691: Parece que… 691: Parece que… Felicie respondeu enquanto Zeras dava de ombros, impotente. Ela realmente tinha um ponto. A explosão na luta teria sido suficiente para fazer qualquer um saltar imediatamente da cama. Até ele teria sido obrigado a se levantar, pois teria sido muito perturbado por isso.

“Todos finalmente entraram. O que aconteceu lá embaixo?” Felicie perguntou enquanto caminhava ao lado dele, olhando para o lado distante da estalagem através da janela.

“Hmmmmm,” diante da pergunta dela, Zeras apenas murmurou levemente antes de tirar seu Manual do Punho das Nove Estrela e continuar lendo.

“Olha, Zeras. Eu queria dizer que sinto muito pelo que eu disse naquela hora. Você realmente está certo. Durante toda a minha vida, eu estive alojada aqui, nunca deixando os limites por muitos anos.

Mas ainda assim, eu aguardava o dia em que me depararia com o mundo. Eu formulei muitas hipóteses sobre ele — como seria ou se sentiria, todas tiradas das hipóteses do meu próprio mundo.

Eu simplesmente nunca pensei que estaria errada. Quando você matou aquelas pessoas, isso contradisse minhas hipóteses de como os Outro-mundistas se comportariam. Minha reação natural foi contrária a isso.

É por isso que eu te culpei. Mas agora, eu vi bem. O mundo dos Outro-mundistas pode ser diferente do que eu supunha.” Felicie se desculpou, mas a expressão de Zeras nunca se desviou do livro.

“Você cheira a sangue, e a colisão só começou depois que você deixou o quarto. Depois recuou, e as pessoas lá fora finalmente puderam entrar. Isso significa que você lutou por todas aquelas pessoas presas do lado de fora.

Um demônio não faria isso. Eu realmente sinto muito…”

“Vá dormir, Felicie. Temos uma longa jornada amanhã…” Zeras respondeu secamente. Felicie o encarou em silêncio por um momento antes de acenar com a cabeça e se afastar dele.

As horas passaram rapidamente enquanto o sol se deslocava para o centro do céu antes de se pôr, lançando um brilho laranja ardente através do céu que escurecia.

CREEEAAAKK
Um leve som de rangido podia ser ouvido enquanto Zeras lentamente levantava a cabeça, os ossos do pescoço estalando por ter permanecido na mesma posição por muito tempo.

“Terceiro Punho da Estrela…” Zeras refletia silenciosamente consigo mesmo, seu cérebro processando a informação mantida em sua cabeça.

Devido à falta de mana em seu corpo, ele realmente não conseguia compreender a técnica devidamente.

Praticar o Manual do Punho das Nove Estrelas exigiria uma demonstração real com milhares de repetições e erros antes que alguém finalmente pudesse entender a técnica adequadamente.

Mas ainda assim, ele podia vagamente entender a técnica lendo o manual e podia facilmente pensar na execução da técnica com base nisso.

Contudo, não se comparava a realmente praticá-la.

Virando-se para trás, ele podia ver Felicie, profundamente adormecida. Ao redor dela havia várias folhas de papel, algumas mostrando imagens estranhas e algumas peças de notas crípticas.

Todas estavam espalhadas ao redor dela, mostrando que ela provavelmente havia sido derrubada mesmo enquanto continuava lendo ou escrevendo as notas.

Lentamente pegando-as, Zeras as organizou devidamente antes de colocar tudo de volta na bolsa dela. Então ele voltou sua atenção para ela, um olhar suave aparecendo em seu rosto geralmente impassível.

Para ser honesto, ambos realmente tinham muito em comum com relação aos seus objetivos.

Felicie, embora tímida, tinha o coração de um leão. Embarcar em uma jornada de onde nenhum de seu povo jamais voltou, apenas para conhecer a verdade por trás da morte de seu pai, era algo que poucos poderiam fazer.

Mas ainda assim, isso também aguçava sua curiosidade. Ele só havia conseguido perceber que ela queria ajudar seu pai com base no que ela continuamente murmurava todas as noites.

Mas ele não tinha certeza. Seu pai, sem dúvidas, deveria ter morrido de acordo com o que Balthemore havia dito sobre ele, então por que ela ainda estava tentando tanto?

Seria uma missão de linhagem não cumprida, ou ela estava se iludindo pensando que seu pai ainda poderia estar na torre, mais preso do que morto?

Ainda assim, eles tinham a mesma coisa em comum — a habilidade de permanecer fiel ao seu objetivo, não importa o quanto parecesse impossível, e quanto o mundo tentasse pará-los.

A habilidade de continuar se movendo obstinadamente para frente — era isso que ele amava nela, e ele estava disposto a ajudá-la a alcançar seus objetivos.

SOOOOOOOOOAAAAAAAARRRRR
De repente, uma poderosa ondulação de energia dourada irrompeu de longe, brilhando através dos vitrais dourados.

Depois de ajeitá-la na cama, ele se levantou, movendo-se em direção à janela, e só agora ele pôde vê-la.

Um pilar de energia dourada rasgou através das nuvens, provavelmente alcançando o espaço em si.

“Esse poder…” Zeras refletiu consigo mesmo, seus olhos se estreitando perigosamente. Ele pode ser forte, até um prodígio um-em-um-milhão, mas isso não significa que ele é estúpido.

Ele podia sentir que tal poder seria suficiente para acabar com ele! Era um poder além do rank Imortal.

A luz dourada brilhante era tão poderosa que, assim como Zeras, inúmeros Outro-mundistas começaram a aparecer nos telhados enquanto todos também se viravam para a distância.

“Está começando. O teste da Torre dos Deuses em Assembleia. Lá está…” eles murmuravam em voz alta enquanto Zeras voltava a olhar para o feixe de luz, encontrando-o se moldando até formar um holograma de uma grande torre.

“Torre dos Deuses em Assembleia, hein. Esse é o único lugar que poderia conter um objeto necessário por alguém como ele…” Zeras refletiu consigo mesmo, seus olhos brilhando com uma luz especial.

Ele acreditava na força daquele ser que se referia a si mesmo como seu outro. Ele podia dizer que havia alguma verdade em suas palavras, já que se sentia mais próximo dele do que qualquer pessoa que ele já havia visto.

Era uma sensação estranha, quase como olhar para um irmão gêmeo, ainda que fosse muito mais profundo do que isso. A conexão era inegável.

“Em breve, saberei tudo o que há para saber. Em breve…”

——-
A imagem holográfica da torre no céu continuou por muito tempo e alguns Outro-mundistas podiam ser vistos imediatamente se dirigindo para ela.

“Quem madruga, Deus ajuda, hein?”

Olhando para trás, ele podia ver que ela ainda dormia profundamente.

“Amanhã, então…”