Uma Companheira Para o Último Lycan - Capítulo 114

114: SITUAÇÃO COMPLICADA 114: SITUAÇÃO COMPLICADA ‘Por que você me machucou?’
A pergunta ecoava na cabeça de Khaos. Ele não machucou diretamente, mas não fez nada quando a machucaram.

A maneira como ela confiava nele e como ela se apegava a ele. A forma como ela estava obcecada por ele… Khaos tinha certeza de que Zuri teria acreditado em cada palavra que ele dissesse, mesmo que ele lhe dissesse que o sol nascia no oeste.

A ligação entre eles não era real. Era um apego entre a Concha e o lycano.

No entanto, a pergunta dela se instalou no fundo da sua cabeça, junto com a imagem dela mais jovem, abraçando-se em uma noite fria de inverno.

Khaos não fez nada naquela vez e ele não fez nada para ajudá-la desta vez.

“Você não pode vacilar, Khaos,” Caiden disse, ele franziu a testa com suas próprias palavras. “Você sabe que isso é necessário e importante.”

Caiden ainda estava contemplando se precisava ou não informar Bryden e seu pai, que atualmente estavam no Grande Reino Lunar, mas agora ele era contra.

Esse assunto era complicado demais para ser explicado em uma única carta e, além disso, ele não queria ir contra o julgamento de Khaos.

Ele pensou que Khaos estava influenciado por sua paixão por Zuri, mas agora, ele entendia o apego entre os dois e por que a conexão aconteceu.

“Abra a porta.” Khaos acenou para a porta fechada à sua frente com Zuri ainda inconsciente em seus braços. Aqueles usuários de magia negra tinham apagado as memórias dela sobre o ritual e ela acordaria no dia seguinte.

Eles disseram que ela ficaria bem. Seu corpo era uma Concha perfeita e eles poderiam até colocar a quarta maldição se Khaos quisesse, para que pudessem acelerar o progresso do sangue da beleza.

No entanto, Khaos não disse nada e levou Zuri embora. Sua expressão era indecifrável. Esperavam ser elogiados pelo alfa, mas aparentemente o que tinham feito não o impressionou nem um pouco. Os adoradores ficaram decepcionados.

Caiden abriu a porta para ele e então deu uma olhada no rosto adormecido de Zuri. Ele deixou a cena depois da primeira maldição infligida a ela, mas ainda podia ouvir o grito dela.

Seu grito preenchia a mansão inteira. Havia um motivo pelo qual este lugar era isolado. O gamma sentia que seus ouvidos para sempre vibrariam com o grito dela a partir daquele ponto.

“São mais vinte, certo?” Caiden perguntou, tentando interagir com Khaos, porque o alfa estava muito calado. Ele não conseguia ler sua mente, nem poderia vincular-se mentalmente com ele. Ele o bloqueou e a todos os outros. “Acho que vai ser concluído mais rápido do que esperávamos. Com isso, ela não precisa mais sofrer.”

Caiden não sabia exatamente o que dizer a ele, mas ele sentia por Khaos.

Desde que ele pôde entender como esse mundo funcionava, a primeira coisa que lhe foi apresentada foi a vingança, a vingança da geração anterior foi um peso em seus ombros.

Khaos tinha que vingar as pessoas que eram seu sangue, mas ele nunca soube nada sobre elas, além das histórias da geração anterior, dos que sobreviveram ao massacre ou da história limitada dos lycans.

Ele carregava toda a dinastia consigo.

E agora, quando as pessoas do culto apareceram, Caiden não tinha certeza se isso seria bom para Khaos ou não, porque para ele, essas pessoas não eram diferentes daquelas que queriam cavalgar na bandeira da dinastia lican para conseguir o que queriam.

Eles pouco se importavam com o que Khaos queria e como ele estava, desde que ele cumprisse seu dever como o último lycano e a vingança, eles marchariam atrás dele e sempre que pensassem que Khaos estava se desviando de seu objetivo, eles o ‘endireitariam’.

Khaos nunca havia dito nada sobre isso. Ele vivia com esse senso de dever e Caiden sabia quão grande era a pressão que as pessoas ao redor dele colocavam sobre ele.

“Você acha que ela vai sobreviver a mais vinte maldições?” Khaos perguntou, ele ajeitou-a na cama e ficou ao lado da cama, olhando para Zuri com uma expressão impassível.

“Se por sobreviver você quer dizer que ela ficará viva, acho que ela estará viva no final… mas, não tenho certeza se ela será a mesma.” Caiden expressou seu próprio pensamento honestamente. “Você também pode sentir agora, ela mudou muito e as vozes e as alucinações…” Caiden não terminou suas palavras, porque ele sabia o que Khaos ia dizer.

A personalidade dela havia mudado. Ela se tornou muito intensa e errática, ela estava meio selvagem agora.

“Você me falou sobre como a Concha se tornará no futuro… eles se perdem, sua mente…” Caiden franziu a testa. “Se alguém perder isso… você pode dizer se ela está realmente viva? Ela se tornará uma casca.” Caiden fez uma careta. “Provavelmente é por isso que eles as chamam de ‘Concha’, porque é o que resta quando tudo termina.”

Uma casca sem alma.

Era isso o que Zuri teria que enfrentar e agora, ela começava a se perder.

“Você pode sair, Caiden.” Khaos nem olhou para o gamma quando lhe disse para sair.

Caiden queria argumentar, mas segurou sua língua e assentiu. Ele deixou o quarto, mas Rhett já estava lá para verificar Khaos.

“Não incomode ele,” Rhett disse, ele olhou para Rhett com severidade. Ele não gostava desse homem. Ele demonstrava sua lealdade ao alfa, mas era muito cedo para dizer que ele era uma boa notícia para eles, apesar daquele culto que ele tinha.

“Eu só queria ter certeza de que o alfa está bem.”

“Ele está bem.”

Rhett não o ouviu, estendeu a mão para pegar a maçaneta da porta, tentando verificar o alfa por conta própria, mas o gamma segurou seu pulso para impedi-lo.

Desta vez, ele rosnou perigosamente. “Recue, Rhett. Não me importa quem você seja. Eu quebrarei seu braço se tentar entrar no quarto.”

Rhett não estava feliz com a ameaça.