Uma Companheira Para o Último Lycan - Capítulo 228

228: A VERDADE SOBRE O LICANTROPO (2) 228: A VERDADE SOBRE O LICANTROPO (2) Zuri sabia que os lycanos levavam crianças para o ritual com o objetivo de completar o sangue da beleza. Antes de Khaos, o ritual para o sangue da beleza havia sido registrado, e Khaos lhe ensinara a lê-lo.

Ela não era boa nisso, mas Khaos lhe contara sobre o número de pessoas que haviam morrido no processo de completar o sangue da beleza. O número era enorme, mas aparentemente, o que estava dito nas escrituras dos lycanos não cobria o número real.

O que estava escrito nas escrituras, eram apenas as crianças das famílias nobres, mas não incluía o número de crianças dos plebeus.

Já que o sangue da beleza significava centenas de maldições sombrias, era necessário começar em uma idade bem jovem, pois era preciso esperar o corpo se ajustar e adicionar as maldições com o passar do tempo.

Se acrescentassem o número de crianças dos plebeus, o número seria impressionante.

E agora, Zuri se lembrava da velha mulher que lhe vendera duas meninas. Ela mesma disse que os lycanos queriam crianças. Eles precisavam das crianças para o ritual.

Aquela mulher era velha o bastante para ter vivido na época em que a antiga dinastia estava no auge.

“Você pode não acreditar em mim. Compreendo isso,” disse Lorent, sua voz era suave. Ele não forçava Zuri a acreditar nele, mas dava espaço para ela pensar. “Mas há alguém que conheço, que foi vítima desse destino.” Ele então acrescentou. “O mesmo destino que você.”

Ele sabia.

Este homem sabia que Zuri era a Concha. Ela era o sangue da beleza.

Zuri não disse nada em resposta à sua declaração. Seu rosto não traía a turbulência em seu coração, mas sua cabeça ecoava com as vozes que a ridicularizavam por escolher Khaos.

“Venha encontrar-me. Levarei você para conhecer ela.” Lorent deu dois passos para trás, permitindo que Zuri respirasse, ela nem sequer percebeu que estava prendendo a respiração. “Espero que esta conversa fique entre nós.”

E essa foi a última coisa que Lorent disse antes de se afastar dela, digerindo a nova informação.

Não foi mencionado na conversa que ele sabia sobre o sangue da beleza, que ele sabia que Zuri era a Concha, mas parecia um entendimento tácito entre eles.

Zuri sentia-se doente quando as vozes em sua cabeça repetiam o que Lorent dissera, uma e outra vez, sobre o destino das Conchas. Elas estavam mortas.

O ritual era cruel. Ela sabia disso, pois agora haviam parado de apagar suas memórias sobre a dor e agonia que teve de passar durante o ritual, quando a maldição era lançada sobre ela.

Aquilo foi a pior coisa que já aconteceu a ela.

Rhett estava sendo ‘gentil’ ao considerar apagar suas memórias, mesmo que fosse para seu próprio benefício.

‘Você realmente acha que isso não tem efeitos colaterais?’
‘Você realmente acredita que, por Khaos ter marcado você, significa que ele se importa? Ele só quer que você sobreviva porque você está a apenas uma maldição de completar o objetivo dele.’
‘Maldição sombria é uma magia perigosa. Você não sairá dessa situação ilesa. Você se tornará a manifestação do mal. Você lembra do que Lorent disse, certo? Você vai perder a si mesma e se tornar o demônio em pessoa. Você já sentiu, certo? Sentiu nos seus ossos.’
‘Sua impulsividade para violência.’
‘Você realmente acha que Khaos estará ao seu lado uma vez que tudo estiver terminado?’
Zuri cerrava os dentes. Ela não sabia o que sentir, mas então lembrava a si mesma, novamente e novamente, que sabia que Khaos a estava usando e que ela permitiu que isso acontecesse.

Ela lembrava a si mesma que queria ver o fim disso com ele. Estava determinada a ajudá-lo.

Ela sabia que estava sendo usada.

Mas, o afeto que Khaos mostrava a ela, o modo como cuidava dela, a atenção e o amor que ela tanto ansiava e que ninguém jamais lhe dera até ele…

Tudo parecia real. Parecia que os sentimentos deles eram reais, mas uma vez que tudo estivesse terminado, ele a trataria da mesma forma?

Khaos disse que poderia se virar sem o poder supremo dos lycanos, ele não precisava dela para completar o sangue da beleza, mas Rhett lhe dissera que eles não conseguiriam derrubar o Grande Reino Lunar sem isso.

Ainda mais…

O motivo para os três reinos unirem forças e acabar com a dinastia dos lycanos soava… justificado.

Eles eram cruéis.

‘Você também. Você gosta da crueldade. Você se deleita no sofrimento alheio. Você se emocionava ao assistir à execução, como se fosse algum tipo de diversão para você.’
‘Não seja hipócrita. Você também é cruel.’
[Você precisa parar de franzir a testa.]
Zuri se assustou quando ouviu a voz de Khaos em sua cabeça, enquanto ele a conectava mentalmente do outro lado do salão. De repente, as vozes em sua cabeça desapareceram e ela só podia ouvir a voz dele, o que foi um alívio.

A cerimônia de coroação acabara de terminar e ela nem mesmo sabia como conseguiu passar por tudo quando sua mente não estava lá. Zuri nem sequer podia dizer se tinha corrido bem ou não. Ela sentia como se não estivesse em seu próprio corpo.

[Eu não estou franzindo a testa.] Zuri respondeu, franzindo o nariz quando Khaos riu em sua cabeça.

[Não minta, eu posso ver uma ruga na sua testa. Se você não parar, isso pode se tornar permanente.] Ele a provocou e então se aproximou para arrumar sua franja. “Você não gosta de estar aqui? Deveríamos ir para outro lugar?”

Todos estavam curtindo a festa, bebendo e cantando, risos ecoavam contra a parede.

“Quanto tempo ficaremos aqui?”

“Partiremos em dois dias.”

E mais tarde naquela noite, Zuri foi encontrar Lorent.