282: Irmão vs. Irmã 282: Irmão vs. Irmã ** Eli **
Eli xingou por dentro enquanto Harper desaparecia atrás de uma coluna de mármore muito rapidamente. Droga, ele não devia ter deixado ela sair de sua vista! Provavelmente levaria um bom tempo para encontrá-la novamente num local tão grande como esse.

“Acho que ela saiu para que possamos conversar a sós. Ela é tão atenciosa.” A morena vestida de preto atrás dele comentou com um gole casual de seu vinho tinto. “Provavelmente não deveríamos decepcioná-la.”

Eli virou-se, sem se preocupar em esconder o cenho franzido.

Ele não tinha prestado muita atenção nessa meia-irmã até agora, e quando o fez, a jovem mulher de pé na mesa alta não parecia de forma alguma se encaixar na sua vaga lembrança da garota no fliperama. Aquela garota parecia animada e de boa índole, enquanto a que estava à sua frente agora parecia… calculista, e até um pouco malvada, parcialmente devido ao traje gótico óbvio que ela tinha escolhido para a noite.

Como é que Harper acabou se dando tão bem com alguém assim?

“Não sei sobre o que temos que conversar.” Eli deu um passo atrás para a mesa de onde tinha saído. Era uma causa perdida ir atrás de Harper neste ponto, então ele poderia muito bem resolver essa parte da situação de uma vez por todas. “Ao contrário do que muitos possam pensar, nós temos muito pouco em comum, Emory.”

Ele não tinha ideia de como essa garota poderia tê-lo chamado de “irmão” com uma cara tão séria. Talvez o pai dela o tivesse treinado para fazer isso para o espetáculo — no círculo de negócios deles, a versão pública da história era que Ronald Sterling simplesmente se casou novamente após a primeira esposa falecer, tornando a história da família muito menos escandalosa e desconfortável para os meio-irmãos. Eli não sabia qual versão era a que Emory tinha aprendido, embora soubesse por si mesmo que nunca seria capaz de considerá-la uma “irmã” de forma alguma.

E ele definitivamente não iria ter uma conversa com ela sobre isso.

Emory bateu as unhas pintadas de brilhante no copo de vinho. “Sério? Você não acha que sua namorada ser minha chefe já é muita coisa em comum?” Ela sorriu. “Eu estava lá quando você mandou aquelas flores para o escritório, sabe. Tenho que admitir, foi um gesto bastante romântico. Ela ficou nas nuvens com isso.”

“…Isso é da sua conta?” Eli olhou para a garota um pouco desconfiado. Ela estava realmente aqui para falar sobre Harper, de todas as pessoas? “Além disso, nunca ocorreu a você que pode ser um pouco insensível começar uma conversa com um estranho indo direto para o relacionamento pessoal deles?”

“Ah, vamos lá, você não é um estranho, e o fato de estarmos conversando já é insensível o suficiente, não é?” Emory debochou. “Além do mais, você foi quem exibiu aquelas flores tão publicamente na cara de todos. Eu queria te dizer isso pessoalmente desde então — me lembrou tanto do papai, sempre que ele faz algo doce pela mamãe depois de irritá-la no dia anterior.”

… Tudo bem, agora Eli tinha noventa por cento de certeza de que sua meia-irmã estava aqui para provocar problemas.

“Não são só flores, é claro,” Emory continuou. “Isso é barato demais para eles hoje em dia. Às vezes seriam joias, às vezes um convite para golfe, e uma vez foi um carro novo. É bem fácil dizer quão ruim foi a briga com base no presente do dia seguinte—”
“Não me compare com seu pai,” Eli a interrompeu, sua paciência com a conversa sem sentido rapidamente se esgotando. “E mais uma vez, sinta-se à vontade para compartilhar suas anedotas familiares o quanto quiser, mas eu não lhe devo nenhuma história romântica sobre Harper em troca.”

“Não, você não deve. Só estou te dizendo que tive uma interessante sensação de déjà vu, só isso.” Sua meia-irmã deu de ombros. “Ah, aqui está a história — eu ouvi algumas conversas do papai sobre uma possível parceria entre a empresa dele e outro banco. E as mesmas conversas pareciam ter algo a ver com você… junto com uma certa mulher chamada Vanessa? Então simplesmente me fez pensar se flores eram uma escolha barata demais para algo tão grande, considerando os padrões do papai.”

Finalmente, pela primeira vez naquela noite, ela tinha toda a atenção de Eli.

“Voyage Bank, você quer dizer?” Eli manteve sua expressão e tom inalterados. Talvez essa pudesse ser uma boa chance para sondar o que seu pai ou Vanessa tinham planejado para essa noite, se Emory de alguma forma tivesse acesso a essa informação. “Acho que ele vai fazer os anúncios esta noite, então,” ele acrescentou casualmente.

Porém, ao contrário do que esperava — que seria Emory negando ou concordando com a declaração para dar-lhe uma pista de resposta — ela lhe lançou um olhar que parecia… irritado ao invés disso. “Então você sabe sobre isso,” a garota estalou. “Qualquer que seja o arranjo com essa Vanessa, é realmente uma coisa? Harper sabe disso também?”

E então ela realmente o surpreendeu ao apontar um dedo diretamente para o rosto dele. “Você não pode ser como o papai e bancar ela desse jeito. Ela está tão atraída por você, e nosso escritório inteiro já está tratando vocês dois como um casal oficial! Não consigo imaginar quão magoada ela ficará se você se atrever a espalhar rumores com essa Vanessa. Harper é a pessoa mais legal que conheci em muito tempo, definitivamente não vou te deixar em paz se você partir o coração dela!”

“…”
As próximas palavras de Eli para sondar mais sobre a agenda da gala do pai morreram em sua língua, e ele nem tinha certeza se deveria achar a cena se desdobrando à sua frente agora cômica ou trágica.

Todo esse tempo, ele tinha assumido que Emory estava aqui para instigar um drama familiar. Mas ela estava realmente tentando… ameaçá-lo, e proteger Harper? Desde quando Harper tinha conquistado tanta lealdade de uma amiga de trabalho em apenas algumas semanas?

E apenas quão ruim era sua própria imagem, para sua meia-irmã sentir a necessidade de defender sua própria namorada logo na primeira vez que se encontraram?