Suas Lições Travessas - Capítulo 129

129: Lunático 129: Lunático ** Eli **
Pela enésima vez hoje, Eli sentiu que precisava se beliscar forte para ter certeza de que não estava sonhando. E se não estivesse, teria que marcar o calendário o quanto antes, porque este dia certamente, positivamente, sem dúvida seria um dos mais importantes de sua vida.

Era um pensamento tão bobo e apaixonado que o fazia se sentir completamente diferente de si mesmo. Mas como sempre, Harper tinha a magia de transformá-lo numa pessoa completamente diferente… da melhor maneira.

Em seus braços, Harper esfregava o topo de sua cabeça contra seu queixo, como uma gata feliz satisfeita com o carinho incondicional que estava recebendo. “Você deveria aproveitar sua sorte e me segurar assim a noite inteira,” ela murmurou na curvatura de seu pescoço. “Caramba, ou o dia todo amanhã também. Que luxo seria se eu pudesse sentar no seu colo ao invés de uma cadeira em todas aquelas reuniões.”

Eli gargalhou. “Eu ficaria mais que feliz em ser seu móvel a qualquer momento. Embora seus colegas de trabalho possam perder o queixo se nos vissem realmente fazendo isso.”

Harper soltou um riso engraçado. “Oh, talvez eles surpreendam você. Os rumores podem ser bastante criativos no nosso escritório às vezes, e eu tenho quase certeza de que todas as possibilidades do nosso relacionamento já foram imaginadas. Será apenas uma questão de quem vence a aposta.”

Essa meia piada sobre uma situação muito real fez Eli pausar. Lentamente, sua mente voltou à realidade, e sua testa se franziu um pouco com o pensamento. “Seus colegas de trabalho acham que estamos namorando?”

Harper olhou para ele dessa vez. “Por quê, você não quer que eles saibam?”

Oh merda. A leve incerteza em seu tom fez com que ele percebesse que tinha passado a impressão errada com aquela pergunta. “Deus, Harper, claro que eu quero que todos saibam quem é a minha garota!” Ele apertou os braços ao redor dela. “Eu só não quero que pensem que essa é a razão pela qual eu aprovei sua proposta de projeto. Seu trabalho merece ser visto pelo seu verdadeiro valor, não como algum benefício vindo de um favoritismo pessoal indecente.”

O olhar dela ficou mais suave a cada palavra que ele dizia. “Eu… realmente aprecio o pensamento,” ela disse. “Ninguém entende o quanto meu trabalho significa para mim como você… Mas não se preocupe, eu não acho que eles vão pensar assim. E mesmo que alguns pensem, aqueles que realmente entenderem o valor do meu projeto saberão o que ele é de verdade. Aqueles que não entenderem — a opinião deles não importa de qualquer jeito.”

A confiança e a sabedoria com que ela falava eram tão deslumbrantes que Eli se perguntava se seu coração poderia explodir de admiração e orgulho. Como ele poderia não ser atraído por uma garota assim, tão brilhante e perspicaz e tão certa do que queria em cada virada da vida?

“Embora eu não me importasse de contar a novidade para eles aos poucos… por outros motivos,” Harper continuou. “Quer dizer, eu mal sei como falar com você no trabalho, já que você tem me surpreendido completamente ou me evitado por completo… Então talvez devêssemos pelo menos começar a nos ver mais em público? E agir como se realmente gostássemos um do outro enquanto estamos nisso?”

Eli encolheu ao receber a reclamação completamente justificada. Ele tinha feito várias besteiras lá, e teria que se esforçar bastante para se redimir. “Venha se juntar a mim para o almoço amanhã na mesa da Trust’s da Sterling,” ele sugeriu. “Eu vou te apresentar à minha equipe. Não haverá mais surpresas de ninguém depois disso.”

“Ou você pode vir se juntar a mim na minha mesa,” Harper ofereceu. “Minha equipe vai ficar tão extasiada e de olhos arregalados ao ter você.”

“… Eu não tenho tanta certeza se eles vão ficar. Há uma grande chance de que, se eu ver aquele cara Warren sentado ao seu lado de novo, ele vai ganhar um olho roxo em vez de um olho arregalado.”

Harper piscou. Então um pequeno riso escapou de seus lábios. “É Wallace,” ela o corrigiu. “Eu acho que tenho algumas reuniões com ele amanhã de manhã, na verdade. Vou encontrar uma chance de falar com ele.” Ela encostou o rosto de maneira reconfortante em seu peito. “Não haverá mais situações embaraçosas com esse cara, eu prometo.”

Eli olhou para ela confuso. “Eu pensei que você tinha dito que estava esperando o final dessa viagem para falar com ele.”

“Eu estava, mas isso foi antes de eu arranjar um namorado… e um muito ciumento,” ela riu quando ele levantou uma sobrancelha para o julgamento. “Por mais que eu ache fofo, seria muito maldade minha fazer você passar por essa tortura todos os dias pelo resto das duas semanas, não seria? E além do mais, quanto mais cedo eu lidar com as explicações, mais cedo podemos aumentar nosso PDA, o que significa” — ela se aninhou mais perto, inclinando o rosto para que seus lábios quase se encontrassem — “mais cedo eu posso sentar no seu colo durante as reuniões ou vir visitar todas as noites sem ter que me preocupar em ser vista.”

A última palavra foi um sussurro em sua boca enquanto os lábios dela roçavam nos dele. Antes que ela pudesse sequer pensar em se afastar, ele segurou seu rosto e transformou o rápido beijo num longo, demorado.

Provavelmente levaria um tempo até ele se acostumar com essa sensação. Esse ridículo acelerar do coração com as coisas simples que ela dizia ou fazia, como se fosse um adolescente idiota apaixonado pela primeira vez na vida. Essa gratidão por poder finalmente segurá-la e beijá-la quando quisesse, onde quisesse, como quisesse. Essa avidez de se agarrar a este momento de felicidade pelo tempo que pudesse durar.

“Você tem outra opção além de vir me visitar todas as noites, sabe,” ele sussurrou contra os lábios dela. “Fica. Muda para cá comigo, a cama é definitivamente grande o suficiente para dois.”