270: Duzentos Pontos Extras 270: Duzentos Pontos Extras ** Harper **
“Foi uma surpresa para você, Harper?” A primeira pergunta começou antes mesmo que a porta do elevador se fechasse completamente atrás dos entregadores, a caminho da saída. “Ou você planejou totalmente festejar aqui a noite toda e já tinha tudo arranjado?”

“Ah, qual é, quem é que se autoenvia flores?!” Alguém mais rápido rebateu a especulação antes que Harper tivesse a chance. “Harper, você tem um cara tão romântico. Eu aposto que meu marido tá até comemorando que eu vou chegar tarde em casa, já que é um dos melhores momentos para ele assistir aqueles jogos de futebol chatos com os amigos.”

“E ainda tem comida para todos nós!” Os abutres mais descarados já tinham se aglomerado em volta do carrinho, examinando famintos as opções abundantes de jantar. “Isso é uma tentativa de comprar os nossos corações para fazer a popularidade da Harper disparar?”

“Não, tenho certeza que o objetivo são duzentos pontos extras no placar do Casal Dourado.”

Harper conteve um riso de escárnio com todos os comentários criativos. Mas ela sabia, no entanto, que o banquete para o escritório todo tinha o único propósito de atrair todos para ficar com ela e ajudar naquele prazo do projeto. O Eli era ardiloso desse jeito.

Com bastante ajuda do grupo, Harper arrumou a comida numa grande mesa de bufê, pegou sua parte de sanduíches e limonada, e levou as flores de volta para sua mesa. Era um buquê deslumbrante, encantadoramente pastel, perfeito para uma princesa — rosas em tons de rosa, salmão e creme, margaridas brancas tingidas de roxo na ponta das pétalas, lírios com bordas magenta e um perfume tão forte que ela duvidava que sentiria outro cheiro pelo resto da noite. E no centro dessa bela arrumação havia um cartão vermelho em forma de coração, sustentado por um pequeno tridente.

Ela puxou o cartão e o abriu.

[ Queria poder estar aí, mas sei que só distrairia você do trabalho incrível, então só posso esperar que você pense em mim quando olhar as flores. E ah, tente não beber toda a limonada de morango 🙂
Termine esse trabalho maravilhoso. Amo você. ]
Awww.

Harper segurou o cartão contra o peito, sorrindo como se aquele pequeno pedaço de papel fosse a coisa mais preciosa do mundo. Esse cara devia ter nascido para derreter o coração dela — como mais ele saberia fazer isso tão impecávelmente?

“Ahem. Chefe, acho que você vai ganhar muito mais do que duzentos pontos se continuar com uma cara dessas.” A risada do Emory tirou Harper daquele transe apaixonado. “Olha só o placar, o pessoal já está trabalhando duro nele!”

Eh? Harper olhou pra cima. Do outro lado do divisor do cubículo, uma pequena multidão já havia se reunido em volta da tabela de pontuação improvisada, rabiscando post-its e pregando medalhões no topo. Ops.

Harper sorriu, um pouco sem jeito. Talvez isso fosse um pouquinho constrangedor, especialmente quando ela estava mostrando um estado tão apaixonado para uma estagiária que era mais jovem do que ela. Ao menos era bom que o Miles estava ocupado pegando a comida na mesa, sem se dar conta do cartão das flores e da conversa que acontecia atrás das paredes do cubículo.

“Outro motivo pelo qual a Lindsey deveria estar aqui, para ver a chocante popularidade do projeto de ouro dela.” Harper deslizou o cartão para dentro da bolsa, guardando cuidadosamente no bolso mais interno. “Ela me enviou uma mensagem hoje mais cedo, aliás. Disse que está se sentindo muito melhor, então espero que ela volte em um dia ou dois.”

A distração, no entanto, não funcionou com a Emory. A moça deu uma mordida na sua pizza, e os olhos dela permaneceram nos lírios. “Ele realmente parece loucamente apaixonado por você,” ela comentou casualmente. “Sabe, baseando-me em todas as histórias que andam circulando pelo escritório e todas as anotações no placar.”

Harper tinha acabado de começar a dar o primeiro gole na limonada, e se engasgou. Perai, será que os universitários realmente falam assim hoje em dia? E não era meio estranho continuar nessa direção da conversa… quando os dois apaixonados eram seu chefe e seu meio-irmão de uma relação familiar complicada?

“Ele é… um romântico, como alguns diriam.” Harper ofereceu um sorriso tímido e pegou emprestada a palavra da Chelsea do fim de semana. “E ele realmente sabe o que eu gosto.”

Emory não comentou sobre isso. Em vez disso, o olhar dela vagou um pouco entre a pizza em sua mão e as flores na mesa da Harper. “Bem, ele realmente parece ser muito bom em demonstrar isso,” ela disse por fim. “Me disseram que meu pai também era assim. O romantismo deve ser de família.”

Harper ergueu a sobrancelha. O doce tom da noite mudou sutilmente com a menção ao pai do Eli, e ela sabia que Emory estava tão ciente disso quanto ela. O que a menina estava insinuando?

“Ah é? Isso também vale para você, então?” Harper arriscou uma brincadeira. “Você é mais do tipo pizza ou flores?”

Dessa vez, felizmente, Emory captou a dica e parou de seguir por essa tangente pessoal. “Não dá pra perceber? Eu sou uma pessoa prática acima de tudo.” Ela riu e ergueu a pizza em sua mão. “Acho que quando digo que o romantismo corre na família, quero dizer que corre na linha masculina. Sempre dizem que não sou nada parecida com meu pai, e essa é só mais uma prova disso.”

Tendo terminado a primeira fatia então, Emory limpou a mão e lambeu os dedos. “Bem, vou pegar outro pedaço. Mas o que eu queria dizer é, fique de olho nesses românticos, tá? É fácil esconder o que alguém realmente pensa por trás de um lindo buquê de rosas, e eu acho que você sabe por que estou dizendo isso.”

… Harper ficou sem palavras. Ela realmente acabou de receber um conselho amoroso de uma universitaria, que era sua funcionária oficial e provavelmente anos mais nova do que ela?

E a Emory estava realmente tentando adverti-la… ou havia algo mais implícito naquelas palavras ambíguas?