238: Boas-vindas à Mudança 238: Boas-vindas à Mudança ** Harper **
Talvez ela ainda tivesse muito o que melhorar em suas habilidades de massagem, a julgar pelo fato de que os ombros tensos de Eli não pareciam ter melhorado nem um pouco depois de meia hora do seu árduo trabalho. Harper se perguntava se deveria assistir a alguns vídeos no YouTube e seguir os passos enquanto fazia… ou talvez ela devesse simplesmente pedir mais massagens para si mesma e copiar com mais atenção, passo a passo.

Ou, quem sabe, ela apenas precisava de mais prática. Assim como precisava em relação à culinária. Foi só quando Eli se juntou a ela na cozinha mais tarde naquela noite que ela percebeu o quanto ainda tinha que aprender sobre o assunto — ela estava prestes a adicionar a carne sem dourá-la primeiro! E tinha preparado o tipo errado de queijo para colocar por cima do prato! Ainda bem que o chef especialista era paciente e meticuloso em colocar tudo de volta nos eixos, ajudando-a por pouco a evitar um desastre completo com o jantar deles.

Harper fez disso sua resolução pessoal de meio de ano: aperfeiçoar-se nessas duas habilidades, começando por anotações cuidadosas e muita prática. No entanto, quando ela se ofereceu para tentar fazer tudo novamente do zero no dia seguinte, a expressão um tanto estranha que recebeu de Eli a fez se perguntar se ela era realmente tão ruim a ponto de até um cara paciente pensar duas vezes antes de lhe dar uma segunda chance.

Então talvez ela não devesse se surpreender quando, no dia seguinte, a segunda chance não veio. Em vez disso, ela chegou em casa e encontrou alguém que já estava lá antes dela, recebendo-a com… uma nuvem de poeira subindo na sala como uma gigantesca nuvem de cogumelo.

“… Eli?” ela ofegou, procurando pelo namorado no meio dos escombros caóticos.

“Merda. Não vem pra cá, tá uma bagunça.” Eli colocou a cabeça para fora de trás do sofá. “Desde quando você sai do trabalho antes das seis? O que aconteceu com a minha Harper workaholic e quem você colocou no lugar dela?”

Harper riu. “Bom… desde o dia em que decidi te surpreender com um jantar horrivelmente caseiro, eu acho?” Então ela observou a sala de estar desastrosa que estava praticamente de cabeça para baixo. “Mas acho que isso não vai acontecer hoje. Puxa, eu pensei que tinha bagunçado completamente a sua cozinha ontem, mas isso nem se compara com o que está acontecendo aqui agora! O que você—”
Oh.

Ela parou no meio da frase, e seu queixo caiu enquanto ela começava lentamente a processar a visão à sua frente.

O suporte minimalista para TV havia desaparecido, substituído por um grande centro de entretenimento que já tinha vários itens dispostos por perto. Tudo ainda estava espalhado por todos os cantos e completamente fora de ordem, mas a partir do esboço vago de uma organização, ela conseguia ver seu plano, se olhasse de perto: de um lado estava o mais novo Xbox, Playstation, Switch, Oculus… e claro, o fone de ouvido exclusivo da Visão do Futuro; do outro lado, uma coleção quase desgastada de N64, GameCube, Atari Jaguar, Wii… com uma pilha de discos e cartuchos que ela reconheceu imediatamente como seus antigos favoritos.

“Espera… onde você conseguiu esses?” Ela correu até a prateleira apesar das advertências, folheando rapidamente a pilha. “Super Mario 64? Eu pensei que nem dava mais pra comprar esses! Em qual mercado de antiguidades você achou isso?”

“O que, você não reconhece? Esse é o velho cartucho que a gente tinha quando éramos crianças.” Passos se aproximaram por trás dela, e ela ouviu um sorriso inconfundível na voz de Eli. “Eu guardei todos esses quando me mudei da casa do meu pai. Eles estavam guardados em uma unidade de armazenamento por anos… mas o depósito era para ser climatizado, então espero que ainda funcione.”

Harper girou incrédula e só então percebeu as mudanças no resto da sala de estar atrás dela.

O sofá branco e vazio estava longe de estar vazio agora, coberto com os tipos de cobertores fofinhos e mantas de fleece que ela adorava. Alguns travesseiros e pelúcias fofas estavam espalhadas aleatoriamente sobre as almofadas do assento, ainda a serem arrumadas em seus lugares próprios. Uma caixa estava em uma extremidade da mesa de centro, meio desempacotada, e ela vislumbrou o conteúdo a ser… livros com capas suspeitamente limitadas por idade, não muito diferentes daqueles que ela havia visto no estande da May durante a festa do livro.

Ele estava transformando essa sala de estar para ficar igual à dela, no seu próprio apartamento.

Eli passou a mão pelo cabelo, parecendo um pouco envergonhado enquanto acompanhava o olhar dela. “Está me levando um pouco mais tempo do que eu esperava…” ele explicou, aparentemente com o mesmo tom e as mesmas palavras que Harper havia usado ela mesma ontem. “Eu tirei a tarde de folga para trabalhar nisso, mas o centro de entretenimento demorou muito para organizar. Acho que deveria ter percebido que não era tão bom em empacotar há oito anos, e mal consegui encontrar onde estava tudo naqueles velhos ca—”
Ele não conseguiu terminar a frase antes de Harper praticamente se jogar em cima dele, envolvendo seus braços firmemente ao redor do seu pescoço num abraço sufocante.

“H-Harper!” o homem em seus braços ofegou horrorizado. “Solta! Estou coberto de poeira e suor. É nojento!”

“É perfeito,” ela o corrigiu, e ela estava falando sério. Recuando ligeiramente sem soltar, ela sorriu para o rosto bonito com um brilho úmido e os cachos castanhos bagunçados com espetos desalinhados. “Não acredito que você está mudando sua sala inteira só por minha causa… Mas está tão perfeito.”

Ela não se incomodava com o estilo minimalista deste apartamento. De forma alguma, se isso era o que o agradava. Mas ela adorou o modo como ele havia a surpreendido com um acolhimento tão doce para a mudança.

Depois de mais algumas tentativas frustradas de tirar seu suado eu dos braços dela, Eli desistiu com um suspiro indulgente. “Não é só por você, no entanto,” ele sorriu de volta. “Mas já que você mencionou um ‘mudança oficial’ ontem, isso me fez pensar. Eu nunca liguei muito para a decoração desse lugar antes… porque era apenas outro lugar para passar outro dia comum, e tudo que eu precisava era de comodidades convenientes e um espaço pessoal tranquilo. Mas agora, com você aqui, tudo é diferente.”

As mãos dele pousaram em sua cintura, segurando-a levemente. “Este é o nosso lar agora, temporário ou não. E eu quero que pareça um também. Ainda há muito trabalho a fazer, é claro, mas pensei que adicionar algumas de nossas velhas memórias seria um bom começo… Honestamente, eu nunca esperei que essas pequenas coleções voltariam a ver a luz do dia novamente.”

O brilho quente em seus olhos contra aquele fundo caótico atrás dele a conquistou. Apesar de seu protesto, Harper o puxou para mais um abraço apertado, e colou seus lábios aos dele no meio daquela sala de estar bagunçada. A qual estava tão perfeitamente linda, viva, e como um lar.