249: Controle de Danos 249: Controle de Danos ** Eli **
O som de um clique suave na porta fez Eli perceber que enquanto ele contemplava o dilema dos familiares problemáticos, a água correndo no banheiro havia parado, e agora Harper estava parada à porta enrolada numa toalha de banho, olhando com suspeita para o telefone em sua mão.

“Não me diga que você realmente tirou fotos daqueles ‘músculos sem filtro’ e está revendo-as agora?” ela perguntou. “Quer dizer, não que eu me importe, mas—”
“…”
Caramba. Quão sem vergonha ela achava que ele era? Ele não era tão pervertido na cama!

“Infelizmente, acho que você vai preferir muito mais fotos sem filtro ao que eu estou realmente olhando.” Eli esticou um braço e a puxou de volta para a cama, aconchegando-a ao seu lado antes de entregar a ela seu telefone. “Tyler recebeu uma oferta de emprego e aparentemente está planejando sua mudança para Davenshire em breve. Suponho que ele também tenha te mandado uma mensagem sobre isso ao mesmo tempo.”

Harper encarou novamente o telefone, agora um tanto atônita. “Oh,” ela disse por fim.

É, oh mesmo.

Um silêncio cúmplice se estendeu por alguns momentos. “Bom, ele não nos pediu um lugar para ficar desta vez?” Harper se recuperou primeiro do choque, sua expressão mudando rapidamente para um sorriso travesso. “Se ele pedisse, ele seria bem-vindo para usar meu apartamento pelo tempo que quiser. O lugar está lá vazio mesmo, e eu seria gentil o suficiente para só pedir metade do aluguel.”

Eli levantou uma sobrancelha divertida. “Você quer dizer que seria generosa o suficiente para deixá-lo dormir em nossa cama? Na verdade, não tenho certeza de como ele se sentiria sobre isso, considerando os tipos de sonhos indesejáveis que ele poderia ter pensando em todas as coisas que poderiam ter acontecido naquele colchão.”

Harper piscou. Então ela cobriu o rosto com uma risada abafada.

“Oh Deus. Suponho que o trauma que causamos a ele com aquele capítulo do romance da web não é algo que se possa superar facilmente.” As mãos dela ainda estavam sobre as bochechas enquanto ela espiava para ele entre os dedos, os ombros tremendo de riso. “Coitado do irmão. Uma pena que não podemos limpar seus olhos inocentes.”

Eli apenas sorriu enquanto deixava um beijo sobre suas pálpebras. Olhos inocentes eram coisa do passado distante, no que diz respeito aos dois.

“Sério, acho que deveríamos tentar compensar o dano que causamos.” Harper apoiou a cabeça sobre o braço dele, pensativa. “Especialmente se vamos todos morar na mesma cidade de novo… Eu quero que vocês dois consigam se entender eventualmente sem que acabem em brigas ou precisem de duas garrafas de uísque. O que, segundo as últimas duas tentativas que você enfrentou, não foi muito promissor.”

Isso arrancou um suspiro genuíno de Eli. “Você tem uma meta bastante ambiciosa, e duvido muito que um convite para comer ou um fim de semana acampando vá funcionar desta vez.”

“Felizmente existem muitas outras opções a tentar.” Harper considerou por um momento antes de sugerir, “Podemos ir procurar apartamento com ele.”

“Ai… Depois de ouvi-lo reclamar durante toda a viagem de acampamento sobre nós sermos ‘pessoas da cidade’?” Eli estava duvidoso. “Não tenho certeza se ele ficará satisfeito com qualquer ajuda que possamos oferecer no assunto. Acho que estamos melhor encontrando um lugar em um camping para ele ficar do que qualquer apartamento que achamos adequado.”

“… Justo.” Harper considerou novamente. “Ah! E que tal tentarmos arranjar um encontro para ele? Ele terminou com a namorada no início deste ano, e pelo que sei, não houve nenhuma notícia sobre sua vida amorosa desde então. Talvez se ele tiver algo em que se concentrar em seu próprio relacionamento, ele pare de ser tão intrometido sobre o de outra pessoa.”

Hmm. Ele gostava de como o cérebro dessa garota funcionava. “Isso soa realmente viável… Você conhece alguma solteira elegível?”

“Ah, várias.” O tom da garota de repente mudou um pouco enquanto ela ria. “Sabe, inúmeras solteiras elegíveis no meu escritório têm babado por um certo herdeiro bonitão da Sterling Trust desde a viagem ao Havaí. Imagino o que poderia acontecer se eu convidasse meu irmão para uma festa da empresa e o apresentasse como o melhor amigo desse herdeiro bonitão?”

… Havia tantas suposições suspeitas naquelas declarações que Eli nem sabia por onde começar. “Você quer dizer ex-melhor amigo,” ele se decidiu por dizer.

“Pfft. Ele vai superar, ou eu farei ele superar. Meu irmão—”
Harper pausou, e quando ela olhou para ele novamente, um brilho travesso estava de volta em seus olhos.

“O quê?” Eli perguntou, um presságio um tanto ruim surgindo em sua mente.

“Você acha que há alguma chance de Emory se interessar?” Harper sorriu maliciosamente. “Sua irmã e meu irmão… Eu simplesmente não resisto à ideia. É como o par perfeito que escrevem nos romances!”

“…”
O que estava acontecendo na cabeça dessa garota, para pensar que era possivelmente uma boa ideia juntar um pesadelo familiar com outro pesadelo familiar? Essa não era a receita para criar milagres, e Eli nem conseguia pensar em outra opção mais horrível do que essa!

“Tudo bem, tudo bem.” Harper riu, vendo a expressão atordoada no rosto dele. “Nada de alianças fraternais e sororiais então. Vou prestar mais atenção nos outros candidatos. Quem sabe, talvez esta seja uma ótima oportunidade para eu me livrar de algumas dessas fãs babonas no escritório que passam tempo demais olhando suas fotos na tabela do casal de ouro.”

Desta vez, Eli riu do olhar um tanto ciumento no rosto dela. “Desde que você guarde essa fã em particular para mim.” Ele afastou uma mecha de cabelo solto da testa dela, deixando um beijo lá. “Ela pode continuar babando por mim pelo tempo que quiser. Mesmo que seja literalmente enquanto ela dorme em cima de mim.”

A fã sorriu, e ela respondeu afirmativamente com um grande beijo no meio dos lábios dele.