303: O Noivo 303: O Noivo ** Eli **
“Essa deve ser a vigésima vez que você mexe nessa gravata borboleta hoje.” Tyler olhou para o espelho e comentou um pouco sem jeito. “Eu prometo, ela está perfeitamente ajustada. Não está torta nem nada. Relaxe e deixe como está.”

Eli respirou fundo, baixando suas mãos inquietas. “Tá bom, tá bom. Só estou tentando achar algo pra fazer enquanto sentamos e esperamos.”

“Bom, antes que você decida que a próxima coisa que vai fazer é me perguntar se eu ainda tenho as alianças de casamento, sim, eu tenho elas. Estão seguras bem aqui.” Tyler deu um tapinha no bolso do peito. “Então agora, relaxa. É isso que você realmente deveria estar fazendo enquanto espera.”

“Aff. Espera só até chegar o seu próprio dia de casamento. É muito mais fácil falar do que fazer.”

Eli andava de um lado para outro pelo quarto enquanto seu padrinho o observava da confortável poltrona. Era tentador sentar também e aproveitar a vista da janela, e Eli sabia que poderia realmente usar um breve descanso agora para acalmar a mente. Mas ele não queria arriscar amassar suas calças… e também não era como se ele conseguisse ficar parado por mais de dez segundos antes de começar a andar de novo de qualquer forma.

O pensamento devia estar escrito de forma muito clara em seu rosto, já que Tyler soltou um riso resignado. “Eu sinto que o fotógrafo deveria estar aqui com você agora, em vez da noiva. As fotos ficariam muito mais dramáticas, com ótimas histórias para contar.”

“… Pois é, porque conhecendo ela, ela provavelmente está tão tranquila que ainda está checando as notificações do romance da web dela como se fosse só mais um dia normal.” Eli suspirou, invejando a facilidade com que alguém poderia se sentir no maior dia de sua vida. “Mas, acho que não posso reclamar se sou eu o único estressando pelos dois. Ela deveria ser o foco hoje de qualquer forma… Só espero que o fotógrafo e a equipe de maquiagem e todo esse pessoal não estejam a cansando.”

O sorriso zombeteiro no rosto de Tyler desapareceu um pouco com aquilo, lentamente substituído por um olhar de seriedade pensativa.

“Harper acertou nisso,” ele comentou. “Você realmente se importa. Às vezes até demais, embora isso não seja ruim. Simplesmente além das minhas expectativas.”

Os passos de Eli pararam no meio do caminho, surpreendido pelo elogio repentino do nada.

“Eu sei que talvez eu devesse ter dito isso há tempos, mas, melhor tarde do que nunca.” Tyler levantou, dando um tapinha fraterno no ombro de Eli. “Me desculpe por como eu reagi no início quando vocês dois começaram a namorar. Demorou um tempo para eu perceber como as coisas realmente são, e estou feliz por ter errado. Tenho que admitir, nunca vi você se importar tanto com outra pessoa neste mundo.”

Essa admissão foi tão surpreendente que Eli até esqueceu de ficar mexendo ansiosamente por um momento.

Nos últimos dez meses, seu relacionamento com Tyler havia melhorado constantemente. Após o espetáculo teatral no gala no verão passado, os dois tinham começado a construir uma conexão empresarial bastante próxima entre suas companhias, o que teve um grande sucesso e trouxe benefícios não só para Miracles. E à medida que os dois trabalhavam juntos para ajudar Harper com seu projeto, a amizade pessoal quebrada deles pareceu ter se curado também… a ponto de os três deles — às vezes quatro, incluindo Chelsea — poderem sair em viagens de final de semana novamente sem que ninguém se sentisse constrangido.

Eli estava grato pela mudança. Eles nunca haviam falado sobre isso, como se a briga dramática que tiveram um ano atrás fosse constrangedora demais para ser mencionada novamente, então ele simplesmente assumiu que a amabilidade de Tyler era seu jeito de dar sua benção. Até agora.

“Ela realmente te conhece melhor do que eu jamais conheci.” Enquanto Eli se mantinha em silêncio, atordoado, Tyler continuou com melancolia. “Você não é o tipo de pessoa que eu pensava que era, e eu não deveria ter te questionado. Você faz ela feliz, também, de um jeito que eu nunca vi ninguém fazer. Então continue assim, certo?”

Inesperadamente, o discurso simples, mas completamente honesto fez um peso pesado na mente de Eli desaparecer.

A aceitação de Tyler era enorme. Não que algo neste mundo pudesse mudar a opinião de Eli sobre Harper, ou que ele parasse de tentar se provar mesmo que a aprovação nunca viesse, mas isso significava alguma coisa. Algo que o fazia reavaliar-se… e sentir-se ainda mais abençoado neste dia de casamento de uma forma preciosa e tranquila.

Então, caiu a ficha nele e a realização o atingiu como um relâmpago. “Você disse tudo isso agora para me acalmar, não disse?” Eli olhou para seu padrinho, cético.

“… Bem, funcionou? Parece que você não mexeu na sua gravata borboleta — que, de novo, está completamente perfeita — por pelo menos cinco minutos. E aquele olhar estrelado voltou ao seus olhos no instante em que mencionei a Harper.” Tyler riu quando Eli piscou com essa última frase. “Mas enfim, tudo o que eu disse era verdade. Só não sou sentimental o suficiente para querer dizer isso em voz alta num dia normal… Mas o que se pode fazer, casamentos são uma dessas coisas que tendem a deixar as pessoas irremediavelmente sentimentais.”

É, definitivamente. E emocional, e nervoso, e muitas outras coisas também.

“Então, mantenha esse olhar estrelado no rosto e relaxe. Foque em imaginar como ela vai estar linda no vestido e quão feliz ela vai ficar em te ver quando ela caminhar pelo corredor.” Seu padrinho deu um último tapinha em seu ombro. “Não há nada com que se preocupar. Tudo vai dar certo, porque esse é o seu dia perfeito, cunhado.”

Ah, esse título no final nunca havia soado tão atraente para Eli em sua vida inteira… e ele adorou como logo isso estava prestes a se tornar realidade.