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- Capítulo 213 - 213 Quando a Vida Te Der Limões 213 Quando a Vida Te Der
213: Quando a Vida Te Der Limões 213: Quando a Vida Te Der Limões ** Tyler **
Tyler estava quase se transformando numa fumaça preta de raiva quando saiu do apartamento do Eli. E agora ele tinha um problema extra — não tinha ideia de pra onde ir.
Ele precisaria de um hotel, claro. Além de uma ligação para resolver a situação do voo. Mas, mais urgentemente, precisava de um bar. Algo que ele não conhecia muito bem em Davenshire.
Não ajudava o fato de ele ser tão exigente com as bebidas como era com a comida.
Tyler praguejou baixinho. Dane-se, teria que se contentar com algo rápido e fácil desta vez, desde que fosse forte o suficiente para ajudá-lo a lidar com o choque infernal. Talvez o restaurante onde eles tinham ido na quarta-feira servisse, já que a Harper mencionou que costumava ir lá regularmente com um amigo que gostava da tequila deles.
Harper… O pensamento de sua irmã fez Tyler gemer internamente. Que garota ingênua e problemática.
Ele chamou um táxi, e não demorou muito para atravessar o canal e chegar ao restaurante. O lugar parecia movimentado o suficiente para uma noite de domingo, mas ele ignorou a multidão enquanto seguia direto para o bar e ocupava o primeiro banco vago.
“Don Julio Añejo, puro.” Ele acenou para o bartender, pulando todo o papo furado. Ele só queria uma maldita bebida.
“Oh, olá gato. Não está de mau humor hoje à noite.”
A voz vinda do assento ao lado dele fez com que ele percebesse atrasadamente que havia alguém sentado bem ali, provavelmente descontente com sua atitude. Tyler virou, com a sobrancelha arqueada, e começou a praguejar internamente pensando que o mundo todo queria lhe dar uma dura naquela noite, quando foi recebido com um sorriso amigável.
Sua vizinha de assento era uma jovem da idade da Harper, loira com um coque despojado feito na metade da cabeça. Ela ergueu a taça na mão. “Por sorte, uma noite ruim é pra isso que servem as tequilas, não é? Boa escolha aliás — eu sempre reviro os olhos para aqueles shots baratos que vêm com sal e limão.”
A sobrancelha de Tyler subiu ainda mais. Desta vez, a surpresa veio do fato de que outra pessoa compartilhava seu gosto incomum de saborear tequila de qualidade como ela merecia.
“Parabéns por encontrar uma amiga tão esnobe quanto você sobre tequila.” A garota do outro lado da loira — também na casa dos vinte e poucos anos, mas com uma vibe completamente diferente com seu cabelo azul elétrico e vestido de couro curtinho — franziu o nariz e deu um gole na sua margarita. “Até onde eu sei, esse lugar tem uma das margaritas mais sem graça que existe.”
“É por isso que quando a vida te dá limões, você não os desperdiça estragando uma boa tequila.” A loira riu justo quando o bartender voltou com o Don Julio Añejo. “¡Saúde!” Ela brindou sua taça com o novo copo que foi colocado na mesa.
Tyler olhou para os dois copos idênticos cheios de líquidos da mesma cor. Interessante.
“Você vem muito aqui?” Ele perguntou. Não que ele estivesse ali para conversar com alguém esta noite, mas a rara coincidência o deixou curioso. Talvez essa mulher fosse uma frequentadora assídua e pudesse recomendar algo melhor para ele experimentar também.
“Um par de vezes por semana. Uma tequila por dia afasta o médico — ou pelo menos ameniza a dor de cabeça.” A loira levou sua bebida aos lábios com uma piscadela. “Quer compartilhar que tipo de dor de cabeça te trouxe aqui nesta noite cinzenta?”
Agora, isso começava a soar suspeitosamente como… uma cantada bem articulada? Até a garota de cabelo azul do outro lado pareceu sacar a dica, sacando seu telefone e se desengajando sutilmente da conversa que se aproximava.
Tyler segurou sua bebida.
Ele não era o tipo de cara de cantadas em bar. Todas as suas experiências passadas com isso vieram de ser o apoio para babacas como o Eli, o que ele certamente não iria fazer nunca mais. Em uma noite normal, ele teria simplesmente ignorado a mulher e focado em sua própria bebida, mas hoje…
Hoje, a raiva queimando dentro dele queria um lugar para ser despejada, e havia um apelo meio estranho em compartilhá-la com uma completa estranha no bar. Eles provavelmente nunca se veriam de novo depois disso, então ele não se importava se ela o julgasse ou espalhasse a história para alguém que ele não conhecia.
“Um dos maiores playboys que conheci em toda a minha vida acabou de ficar com minha irmã,” ele disse. Essa era a maneira mais neutra que ele conseguiu formular a situação — hey, pelo menos ele não chamou o antigo amigo de mulherengo escroto.
“Hmm, bom para ela.” A loira assentiu. “E daí?”
“…” Tyler quase cuspia a tequila de sua boca. Qual era a reação dela? A resposta natural de todo mundo não seria “Sério Deus do céu” ou “Nossa, sinto muito em ouvir isso”?
“Como assim bom para ela?” Ele perguntou depois de quase engasgar. “Minha irmã não é o tipo de garota de aventuras casuais. Ela caiu na armadilha desse babaca! E ela não me ouviu quando eu disse para ela se afastar dele antes que fosse tarde demais.”
“Oh?” Sua nova conhecida lançou-lhe um olhar interessante. “Sua irmã é menor de idade?”
“Argh… não?”
“Ela possui algum desafio intelectual?”
“… Não?”
“Então qual é o seu prob?” A loira o olhou como se estivesse decepcionada com um drama delicioso que acabou sendo uma revelação sem graça. “Se ela é uma adulta capaz de fazer seus próprios julgamentos, por que você está tão preocupado?”
“… Porque o cara é um maldito mulherengo!” Talvez o uso dessa palavra fosse necessário para deixar a situação clara. “Ela não o conhece. Não esse lado dele. E ela só vai ser machucada quando descobrir a verdade.”
“Ah. Isso é o que você assume. Mas as mulheres piram nos Casanovas por um motivo, e nem todos eles são ruins.” A loira riu novamente. “Não tenha tanta pressa em dizer coisas que você não sabe se são verdade, gato.”
Epa… Por que essas palavras soavam tão incrivelmente similares ao que a Harper tinha dito quando o colocou para fora?