Capítulo 591: Um vendedor de ratos

O velho mestre, vovô Jun resolveu temporariamente a questão da habitação da família Rai. Como se viu, uma família rica como a deles não precisaria mudar-se para a casa de outra família, eles já tinham outros planos.

Com esse assunto resolvido, ela comeu, tomou banho, se vestiu, foi para o escritório e buscou Sally. As duas mulheres se disfarçaram enquanto uma curiosa Sally perguntava a Chi Lian para onde estavam indo.

“Nós estamos indo para um lugar onde eu posso precisar das suas habilidades.” Ela respondeu.

Spider as levou para a antiga rua de antiguidades, onde ficava o prédio que ela precisava desocupar. A rua antiga era ainda menos atraente do que parecia ser nas fotos. Parecia mais um velho bairro decadente que precisava de reurbanização. A maioria dos edifícios era baixa e ainda mantinham os designs antigos, que não combinavam com a sensação estética moderna da capital. As estreitas ruas de paralelepípedos estavam superlotadas e apertadas, resultando em pessoas se espremendo desconfortavelmente enquanto caminhavam. Esta área devia ser o sonho de qualquer batedor de carteiras.

“É incrível que lugares como este ainda existam na capital, certo?” disse Sally.

“Faz-me perguntar por que ainda não foi demolido.” respondeu Chi Lian.

“Eles tentaram alguns anos atrás, eu acho, mas algumas organizações fizeram muito barulho e protestaram em frente ao palácio por dias enquanto alegavam que esta é uma rua histórica que deveria ser preservada. Na realidade, todos sabem que é um covil que abriga todo tipo de escória e deveria ser eliminado. Apesar de parecer assim, milhões são trocados neste lugar diariamente com todo tipo de negócios ilegais. Você pensaria que com todo esse dinheiro a rua seria embelezada pelo menos, mas não.” Sally balançou a cabeça em descrença e tsk, era tão inacreditável para ela.

“Mmm,” Chi Lian murmurou, enquanto caminhavam mais para dentro e para a área central da rua onde ficava o prédio.

Ela parou e ficou em pé, o que fez Sally também parar, e ambas olharam para o edifício. Era pintado de marrom, as partes inferiores do edifício eram usadas como escritórios, mas à medida que os olhos subiam, viam-se roupas penduradas nas varandas, o que também o tornava um prédio de apartamentos.

“Você está procurando alguém aí dentro, chefe?” perguntou Sally a ela.

“Algo assim.” Ela respondeu vagamente, sem elaborar mais seu verdadeiro motivo de estar ali.

Sally era esperta o suficiente para não perguntar mais nada e, em vez disso, disse “Como posso ajudar, chefe?”

“Você tem um bom olho e o que eu preciso é da sua aguçada observação sobre os ocupantes do prédio ou dos seus arredores. Eu olhei com atenção, mas não consigo encontrar o verdadeiro dono, é de propriedade de uma corporação estrangeira que não possui mais nada. Mesmo assim, o dono da corporação existe no papel, mas fisicamente são um fantasma. Fico curiosa, quem o possui?”

“Ah, chefe, se você quer informação neste tipo de lugar, o melhor lugar para consegui-la é em um ponto de bebida. Não nos que têm aparência sofisticada, mas em um lugar velho administrado por uma velha falante e saudável, um homem ou um jovem esgotado que não se encaixa. Existe um termo para esse tipo de pessoas aqui, eles são chamados de vendedores de informação ou comerciantes de ratos. E você não pode falar com qualquer um deles porque eles também não podem ser confiáveis, você tem que falar com o certo. Vamos lá, vou impressionar você com minhas habilidades hoje.” Sally parecia confiante, até mesmo tirou um elástico do bolso e amarrou o longo cabelo preto. “Senhora chefe, siga-me, eu farei toda a conversa. Apenas sente-se parecendo desinteressada e desprezando este lugar como uma esnobe rica, quando eu estender a minha mão, tire uma maço de dinheiro. Devemos usar luvas também, não toque em nada desnecessário com as mãos nuas.”

Como ela a trouxe pela sua experiência, Chi Lian assentiu e fez como Sally pediu enquanto iam de um pequeno restaurante ou bar para outro. Elas visitaram dez lugares antes de virar e Sally a levou de volta ao terceiro lugar que haviam entrado, mas deixaram anteriormente.

Este pequeno restaurante tinha no máximo seis mesas, três de cada lado, o que deixava a parte do meio livre para circulação. Cada mesa quadrada podia sentar um total de quatro pessoas de cada vez. Era um restaurante antigo, mas limpo, com uma geladeira no canto cheia principalmente de bebidas alcoólicas baratas. No momento, estava desprovido de clientes famintos e apenas três pessoas estavam lá dentro, Chi Lian, Sally e a jovem que estava lendo um livro onde ela estava sentada atrás do balcão. Sally levou Chi Lian à mesa mais próxima do balcão e ambas se sentaram.

Geralmente, Chi Lian teria abordado a mulher diretamente e feito perguntas, mas já que esse era o plano de Sally, ela se recostou e esperou.

A jovem mulher agia diferente da maioria dos donos de restaurantes que corriam ansiosos para dar as boas-vindas aos clientes e anotar seus pedidos. Ela levou o seu doce tempo para vir até eles e falar.

Ela era mais jovem do que parecia quando se aproximou, não mais velha do que Chi Zimo, Chi Lian presumiu. E ainda assim, ela usava uma maquiagem pesada que a fazia parecer mais madura e mais velha do que realmente era.

“Pessoas como vocês não comem em lugares como esse.” foi a primeira coisa que a jovem mulher disse quando se sentou em uma cadeira vazia em frente a elas. “Como posso ajudar vocês, clientes?”

“Duas garrafas de Moutai.” disse Sally.

A jovem mulher deu de ombros, trouxe três garrafas, não duas, e também trouxe copos pequenos para beber.

“Não vamos precisar dos copos.” disse Sally.

“Por quê? Acha-os sujos?” a jovem mulher debochou antes de perguntar isso. Ela se serviu de um copo e o virou de um gole só.

“Não estamos interessados em deixar rastros.” respondeu Sally. Não era incomum para pessoas assim guardar esses copos e, se a pessoa certa viesse procurando e pagasse o preço certo, seu DNA seria usado para identificar você.

“Então vocês são buscadores,” ela disse e se inclinou para a frente, “Eu sabia que vocês estavam aqui para me abençoar assim que entraram pela porta. O que vocês querem saber? E antes que falem, tenham em mente que cada dez palavras custam dez mil yuans.”

Em sua mente, Chi Lian ouvia T4 caçoando, obviamente, ele achou as palavras da garota ridículas. Dez palavras custam dez mil yuans!!

“Isso é ridículo, isso é roubo.” T4 disse.

“É o preço de se fazer negócios obscuros.” Chi Lian respondeu a ele.

Por outro lado, Sally sussurrou para Chi Lian, “Chefe, agora você entrega o dinheiro.”

Ela deu a Sally um grande maço de dinheiro que ela colocou sobre a mesa diretamente, “Isso é cinquenta mil, compra cinquenta palavras.”

Sorrindo, as mãos da jovem mulher dançaram em direção ao maço de dinheiro, ela tocou e cheirou. “Espero que vocês não se importem se eu verificar primeiro e garantir que é autêntico, nunca se pode confiar demais nos dias de hoje.”

Eles esperaram a mulher verificar o quanto quisesse e então, assistiram enquanto ela caminhava em direção às portas e as trancava.

“Agora, podemos fazer negócios.” ela disse e se sentou novamente. “Por onde eu começo?” ela perguntou.

“Este prédio.” disse Sally, entregando-lhe uma foto que Chi Lian passou para ela. “Queremos saber tudo o que você sabe.”

A jovem olhou para a foto, depois olhou para suas duas convidadas surpresa. Ela deslizou a foto de volta para elas e disse, “Desculpe, isso não é algo que cinquenta mil possam comprar.”