245: Capítulo 2.150 245: Capítulo 2.150 Horas se passaram, mas Christian ainda não tinha mexido um músculo. Muitos já tinham se afastado do túmulo em lágrimas ou tinham saído para respirar um pouco, mas não Christian.

“Está tudo bem chorar, Christian.” Enlacei meu braço ao redor dele, me encostando em seu peito. “Se quiser gritar, chorar alto—dar um soco em alguém… estou aqui.” Eu disse. “Okay, talvez não a parte do soco—”
“Eu sei.” Senti os lábios suaves de Christian pressionados contra minha têmpora. “Eu deveria estar chorando, mas as pessoas estão contando comigo e eu não posso decepcioná-las.” Ele tentou se convencer. “Lágrimas são um sinal de fraqueza.”

Suas palavras para mim não faziam sentido, mas eu respeitava seus desejos. Ele se sentia obrigado a ser o homem mais forte que esta família precisava que ele fosse e continha cada emoção.

Outros dependiam dele para preparar um serviço perfeito para Lucio, e ele fez. Gio e Enzo eram mais velhos, Franco, que tinha perdido o filho, tinha mais experiência—mas como o herdeiro, todos esperavam que Christian fizesse tudo—como se ele também não estivesse de luto.

Christian não se importava. Não havia uma boa maneira de explicar, mas, de certa forma, ele havia se tornado mais maduro, mais sério e mais responsável.

Eu tinha aprendido a respeitar seus limites. Se ele não queria um ombro para chorar, tudo bem—mas eu queria que ele soubesse que eu estava lá para ele.

“Sabe.” Christian começou. “Saber que o papai não está mais sofrendo é uma bênção.”

Ele me puxou para mais perto. “Eu me preparei por meses, temendo este momento… mas estou bem.”

“Você está realmente?”

“Sim”, Christian sorriu fraco. “E é tudo porque eu tenho você, Siena, pequeno Christian.” Ele tocou minha barriga. Depois de muitos palpites, estávamos ambos esperando ter um filho.

“Sua mãe também está melhor do que esperávamos. Ela é muito forte.” Eu elogiei Cesca. Após ver a reação dela à morte de Lucio, eu não tinha esperado que ela se reerguesse—mas ela estava indo perfeitamente bem.

Nós nos mudamos para a Propriedade dos Lamberti para fazer companhia a ela, que precisava, e ela se cercou de ótimas companhias e amigos, especialmente Lita, que vinha nos ajudando muito.

“Acho que estamos todos bem porque sabíamos o que esperar”, explicou Christian. “O papai teria feito piada de todos nós por chorar.”

“Ele teria—não é?”

“Sem dúvida.” Christian exibiu um sorriso tentando permanecer positivo. “De qualquer forma, devemos ir para casa e nos preparar para a festa.”

~
Qualquer outra pessoa poderia ter confundido este encontro como uma festa de aniversário, principalmente por causa do número de pessoas, música e comida—mas era assim que Lucio teria querido.

Ele era uma pessoa sociável e não gostaria que ninguém lamentasse sua morte. Ele nos pediu para celebrar sua vida, então foi o que fizemos.

“Serena, você precisa provar isso.” Franco empurrou uma sobremesa doce na minha boca. “Era a favorita do meu menino!”

“Que delícia!” Eu sorri educadamente, sem querer desrespeitar o gosto ridículo de açúcar na minha boca.

Desde que eu tinha uma vez pego Franco chorando no antigo escritório de Lucio por acaso, seu comportamento comigo havia amolecido bastante.

Quem sabia que um abraço e uma conversa na calada da noite poderiam mudar tudo?

O velho percorreu a sala para deixar todos provarem a sobremesa favorita de Lucio, enquanto eu fiquei no canto sem companhia.

Christian, que tinha estado ao meu lado por mais horas do que eu conseguia contar, tinha desaparecido com Beau, Vince, Marc e Dario, que o haviam arrastado para a cozinha para beber. Os quatro cavaleiros que estavam sempre prontos para arruinar o meu Christian.

Quando Christian sugeriu que ele não bebia mais, eles disseram para ele parar de ser um covarde, e eu não o tinha visto desde então. Tanto por serem uma boa influência.

Meus olhos procuraram por Siena, que estava do outro lado da sala com Emmanuella. Além de estar com um parente de Christian, ela tinha sido a leal empregada de Lucio por muito tempo e tinha sido de grande ajuda.

Eu não podia esquecer a reação dela quando se reencontrou com Siena, que tinha crescido muito desde a última vez que a tinha visto.

“É a sua cara, mas eu posso ver que ela vai acabar tendo a personalidade do Christian.” Cesca tinha concluído, como todos os outros.

“Bem, isso é constrangedor—não é?” A mulher que tinha estado de pé ao meu lado por algum tempo me dirigiu a palavra.

Eu não era boa em conversar com pessoas novas e não sabia como fazer amizades. Eu admirava a coragem dela de se pronunciar.

Sem saber como manter uma conversa normal, abri minha boca para dizer algo, mas logo depois fechei e fiz que sim com a cabeça. Assim eu nunca ia fazer novos amigos.

“Serena, certo?” A mulher perguntou, ainda não desistindo. “Dario disse que eu deveria ficar ao seu lado sempre que me sentir deslocada porque você também é… deslocada.”

“Ele disse isso?” Eu ri, nem percebendo o que estava fazendo. “Ele que fale por si. Eu não sou nem perto de ser tão deslocada quanto ele!”

“Certo!” A mulher concordou. “Ele nem consegue aceitar um elogio sem fazer aquela coisa estranha com seu—”
“Olhos!” Eu completei a frase dela, rindo. “A piscadela?”

“Sim!”

“Espera—como você conhece o Dario?” A ideia subitamente me ocorreu. Pela cara dela, ela o conhecia muito bem. Um pouco demais.

“Oh, eu sou a… namorada dele.” A mulher deu um tapa na própria testa. “Me desculpe. É tudo tão novo que ainda soa estranho.”

Dario estava namorando alguém? Bom para ele.

“Eu não sabia que ele estava com alguém.” Mostrei meu entusiasmo. Ela sabia meu nome, o que me fez pensar se Dario também tinha contado sobre os sentimentos que uma vez havia sentido por mim.

“Eu sou a Jade.” Ela acenou a mão na minha cara. “É muito, muito bom te conhecer.” Ela falou, fazendo um grande gesto com a mão. “Você é linda. Eu entendo porque o Dario se apaixonou por você!”

Então ela sabia? E não se importava.

Chocada com a personalidade descomplicada dela, agarrei as duas mãos dela e olhei em seus olhos com uma expressão desesperada.

“Isso pode ser uma pergunta esquisita, e você pode fugir e me chamar de louca—mas você gostaria de ser minha melhor amiga?” Eu nem percebi minhas palavras. “O-Ou podemos trabalhar nisso?”

O que eu estava fazendo?

Pensando que esta seria a parte em que ela provavelmente correria para longe, desviei o olhar dos olhos dela. “Me desculpe. Por favor, esqueça que eu disse isso—”
“Claro. Eu não vejo por que não!” Jade me interrompeu. “Podemos ser melhores amigas. Só me passa seu número.” Ela me entregou o telefone enquanto eu fazia o mesmo, ainda sem acreditar nas minhas palavras de antes.

“Então, sua família é de mafiosos ou eles são normais como a minha?” Jade perguntou, me devolvendo o telefone.

Uau, eles estavam juntos—juntos.

Dario arriscar e ter coragem o suficiente para contar a Jade sobre sua ocupação deve ter significado que ele estava realmente interessado nela.

“Infelizmente, minha família está longe de ser normal.” Eu cocei minha cabeça, esperando que isso não fosse um problema para ela.

“Isso tá ótimo. Normal é chato.”

Jade me disparou um sorriso inocente, mas tudo em que eu conseguia pensar era que Dario não estaria por perto por muito mais tempo. Alguns meses a partir de agora, ele iria se mudar para a costa oeste, e ela provavelmente iria junto e esqueceria da minha existência. O mesmo havia acontecido com os meus outros amigos.

“Nós deveríamos fazer um passeio com os nossos bebês—”
“Bebês?” Eu perguntei, chocada. “Eu não sabia que você tinha filhos?”

Seria essa a razão pela qual Dario não tinha nos contado sobre ela? Ele teve um filho secreto sem nos dizer?

“Um bebê de um ano do meu casamento anterior.” Jade acrescentou à minha curiosidade.

Por que ela tinha sido casada?

O ex-marido dela ainda estava vivo?

Eles se dão bem?

Não era da minha conta, mas já que era sobre o Dario—eu estava fazendo disso a minha conta.

“Ele faleceu antes do bebê nascer.” Jade leu minha mente, respondendo minha pergunta sobre o falecido marido.

Meus olhos se arregalaram. “Eu sinto muito!”

“Não, não sinta!” Ela balançou a cabeça. “Dario está bem com isso, e ele se dá bem com ela.”

“Oh, que bom.”

Que jeito de tornar as coisas constrangedoras, Serena.

Claro, eu tinha que abrir minha grande boca novamente.

“Vejo que vocês dois se conheceram!” Dario apareceu, colocando o braço em volta de Jade. “O que você acha dela?”

“Ela parece uma boa e leal amiga.” Jade olhou nos meus olhos. “Eu gosto dela.”

Dario piscou para mim, provavelmente grato por ter apresentado sua namorada à mulher mais sem graça desta casa.

Ele afagou o cabelo de Jade. “Venha—eu preciso te apresentar à minha avó.” Ele a levou embora.

Dario, que havia seguido em frente com a vida, tinha se esquecido completamente de mim, e talvez fosse o melhor. Nós dois precisávamos começar do zero.

“Quem é essa?” Christian perguntou com um tom não amigável, envolvendo os braços ao redor das minhas costas. Ele havia retornado, finalmente.

“A namorada do Dario.”

“Bom. Isso significa que ele não vai mais ficar te encarando?”

Isso vinha incomodando ele por muito tempo—mas ele não tinha expressado uma única palavra. Talvez, ele pensasse que eu era ruim o suficiente para trazer à tona os erros passados dele para mantê-lo em cheque—mas eu não era assim. Não mais.

“Sim”, eu dei a ele a resposta que queria. “Você não precisa mais se preocupar com ele.”

“Vamos—chega de falar do Dario. Eu preciso conversar com você.” Christian me guiou até a varanda. Eu não fiz perguntas e segui ele como de costume, pensando que ele talvez quisesse falar sobre seus sentimentos.

Nós transformávamos tudo em uma festa, mas ainda era um dia agridoce. Nenhum de nós tinha esquecido Lucio.