Suas Lições Travessas - Capítulo 67
67: Pretensioso 67: Pretensioso ** Harper **
Harper era fraca por momentos de suspense, e as palavras de Eli mantiveram-na adivinhando até o sábado à noite. Ela se perguntava se seria mais uma surpresa chocante como na última quarta-feira. Como seria trabalhar com ele num contexto profissional?
Não foi até ela chegar ao grandioso portão da frente do Le Jardin que ela se lembrou — ops, sua curiosidade tinha-a mantido muito distraída, e ela havia esquecido de planejar o próximo “jogo de sedução” para o dia. O que foi muito infeliz, porque o Le Jardin parecia o lugar perfeito para isso.
O restaurante era uma propriedade ao estilo de château encaixada no coração do porto, com uma fachada magnífica centrada em volta de um portão colunado imponente. Lindos arcos e janelas enormes adornavam cada parede, decorados com cornijas e mísulas intrincadamente esculpidas. Um maître d’ de terno preto recebeu Harper na entrada e guiou-a para o saguão de piso de mármore, subindo as escadas de ferro forjado espiralando sob um esplêndido lustre de cristal.
Ela olhou em volta, estudando o edifício com fascínio. Era impressionante que, apesar da grandiosidade palaciana, a atmosfera ao redor sentisse-se… íntima. Cada sala ao longo dos corredores tinha sua própria mesa de jantar, proporcionando aos convidados quase total privacidade entre si. A única coisa que compartilhavam era a lenta, romântica música de um piano tocando em algum lugar, bem como o cheiro de flores e vinho que pairava no ar. De certa forma, o estilo a fazia lembrar um pouco das The Balconies…
Harper sorriu consigo mesma. Sim, isto era totalmente o estilo de Eli.
Enquanto ela tentava adivinhar qual sala o maître d’ iria levá-la, ele virou no topo das escadas e segurou a porta do terraço aberta para ela.
Harper ofegou.
Uma fresca brisa do oceano beijou suas bochechas. Ao longe, o porto era um tom sereno de azul profundo sob o céu do pôr do sol, onde nuvens vermelhas, douradas e rosadas estendiam-se o quanto a vista alcançava. Mais próximo, logo abaixo do terraço, havia um lindo jardim de rosas espalhado num labirinto farto, cada videira repleta de flores de marfim e escarlate.
Mas o que a fez ofegar não era apenas a paisagem. Era Eli levantando-se de seu assento na única mesa do terraço, seu sorriso quente e brilhante contra a luz da noite e as chamas oscilantes das velas na mesa. Ele endireitou seu terno branco — uma cor que tanto contrastava quanto se misturava com o jardim e o oceano ao fundo — e caminhou em direção a ela.
Harper sentiu seu coração parar. Este momento, esta cena… Era muito bonito, muito perfeito. Era como um sonho realizado — o homem de seus sonhos de todos aqueles anos atrás, aproximando-se dela num mar de flores e velas, e…
Ele a abraçou e deu um beijo em cada lado de suas bochechas. “Obrigado por vir”, ele disse e virou-se para puxar a cadeira para ela.
Bem, isso lembrou Harper de que isso não era um encontro. Não do tipo em que ele a beijaria nos lábios, de qualquer forma. Era apenas a atmosfera romântica do restaurante agindo sobre ela… Um encontro de verdade, infelizmente, ainda era algo que ela teria que buscar.
Tudo bem. Ela só teria que começar a dar os passos agora mesmo.
“Obrigada pelo convite.” Ela sorriu de volta e sentou-se. “Você está… fabuloso. Gosto de como combinamos.”
Ela estava tentando chamar a atenção dele para seu vestido. Era a primeira vez que ela o vestia, um top creme com alça halter e um lindo laço no ombro, e ela se perguntava se ele tinha gostado. Era estranho que ele não a tivesse elogiado pela aparência há um bom tempo agora… Eli costumava ser o melhor em encaixar elogios sempre que podia, mas desde algum ponto no mês passado, esses comentários tinham reduzido a uma goteira. Ela não tinha certeza do que pensar sobre a mudança.
Seu olhar brilhou. Ele abriu a boca para dizer algo, embora tenha hesitado um pouco, e o garçom aproveitou aquele preciso momento para trazer o vinho deles. Seguiu-se uma breve introdução à garrafa de Cristal que eles estavam recebendo como aperitivo, e o momento para aquela conversa passou.
Argh. Talvez não tão bom para jogos de sedução, afinal.
Harper voltou sua atenção para sua taça de vinho, que o garçom encheu com um movimento praticado que era uma combinação de elegância e floreio. O líquido dourado borbulhou, e o garçom relatava, “—encomendado pelo Czar da Rússia em 1867 para sua visita a Paris. Foi servido no luxuoso Jantar dos Três Imperadores e mais tarde chamado Cristal pela clara garrafa em que foi apresentado. Não foi até quase um século depois, em 1945, que se tornou disponível ao público…”
Fascinante história. Soava como coisa de classe alta séria que ela jamais teria a sorte de ver de outra forma.
Harper maravilhou-se enquanto o garçom os deixava com o vinho, e ela brindou com Eli. “Não acredito que você escolheu um lugar como este,” ela disse, dando um gole. O sabor era surpreendentemente frutado e suave, do jeito que ela preferia. “Até o vinho é tão—” Ela fez uma pausa para procurar uma boa palavra para descrever o que acabara de provar. Exótico? Sofisticado?
“Pretensioso?” Eli ofereceu com um sorriso torto. “Às vezes gosto de usar certos privilégios meus para um upgrade na vida. Não posso simplesmente deixar tudo ir a perder, afinal.”
Harper riu. Casualmente, ela se perguntou quantas outras coisas “pretensiosas” os privilégios dele poderiam trazer, mas achou melhor não perguntar. Eli não gostava de falar sobre ser o herdeiro da empresa do pai, que era de onde vinham esses privilégios. Então, em vez disso, optou por um assunto diferente. “Você vai tirar vantagem desses privilégios para nossas novas colaborações que estão por vir também?” ela provocou. “Você disse que me contaria mais hoje. Que novas surpresas você tem guardadas para mim?”