Suas Lições Travessas - Capítulo 99

99: Arredondando Bases 99: Arredondando Bases ** Eli **
Eli observava a garota à sua frente rindo alegremente, sem a menor preocupação no mundo, e ele sentiu seus próprios lábios se curvarem para cima em contentamento genuíno. Seu espírito vibrante sempre parecia se espalhar tão facilmente, fazendo-o animar-se com ela a qualquer hora e em qualquer lugar.

Desde aquela revelação no sábado, Eli vinha refletindo sobre essa especialidade dela, esse misterioso magnetismo entre eles que nunca falhava em afetá-lo quando ela estava por perto. Ele não era um idiota e, nesse ponto, seria mentira não admitir que sua atração por ela estava se aprofundando mais do que esperado. Não era meramente físico, também. Quando o celular dele vibrou com a mensagem dela meia hora atrás, havia apenas uma explicação para o dia dele ter subitamente se iluminado como se um novo sol tivesse surgido — ele estava começando a se apegar.

E fod*-se se isso não era algo com que ele não sabia lidar. Desde quando ele se envolvia com “apego”? E logo com Harper?

Por sorte, ele não teve muito tempo para processar o choque e o alarme, porque assim que ele começou a ler a mensagem de Harper, seu foco imediatamente mudou para quão estranho era que ela tivesse pedido pra se encontrarem para um almoço em tão curto prazo. Sem pensar duas vezes, ele cancelou sua reunião do meio-dia para vê-la imediatamente, e não se arrependeu nem um pouquinho quando ficou comprovado que fora uma reação exagerada. Não poderia ter sido mais valioso vê-la assim, sorridente e cheia de conversa animada, mesmo que tudo o que ela precisasse dele fosse uma desculpa para escapar de um almoço de trabalho.

Então, Eli decidiu, mais uma vez, que se preocuparia com aquela epifania alarmante mais tarde. Porque agora, com ela de pé à frente dele e aquela sensação familiar de conforto os envolvendo como um cobertor aconchegante, ele não conseguiu se prender àqueles pensamentos complicados e arruinar o momento.

A fila andou rapidamente enquanto conversavam, e logo eles receberam seus pedidos. “Quer sentar na sombra?” Harper apontou para um banco de parque debaixo de um grande carvalho, não muito longe deles. “Aqui está agradável, apesar do sol estar um pouco quente.”

Eli assentiu. Enquanto caminhavam em direção ao banco, ele franzia os olhos contra aquele sol quente, e um pensamento lhe veio à mente. Ele pegou seu celular e digitou uma mensagem rápida.

“Então, Visão do Futuro, hein?” Harper limpou o banco do parque com um guardanapo, sem notar o que Eli havia feito às suas costas. “Minha dose semanal de surpresas está cada vez melhor! Eu escuto sobre a empresa há anos, mas nunca sonhei em trabalhar com eles… Como você conseguiu atrair um peixe tão grande?”

Eli riu com um encolher de ombros casual. “Peixes de todos os tamanhos gostam de dinheiro, eu suponho?” Ele guardou o celular e se juntou a ela no banco. “Mas, falando sério, eu acho que convidá-los para o Havaí deve ter sido a maior ajuda no processo de persuasão. Consultores técnicos não parecem ter muita chance de sair de suas mesas de escritório… Você deveria ter visto como eles ficaram animados quando oferecemos a viagem como parte do bônus de contratação.”

“Ah, confie em mim, você deveria ter visto como meus colegas de trabalho ficaram animados quando ouviram a novidade também. Tudo que eles falam atualmente é sobre o que escolher para o evento de construção de equipe no fim de semana.” Harper olhou para ele curiosamente enquanto derramava o molho de amendoim apimentado sobre sua comida. “A Visão do Futuro também se juntou à diversão de sugerir uma agenda para o fim de semana? No nosso escritório, praticamente todas as atividades imagináveis já foram propostas e discutidas a fundo.”

Ah, essa era uma pergunta carregada. “Claro que sim, e o time da Sterling Trust também.” Eli não pôde conter um sorriso malicioso ao ver o brilho nos olhos de Harper que o lembrava da proposta certa que ele tinha ouvido essa manhã. “Acho que um dos principais concorrentes no momento”, ele arrastou as palavras para efeito dramático, “é um torneio de vôlei na praia, onde roupas mínimas são exigidas para todos os jogos.”

“…”
Ele teve que se esforçar para manter uma expressão séria — aquela expressão no rosto de Harper estava impagável. “Mas é claro,” ele adicionou, “não tem chance de eu concordar com isso, já que tenho um interesse investido em manter certas visões apenas para meus olhos.”

Algumas semanas atrás, a garota à frente dele teria corado com tal provocação. Mas hoje, ela o surpreendeu com um sorriso confiante. “Exatamente o que eu pensei,” ela concordou. “Alguns dos principais concorrentes do nosso lado envolvem reservar os voos mais cedo e adicionar este fim de semana para aproveitar ao máximo a viagem, mas eu pensei que preferiria ficar aqui para aquele jogo de baseball no sábado e ter um tempo pessoal melhor… também só para meus olhos.” Ela devolveu a ele um sorriso sugestivo que igualava o dele. “Adivinha quantas bases vamos cobrir dessa vez?”

… Caramba. Eli não pôde evitar que um grande sorriso se espalhasse em seus lábios — esta nova versão dessa garota ousada, ele nunca teria o suficiente.

A conversa lentamente se direcionou para um caminho menos ousado enquanto eles saboreavam a comida, continuando a conversar casualmente sobre a viagem e o Havaí. Quando terminaram, quase uma hora havia passado, e o sol já havia subido e alcançado o seu zênite.

“Praia é definitivamente uma boa ideia, aliás”, Harper concluiu enquanto guardava a caixa de takeout vazia, prendendo o cabelo para trás e amarrando-o em um coque bagunçado, mas sexy. “Se já está tão quente em Davenshire, nem consigo imaginar o calor em uma ilha tropical! Com certeza vou tomar bastante galo raspado havaiano todos os dias enquanto estivermos lá—”
Ela fez uma pausa quando um jovem com uniforme de café se aproximou de Eli e, após um gesto deste, entregou a ela uma colorida tigela de papel.

“… O quê?” Harper arregalou os olhos para o que agora estava em seu colo, embora Eli soubesse exatamente o que havia na tigela — sorvete tailandês feito à mão com sorbet de morango e limão, coberto com fatias de manga e mochi de taro.

“Não é galo raspado havaiano, mas espero que ajude com o calor e complete seu takeout tailandês.” Ele lhe deu um sorriso quando os grandes olhos dela se voltaram para ele.

“Quando você— Ahhh seu espertinho sacana.” Harper obviamente percebeu então quando ele havia conseguido pedir a sobremesa às suas costas. A surpresa no rosto dela se transformou em um sorriso suave. Depois se transformou em … um sorriso malicioso? “Quer compartilhar comigo?” ela ofereceu, e ela pegou uma colherada do sorbet de limão enrolado, segurando-a bem perto dos lábios dele.

… Em um parque no centro da cidade, na hora mais movimentada do almoço, com todo mundo correndo ao redor deles.

Foi a vez dos olhos de Eli se arregalarem. Quando ele se encontrou com o olhar cintilante dela, aquele sentimento familiar que tinha estado na beira de sua mente a semana inteira de repente voltou, atingindo-o com um impulso de sugerir uma atividade completamente diferente para todo o fim de semana de sua viagem.

E quando ele aceitou a oferta dela, fechando os lábios ao redor da colher em sua mão… Foi o sorvete mais doce que ele já havia provado.