248: Membros da Família Problemáticos 248: Membros da Família Problemáticos ** Eli **
Eli olhou de volta para a multidão na qual a morena havia desaparecido, vasculhando suas memórias por qualquer lembrança de um rosto semelhante. Ele não encontrou nenhum. E por que Harper esperaria que ele conhecesse uma candidata a estagiária entrevistando na empresa dela em primeiro lugar?

“Bem … O nome dela é Emory Sterling,” Harper explicou.

Mesmo assim, ele demorou um momento constrangedoramente longo para entender o que aquele nome sugeria. “… Você quer dizer que ela é a filha do meu pai?”

Então ele percebeu, tardiamente, que “filha do meu pai” devia ser uma maneira bem estranha de se referir à própria meia-irmã. Pena que foi a primeira e mais precisa frase que veio à sua mente.

“Sim, eu descobri mais cedo esta semana quando ela apareceu aqui. Aparentemente, ela até usou um nome falso no currículo dela para tentar esconder a conexão com nosso principal investidor.” Harper balançou a cabeça, depois olhou para ele com uma curiosidade cautelosa. “Você realmente nunca a conheceu antes?”

“Não, e eu considero isso um alívio.” Eli desviou o olhar da multidão. Ele não tinha um motivo particular para odiar essa meia-irmã, por si só — ou mesmo a mãe dela nesse sentido, porque, para ser justo, nenhuma delas fez nada intencionalmente para causar a farsa que fez sua vida desmoronar em poeira — mas isso não significava que ele estava animado de qualquer maneira para conhecer essa parte estendida da sua “família”.

Pela expressão no rosto da garota, ela também não parecia conhecê-lo. Provavelmente era melhor assim para ambos.

“Você está considerando contratá-la?” ele perguntou casualmente, mais por curiosidade sobre a nova responsabilidade de trabalho da Harper do que sobre a perspectiva de estágio dessa irmã aleatória.

“Bem … Eu na verdade estava querendo te perguntar sua opinião. Só não encontrei uma boa chance para fazer isso a semana toda, dado o quanto você nos manteve ocupados todas as noites.” Harper deu-lhe um olhar significativo. “Não estou dizendo que hoje é um momento melhor nesse sentido, mas já que estamos no assunto, você tem alguma objeção a nós contratarmos ela? Ela se saiu bastante bem na entrevista, e eu gostei muito dela.”

Interessante. Eli arqueou uma sobrancelha — “gostar” era realmente um elogio raro vindo de alguém com padrões elevados como Harper.

“Eu não estou dizendo isso de um ponto de vista tendencioso,” Harper explicou apressadamente, aparentemente sentindo a necessidade de defender sua postura sobre essa pessoa com uma identidade sensível. “Cinco dos meus colegas de diferentes equipes conversaram com ela também, e o feedback deles foi um A+ unânime. Ela tem habilidades bem equilibradas, e a personalidade dela também se encaixa muito bem na empresa.” Ela fez uma pausa por um segundo, roubando um olhar para a expressão dele antes de adicionar cuidadosamente, “É também meio surpreendente o quanto ela parece ter em comum comigo. Quero dizer, imagina só a probabilidade de encontrarmos alguém que conhecemos num fliperama! E ela foi a primeira pessoa a entender meu primeiro jogo do último verão tão bem também.”

… Agora, Eli de repente sentiu uma pontada de impressão negativa sobre essa misteriosa meia-irmã. “Você quer dizer Siberian Express?” ele perguntou. “O que eu perdi?”

Harper deu-lhe uma piscadela furtiva. “Você sabe que você não pode sempre ser a única pessoa a entender todos os pensamentos ocultos na minha cabeça, né?” Ela apertou o braço dele brincalhona. “Alguém mais acabaria compartilhando esse privilégio em algum momento… E, para ser honesta, eu não ficaria surpresa se Emory entendesse seus interesses tão bem quanto. Você pode até gostar dela também se vocês dois se encontrarem algum dia.”

“…” Não, obrigado. Isso seria apenas constrangedor em muitos níveis. Especialmente se essa Emory já estava saindo de simplesmente uma meia-irmã para uma potencial rival em roubar a afeição da Harper — e uma ameaça nisso, considerando o quão bem sucedida ela já havia se tornado após apenas uma entrevista!

“Não precisa me encontrar com ela.” Eli desvencilhou seu braço do de Harper e passou em volta das costas dela ao invés disso. Que irônico ele estar sentindo essa onda de ciúmes sobre sua suposta irmã. “Estou bem com qualquer decisão de contratação que você tome. Sei que você vai lidar com isso sabiamente de qualquer forma.” Não que ele estivesse tentado a dizer “não”, e não que ele estivesse ansioso para encerrar essa conversa para que pudesse apagar esse pensamento ciumento da sua cabeça. “Agora, não combinamos de não falar sobre trabalho neste fim de semana? Vamos voltar e continuar com as atividades ‘ocupadas’ da noite que te impediram de pensar sobre isso… Eu gostei bastante dessa programação.”

Seu ciúme foi aliviado um pouco quando a garota em seu braço sorriu, batendo os cílios com centelhas nos olhos.

~ ~
Foi uma noite agitada para verificar todos os itens pendentes deles da cabine de fotos, de músculos não filtrados a “músculos” não filtrados, e para a satisfação de Eli, realmente não sobrou mais tempo para pensar no trabalho nem um pouquinho.

No entanto, ele ainda achou difícil deixar para trás esse pensamento ressentido sobre Siberian Express. Quais referências ele perdeu de qualquer forma, e como alguém que acabou de conhecer Harper pela primeira vez entendeu antes dele?

Incomodado pelo desafio, ele não conseguiu evitar de começar a reexaminar todo o jogo em sua cabeça mesmo enquanto ia dormindo. Mesmo de manhã, após mais algumas rodadas de compromissos agitados que levaram Harper a tomar um chuveiro prolongado, ele não resistiu em pegar o celular na tentativa de procurar pistas ocultas no jogo enquanto ela ainda estava no banheiro.

Para sua decepção, no entanto, o que ele encontrou ao pegar o telefone foi uma notificação de duas mensagens de texto:
[ Tyler: Eu recebi minha oferta de emprego. ]
[ Tyler: Acho que vou aceitar. Dependendo de quanto tempo meu chefe atual quer, eu deveria estar me mudando para Davenshire em uma ou duas semanas. ]
… Merda. Será que as pessoas precisam ser tão eficientes ao tomar uma decisão tão importante?

E por que membros da família problemáticos de repente gostam tanto de se infiltrar em sua vida sempre que podem?