. “Alfa Khaos! Você contou tudo a ele?!”

“Sim.”

“De maneira alguma… De maneira alguma…” Karina balançou a cabeça e sua primeira reação foi agredir Zuri. “Você é louca! Você está completamente insana! Você está disposta a colocar seu próprio companheiro e seu pai em perigo! Eles vão ser mortos!”

“Esse é plano,” respondeu Zuri, indiferentemente.

Um tapa forte aterrissou em seu rosto quando ela disse isso, mas em vez de chorar de dor, Zuri estava rindo, pois recebia aquela sensação familiar. Ela estava acostumada com a dor, então não se importava nem um pouco.

Era quase como se ela recebesse um velho amigo.

Já fazia um tempo desde que alguém a puniu ou a esbofeteou…

“Eu posso entender se você tiver um caso com o Alfa Khaos, mas para você contar a ele sobre os segredos que podem destruir todos nós, você foi longe demais! Você acha que consegue escapar disso?! Se o seu pai e seu companheiro caírem, você também cairá! Você acha que conseguirá escapar da pena de morte só porque o Alfa Khaos está transando com você?!”

“É um pouco embaraçoso, mas ele ainda não me tocou.” Ela deu de ombros. “Gostaria que ele tivesse.”

“Eu deveria saber que você cresceria para ser tão louca quanto era quando criança! Eu vi sua loucura! Eu deveria ter deixado você se afogar naquela época!” Karina gritou, erguendo a mão novamente, querendo lhe dar outro tapa, mas Zuri viu isso chegando e pegou sua mão antes que ela pudesse machucá-la.

Não é todo dia que sua mãe admite que desejou que você estivesse morta. Zuri se lembrou de que quase se afogou no lago quando tinha cinco anos. Rhet, seu terceiro irmão, a salvou.

“Você está decepcionada comigo porque sou uma menina? Você acha que se eu fosse um menino, o pai me faria seu herdeiro do título de alfa?” Zuri já sabia a resposta para isso.

Karina respirou fundo antes de dar um passo em direção a Zuri e acariciar seu rosto. “Eu te amo, Zuri, mas não tem sido fácil criá-la. Não lamento que você tenha nascido menina, mas você me decepciona sempre que se torna instável.” Zuri havia mostrado esses sinais desde que era pequena.

“Você deu ao Alfa Khaos mais do que ele merecia só porque ele lhe deu um pouco de atenção. Isso não está certo.” Karina balançou a cabeça. “Não se apegue a alguém que lhe dá apenas um pouco de atenção só porque você está desesperada por ela.”

“Eu não estou apenas desesperada, mãe. Eu estou morrendo por ela.”

“Ele só usou você.”

“Eu sei. Eu permiti que ele me usasse.”