Tornando-se a Noiva do Rei Elfo (BL) - Capítulo 247
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247: Capítulo 247 247: Capítulo 247 “Cale-se!” Príncipe Kayziel disse irritado “Precisa saber de tudo?!”
Príncipe Ron franziu a testa. Não era apenas uma pergunta? Por que o espírito do Elfo estava tão agitado? Antes que pudesse retrucar, Hugo olhou para ele com uma bondade inesperada, seus olhos suaves sob a sombra do seu capuz. “A linha guia a alma para seu lar,” explicou baixinho, ignorando o olhar fulminante do Príncipe Kayziel. “Sem ela, não haverá caminho para a alma seguir e ambas podem deixar de existir. A linha é necessária.”
“Hugo!” Príncipe Kayziel gritou, sua voz aguda enquanto lançava um olhar de advertência ao homem.
“Não há mal em dizer-lhe, Vossa Alteza,” Hugo respondeu calmamente. “Afinal, sua alma está prestes a ser colocada em um sono eterno.”
Príncipe Kayziel debochou, revirando os olhos, mas não argumentou mais. “Apenas se apresse. Zedekiel não deve acordar antes de terminarmos.” Ele não queria interrupções. Ele esperava ansiosamente por este dia há muito tempo. O dia em que ele teria um corpo e seria livre para fazer o que quisesse.
Príncipe Ron perguntou-se por que o Príncipe Kayziel tanto temia Zedekiel. Seria porque Zedekiel havia aprisionado sua alma no submundo por todos aqueles anos? O pensamento o roía, mas não havia tempo para refletir. De que adiantaria a informação, de qualquer forma? Em poucos minutos, perderia seu corpo.
“Isso vai doer?” ele perguntou, olhando para Hugo.
O rosto de Hugo permaneceu calmo sob o capuz. “Não, se você permitir a entrada da alma,” ele respondeu suavemente.
Príncipe Ron assentiu, engolindo em seco enquanto se preparava para o que vinha. Seus dedos tremiam levemente enquanto ele exalava, tentando se acalmar. “Ok. Vamos fazer isso.”
O ar na clareira ficou imóvel enquanto Hugo começava a entoar na antiga língua dos Elfos. Sua voz era baixa e melódica no início, mas à medida que as palavras se tornavam mais intensas, o vento aumentava, girando em torno do círculo. As árvores balançavam de forma sinistra, as folhas farfalhando como sussurros dos malditos. A temperatura despencou, e um frio profundo se infiltrou no solo, envolvendo tudo como um manto sombrio.
Príncipe Ron estremeceu. Estava tão frio que ele podia sentir nos ossos.
De repente, uivos fantasmagóricos ecoaram pela floresta, como as vozes lamentáveis dos mortos. Os sons arrepiantes atingiram Príncipe Ron até o âmago, sua respiração rápida e superficial. Ele estava assustado. De repente, queria seu amor ao seu lado, mesmo sabendo ser impossível.
A voz de Hugo ribombou pelo vento uivante enquanto ele erguia o livro; “TAVARAS!”
Num instante, a forma fantasmagórica do Príncipe Kayziel disparou alto no céu. O tempo pareceu parar por um segundo enquanto Kayziel pairava acima e então, com velocidade de um raio, sua forma desceu em direção à testa do Príncipe Ron como uma lança de gelo.
Príncipe Ron gritou, a dor era diferente de tudo que já sentira antes. Era como se seu cérebro tivesse sido incendiado e congelado ao mesmo tempo. Seu corpo sacudiu violentamente na laje de pedra, suas costas arqueando enquanto ele tentava escapar da agonia, mas dois homens de Kayziel já o estavam segurando.
“Permita a entrada dele!” Hugo gritou urgentemente, sua voz mal atravessando os gritos do Príncipe Ron. “Não resista!”
Príncipe Ron gritou ainda mais alto. Como poderia não resistir? Algo estava tentando invadir sua própria essência. Era instinto, uma reação primordial para lutar, mas a cada momento em que lutava, a dor piorava. Ele cerrava os dentes com tanta força que pensava que eles poderiam se estilhaçar. A linha preta em sua testa começou a brilhar, intensificando-se à medida que a alma do Príncipe Kayziel movia-se através dele como uma serpente fria e escorregadia.
Sangue jorrou de seus olhos, nariz, ouvidos, enquanto seu corpo convulsionava. Ele podia ouvir o batimento do coração em seu crânio, batendo implacavelmente. Mais dois homens avançaram, prendendo-o enquanto seu corpo se debatia violentamente contra a pedra.
Hugo praguejou baixinho. O príncipe humano estava resistindo demais. Se ele não agisse agora, ambas as almas seriam despedaçadas no processo. Ele correu para o lado do Príncipe Ron, colocando uma mão firme em sua cabeça, seus dedos pressionando contra a linha brilhante. Ele sussurrou um feitiço de transe, sua voz baixa e tranquilizadora.
“Deixe-o entrar, Vossa Alteza. Você prometeu ceder seu corpo voluntariamente. Lembre-se da sua promessa. Sua família estará segura. Todos estarão seguros. Prometemos. Lembre-se do seu juramento.”
‘Lembre-se do seu juramento’
Essas palavras ecoaram na mente do Príncipe Ron. Elas cortaram a dor como uma lâmina. Sua família. Isso mesmo. Ele havia feito um juramento. Prometeu ceder seu corpo em troca de suas vidas. Era por eles. Por seu amor. Ele não podia resistir.
Lentamente, seu corpo começou a relaxar, a tensão diminuindo de seus músculos. Seu coração desacelerou e sua respiração ficou superficial. Seus olhos piscaram fechando enquanto o mundo ao seu redor desaparecia, e ele se entregava à escuridão.
Quando ele abriu os olhos novamente, estava em um vazio escuro e vazio. “Olá?” ele chamou, sua voz trêmula enquanto ecoava sem fim ao seu redor. “Alô? Alguém pode me ouvir?”
Não havia nada além do som da própria voz reverberando de volta para ele. O pânico começou a subir em seu peito. Onde ele estava? Por que ele não conseguia ver nada? Estava tão escuro que ele nem conseguia ver as próprias mãos. O traslado havia falhado? Era aquele o submundo? Ele havia sido enviado ao reino dos malditos?
“Não… não, isso não pode ser.”
Ele havia parado de resistir. Permitiu que o Príncipe Kayziel entrasse. Sentiu a alma do Príncipe Kayziel viajar até o centro do seu peito. Por que não funcionou? Maldição! Ele não queria ver aquele irritante Senhor das Trevas. Num súbito surto de medo, ele começou a correr, mas colidiu com algo duro. O impacto tirou seu fôlego e ele caiu no chão. Ele apertou os olhos na escuridão, e, com um choque, todo o lugar se iluminou. Ele percebeu que estava cercado por grades de ferro maciças, estendendo-se ao seu redor do chão até o teto.
“Não… onde… estou eu?” ele sussurrou, olhando ao redor. Não podia ser o submundo. Bem, não parecia com o submundo deveria.
Sem aviso, longas correntes prateadas dispararam de lugar nenhum, enrolando-se ao seu redor como serpentes vivas, envolvendo seus braços, pernas e torso. Algumas deslizaram do chão, agarrando seus tornozelos e puxando-o para seus joelhos. Seus olhos se arregalaram à medida que mais correntes enrolavam ao redor de sua boca, silenciando-o. Ele lutou contra as correntes, mas não podia mover uma polegada.
Das sombras, uma voz que ele conhecia muito bem quebrou o silêncio sinistro.
“Ah, o feitiço realmente funcionou,” disse o Príncipe Kayziel, entrando na luz com um sorriso sinistro. Ele estava vestido em longos robes negros, seus longos cabelos prateados caindo pelos ombros até a cintura. Seus olhos cinzentos brilhavam enquanto ele permanecia diante das grades de ferro em sua forma de Elfo, rindo baixinho. “É bom finalmente ter um corpo novamente.”
Príncipe Ron percebeu que seu corpo fora tomado e sua alma aprisionada. A transferência funcionara e ele não estava no submundo. Ele estava um pouco feliz com isso, mas encarou o Príncipe Kayziel, imaginando o que ele havia planejado. Ele apenas esperava que seu amor e todos os outros estivessem bem.
A risada do Príncipe Kayziel soou novamente, fria e zombeteira. “Obrigado, Príncipe Ron. Aqui é onde sua alma dormirá pela eternidade, mas não se preocupe.” Seu sorriso se alargou enquanto ele olhava para o Príncipe Ron com satisfação. “Vou cuidar bem do seu corpo.”
Príncipe Ron parou de se debater. Sua cabeça pendida em derrota ao perceber que já havia acabado. As correntes que o prendiam deveriam fazer parte do efeito da transferência. Afinal, duas almas não poderiam existir em um corpo.
Ele já estava longe.