237: Mais uma vez no Sofá 237: Mais uma vez no Sofá ** Eli **
“Tá com dor de cabeça? Uma massagenzinha ajudaria?”

Harper sentou-se ao lado dele, deitando-o de costas com a cabeça no colo dela. Dedos finos passaram sobre suas têmporas, desenhando pequenos círculos ali num padrão lento e delicado.

Eli não achava que estava com dor de cabeça. Não até a refrescância daquelas pontas de dedos macias percorrerem seu ser como uma chuva de primavera, afrouxando aquele nó apertado em seu crânio e acalmando a inquietude em seu corpo feito um feitiço. Caramba, talvez ele nem tivesse percebido o quanto seu dia tinha sido pesado.

“Outra habilidade impressionante que você escondeu de mim, Harper.” Os olhos dele se fecharam, e ele deixou as palavras saírem num suspiro preguiçoso e confortável. “Preciso começar a contar todas essas coisas incríveis que perdi na minha vida passada.”

Ele escutou uma risadinha abafada em resposta. “Devo te dar uma massagem todos os dias quando você voltar do trabalho?” Harper perguntou. “Farei com prazer. Embora eu prefira muito mais que você tenha menos dias pesados para que isso seja necessário.”

Ele notou que ela desviava do assunto da conversa dele com o pai, como sempre, então ele também não tocou no tema para não estragar o clima. Enquanto os dedos dela continuavam sua magia num ritmo embalador, um silêncio fácil os envolveu, pacífico e reconfortante.

É, ele certamente não se importaria com um momento assim todo dia… especialmente quando era completado pelo cheiro dela o envolvendo por todos os lados. O aroma sutil, mas inconfundivelmente doce de mel e baunilha invadiu suas narinas, um lembrete sonhador de que sua vida era bela e perfeita demais para ser desperdiçada com pensamentos desagradáveis.

“E o seu dia?” ele perguntou, e as palavras saíram de forma meio indistinta com ele tentando ao máximo não gemer com o mimo maravilhoso que estava recebendo. “As entrevistas foram bem? Espero que as pessoas não tenham se distraído demais com o quadro do casal dourado para fazerem seus trabalhos direito.”

Harper riu baixinho com isso. “Na verdade… Adivinha só, as entrevistas foram completamente inesperadas hoje. Você nunca acreditaria que meu primeiro candidato—”
Ela pausou, como se de repente lembrasse de algo, e se interrompeu no meio da frase.

“O que eu não acreditaria?” Eli abriu os olhos, intrigado. “Foi incrivelmente bem? Ou horrivelmente mal?”

Harper olhou para ele, seu olhar vacilante. “Vamos não falar mais sobre trabalho por agora. Ou qualquer outra coisa desagradável, já que você já teve o suficiente por hoje.” As mãos dela desceram, deslizando das têmporas para a parte de trás do pescoço dele. “Vamos relaxar esta noite. Vire um pouco para o lado para eu poder chegar nos seus ombros.”

Hmm. Deve ter sido horrivelmente mal então, se contava como “algo desagradável” que ela não queria falar a respeito naquele momento. Mas Eli estava totalmente a favor de uma noite tranquila, então ele acatou a ordem dela e rolou para o lado.

Então ele deixou escapar outro suspiro quando aqueles dedos ágeis deslizaram por suas costas, amassando os músculos entre suas escápulas com pressão suficiente para que toda a dorzinha se transformasse num alívio que fazia arrepiar os pés.

Enquanto lutava para não fazer mais nenhum som embaraçoso, a cena naquele momento de repente o lembrou da primeira vez que Harper tinha vindo a este apartamento. Quando ela deitou neste mesmo sofá e recebeu uma massagem dele, numa posição bastante semelhante a que estavam agora, exceto pelos papéis invertidos. Teria sido quando ela aprendeu suas técnicas de massagem? O trabalho de suas mãos parecia imitar exatamente o que ele havia feito naquele dia, alternando entre apertos suaves e estocadas profundas que alcançavam todos os pontos certos.

E então ele se lembrou das outras “técnicas” que tinha usado naquele mesmo dia, provocando-a com cada mergulho do dedo e—
Com esse pensamento, o carinho em suas costas abruptamente passou de confortável para… algo a mais, e o calor na ponta do dedo dela foi rapidamente redirecionado para uma parte diferente de seu corpo…

“O que tem de errado com os seus músculos aqui?” A amassada de Harper parou, e ela soou preocupada enquanto cutucava um ponto específico perto da coluna dele. “Está tão tenso. Quanto tempo você ficou em reuniões para ficar assim?”

“…” Eli não tinha certeza se queria dizer a ela que estava se tensionando todo agora, não apenas naquele único ponto que ela notou. Especialmente tenso num lugar onde ela não estava massageando.

O problema era que ele não queria interromper o momento precioso que estavam tendo. Ele gostava de passar tempo com ela assim, quieto e confortável, simples e inocente. Ele amava suas noites quentes e apaixonadas também, é claro, mas havia um tipo diferente de magia nesses momentos, uma beleza diferente no toque casto de suas mãos e na ternura cuidadosa em sua voz.

Ele não queria estragar isso. E mais importante, não queria que ela pensasse que tudo o que ele queria dela era sexo. O que definitivamente não era verdade… se ao menos ele pudesse fazer seu corpo provar isso! Porque agora, com a imagem dela naquele mesmo sofá dois meses atrás enviando pequenos pulsos e faíscas para o seu baixo ventre, estava certamente difícil provar o contrário…

“Hum, má postura, eu acho.” Ele mentiu descaradamente, mexendo-se um pouco no colo dela para rolar mais para o lado, escondendo a situação que provavelmente já estava visível sobre suas calças. Então ele procurou algo diferente para focar sua mente. “O Tyler falou com você hoje, aliás? Ele já chegou em casa?”

Certo, isso era desagradável o suficiente para esfriá-lo instantaneamente pelo menos um grau.

“Ei, eu disse sem assuntos desagradáveis esta noite.” Harper beliscou-o no ombro. “Sim, o Tyler está em casa, mas sem mais papo sobre ele também. Fique quieto e curta sua massagem.”

E então as mãos dela trabalharam mais para baixo, amassando mais e mais perto da linha da cintura…

Eli gemeu internamente em pura agonia. Merda, no que ele tinha se metido de novo, repetidamente neste mesmo sofá?