285: Galã 285: Galã [Nota do A: por favor, note que o capítulo anterior foi atualizado. Se a versão que você leu não começou com uma nota do autor indicando isso, por favor, atualize para a última revisão (o enredo original não fluirá naturalmente para este capítulo). Desculpe novamente pelo transtorno e obrigado! ]
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** Harper **
“Você deveria ver como ele era popular na faculdade.” Julie girava o seu vinho tinto, observando distraidamente o líquido aderindo em um padrão espesso ao copo. “Nós sempre éramos o centro das atenções em qualquer festa ou clube que aparecíamos. Imagine ser cercada por dúzias de gatas de uma vez! Mas ele só dançava comigo, é claro, e isso quase fez um bocado das minhas amigas me colocarem na lista negra completamente dos grupinhos delas.”

Harper não pretendia levar essa exibição óbvia a sério, mas, por puro reflexo, algumas cenas dos últimos meses já passavam por sua mente. A multidão de mulheres cercando Eli no evento social noturno no Havaí. As garotas de biquínis coloridos ao redor dele no jogo de vôlei de praia. Até a dança que compartilharam no parque dois finais de semana atrás…

Droga. Ela teve que pisar no freio mental antes que se jogasse completamente na imaginação daquelas cenas sendo uma ocorrência diária para Eli, só que com outra garota em seu lugar. Ela sabia que não era um pensamento racional — do fundo do coração, ela tinha certeza de que ele só tinha olhos para ela agora, e mesmo que ele tivesse dançado mil vezes com alguém em seus braços antes, ele nunca as olharia da mesma forma que olhava para ela. Mas ainda assim… Confrontada com tal gabarito explícito da ex, não era tão fácil parar essas pequenas e feias dúvidas de invadirem sua mente.

Balançando a cabeça mentalmente, Harper lembrou-se de que não podia deixar comentários triviais como esse manchar essas doces memórias. “Bom, entendo porque as pessoas dizem que é melhor ter cuidado com os amigos que você escolhe.” Ela decidiu focar em uma parte diferente da conversa, sem dar à sua companheira a satisfação de vê-la com ciúmes. “Suas amigas não parecem tão leais, se elas te excluíram tão facilmente por causa de um cara.”

A expressão de satisfação no rosto de Julie caiu um pouco. Mas então ela deu de ombros e desdenhou com um escárnio casual. “O que posso dizer, namorar o galã do campus tem seu preço. Mas vale totalmente a pena, você não acha? Ele é um verdadeiro colírio para os olhos ao acordar… e alguém que cuida tão bem das suas mulheres também.”

Agora, isso foi um tipo totalmente diferente de ciúme que Harper nunca esperava que viesse. Especialmente quando ela ouviu o “cuida tão bem” enfatizado num tom significativo.

Desde o início de seu relacionamento, Eli a havia avisado várias e várias vezes que ele não era um santo quando se tratava de mulheres. Harper estava preparada — ou pelo menos ela achava que estava — porque logicamente, ela entendeu que tudo o que importava era quem ele escolhia no final, não antes. Mas mais uma vez, quando palavras como essa vinham tão explicitamente de uma mulher que tinha compartilhado sua cama assim como ela… Doía mais do que ela imaginava que poderia.

Merda. Essa conversa não estava indo bem. Embora em defesa de Harper, ela se perguntava como seria possível para alguém lidar com tal encontro com a ex do namorado sem sentir esse tipo de amargura. Especialmente quando a ex parecia ter vindo preparada. Cada frase era farpada, e cada referência mirava nos sentimentos mais sensíveis. Era difícil não cair em pensamentos negros quando cada palavra parecia ser escolhida unicamente para provocar de propósito—
Espera.

Preparada… De propósito…

Lutando contra todas as dúvidas feias que começavam a nublar seu julgamento, Harper tentou pensar. Não fazia sentido. Não era como se Julie tivesse acabado de terminar com Eli mês passado. Para que se dar ao trabalho de ir atrás da namorada atual de um ex de tanto tempo atrás? E em uma gala de alto nível logo, onde a última coisa que alguém queria ver era uma briga feia entre rivais amorosas?

Além disso, apesar da inimizade óbvia exalando por todos os lados dessa mulher, ela não parecia… bem como o tipo de ex vingativa que se esperaria. Ela não rememorava o quanto ela era próxima de Eli, ou sobre o tanto que poderiam ter estado apaixonados. Em vez disso, cada frase que dizia era para ferir, como se seu único propósito fosse fazer sua companheira sentir ciúmes e dor.

Por quê? O que ela ganhava com isso?

Harper uniu os lábios, e decidiu sondar pela resposta.

“Pelo quanto você lembra carinhosamente do seu tempo com ele, deve ter sido uma decisão difícil terminar.” Ela observava atentamente a expressão de Julie enquanto fingia um olhar desinteressado, escondendo seus próprios sentimentos.

Como ela esperava, a mulher estava calma demais com a menção de “terminar” para alguém que tinha se dado ao trabalho de sair atrás de uma rival amorosa. “Ah, a graduação é sempre um momento complicado para relacionamentos. É o que é — para algumas mulheres, as carreiras são mais importantes do que os homens.” Ela deu mais um sorriso condescendente. “Diria que o sacrifício para ficar na cidade valeu a pena, especialmente considerando onde cheguei agora no maior banco da cidade depois de quatro anos.”

O maior banco da cidade?

Uma faísca acendeu na cabeça de Harper quando ela se lembrou de algo que Eli uma vez mencionou para ela. Que o Banco Voyage era diferente de todos os seus concorrentes, atuando apenas em investimentos locais dentro da cidade apesar de seu tamanho de capital incomparável.

Banco Voyage… A menos que Julie fosse de alguma forma já uma executiva ou membro do conselho de uma empresa tão grande depois de quatro anos — o que era um pouco improvável — então ela deve ser a convidada de última hora que tirou o convite da Chelsea, por causa das maquinações da Vanessa.

Todos os pontos se conectaram. Não era à toa a atitude hostil que parecia vir de mais do que um relacionamento passado, e não era à toa a “lembrança” perfeita de um rosto que ela tinha visto apenas uma vez há quatro anos!

Bom esquema, Vanessa. Mas agora duas podem jogar esse jogo.