Sistema de Salvação do Vilão (BL) - Capítulo 49

49: 2.19 Mercador Viajante 49: 2.19 Mercador Viajante Theodore soltou um longo suspiro enquanto estava diante do escritório de seu pai. O guarda perguntou se deveriam anunciar sua chegada, mas ele os dispensou silenciosamente. Inspirando algumas vezes profundamente, Theodore tentou acalmar os batimentos cardíacos estrondosos, sem sucesso. Ele não conseguia se lembrar da última vez que havia realmente conversado com seu pai; não aquele tipo de discussão insignificante ou argumentos onde ambos acabavam gritando um com o outro, mas uma verdadeira conversa de coração para coração entre pai e filho. A relação deles ao longo dos anos tinha sido tão distante que Theodore teve que reunir muita força de vontade e coragem apenas para arrastar os pés até aqui.

No entanto, ele só precisava pensar em Rafael para a determinação inflamar todo o seu peito novamente, o suficiente para fazer seu sangue ferver.

A última invasão dos vampiros foi horrível, ele não conseguia imaginar o que teria acontecido se Rafael não tivesse chegado a tempo. Ele e Ben poderiam ter se ferido ainda mais gravemente e pior, poderiam até morrer. Não só eles, mas seus pais também. Todos eles só conseguiram sobreviver graças à presença de Rafael. Após descobrir a chocante verdade, Ben adoeceu com uma febre alta e aproveitou a oportunidade para se aposentar naquele momento, prometendo que não falaria sobre os assuntos da Família Valmor. Afinal, era uma família que ele servira por décadas. Theodore assumiu que a visão de Ben sobre como um vampiro deveria ser foi renovada após o incidente. No geral, tudo acabou bem.

Junto com esse incidente, a verdade por trás do ataque de Alfred e as coisas horrendas que ele fez com Theodore finalmente vieram à tona e Callen Valmor culpou-se imensamente por isso. Alfred era seu amigo há décadas, um dos melhores, mas ele nem sequer percebeu quão desprezível era seu verdadeiro caráter. Theodore ouviu dizer que os oficiais encontraram provas concretas das relações de Alfred com vampiros ao longo dos anos, o que provou por que ele pôde reviver como um. Agora, toda a sua família foi implicada pelo caso — independentemente de serem inocentes ou não.

Theodore respirou fundo novamente e abriu a porta com força. Imediatamente, seu corpo inteiro congelou. Callen estava lá dentro junto com Melissa e o colarinho do homem estava bem aberto enquanto a mulher sugava seu pescoço, com sangue escorrendo. Ao ver Theodore, ambos ficaram atônitos por um momento e Melissa recuperou os sentidos primeiro. Ela empurrou Callen para longe e limpou a boca, dando ao filho um sorriso constrangido. “T—Theo… você precisa de alguma coisa?”

Callen quase caiu da cadeira depois de ser bruscamente empurrado por sua esposa dhampira. Com uma carranca, ele arrumou o colarinho e franziu a testa. “Que tipo de atitude é essa? Não pode simplesmente bater na porta?!”

“Não diga isso…” Theodore cobriu o rosto com a mão. “Eu já me arrependi do que fiz.” Sério, eles não podiam levar isso para um lugar mais privado? Theodore apertou os lábios enquanto se sentava na cadeira. Ele não conseguia se obrigar a olhar nos olhos de seus pais, caso contrário, ele seria lembrado de como Rafael também havia sugado seu sangue da mesma maneira. Só o mero pensamento era o suficiente para fazer seu rosto esquentar. Droga… ele lembrou do beijo que compartilharam novamente. A maneira como a respiração de Rafael delicadamente roçou sua pele e seus narizes que se tocaram, os finos lábios suaves que traçavam sua boca e a maneira como seus cílios tremiam — ele sacudiu a cabeça para dispersar a imagem.

Callen resmungava descontente. “Por que você veio aqui?” Sua pergunta brusca lhe rendeu um tapa no ombro por Melissa, que se virou para Theodore com um sorriso muito mais genuíno.

“Você precisa de algo, querido?” Ela perguntou gentilmente.

Theodore apertou a mandíbula e respirou fundo. “Mãe, Pai, eu pensei bastante e… eu decidi. Eu quero aprender a ser um comerciante.”

Theodore chegou a essa decisão depois de dias de reflexão. Ele tinha pais ricos e vivia numa casa enorme cercada por empregados, então nunca tinha realmente pensado sobre seu futuro. Tudo que queria, ele conseguia apenas com um estalar de dedos. Não foi até ele conhecer a verdadeira identidade de Rafael e o incidente há alguns dias que ele percebeu que não podia continuar vivendo assim para sempre. Rafael era um Rei Vampiro; o mais poderoso e supremo que havia. Mas ele… ele era apenas um Jovem Mestre mimado que não conseguia fazer nada sem os empregados. Ele era protegido, ingênuo e de visão estreita. Mesmo quando um vampiro enlouquecido estava diante dele, ele não podia fazer nada, exceto ficar assustado feito uma princesa em apuros esperando por um príncipe encantado para salvá-la.

Seu orgulho não podia aceitar isso. Quanto mais pensava nisso, mais incrível Rafael parecia e mais inútil ele se sentia. Ele queria estar em pé de igualdade com Rafael, poder ficar ao lado do vampiro sem se envergonhar do quanto era inútil.

Ele também queria ter algo no qual fosse bom. Ele queria receber o reconhecimento de Rafael e fazer com que o vampiro se orgulhasse dele.

Olhando para o rosto sério e sombrio do filho que ele nunca tinha visto antes, Callen ficou genuinamente chocado. “Você tem certeza…?” Não era uma ou duas vezes que ele havia tentado persuadir Theodore a aprender, mas toda vez, o adolescente o dispensaria irritado. O que teria provocado a mudança?

Melissa arqueou uma sobrancelha. “Claro, por que não?”

Callen virou a cabeça em direção à sua esposa, boquiaberto. “Querida?!”

“Nosso filho finalmente voltou a si e está disposto a aprender.” Melissa disse com um tom reflexivo. “Não me diga que você quer rejeitá-lo depois que ele fez tanto esforço para nos pedir?”

“Não, não é o que eu quis dizer.” Callen suspirou e apertou as têmporas. “Claro que ele pode. Mas…”
“Pai, você tem mercadorias para negociar no norte, certo?” Theodore interrompeu. “Você pode me entregar isso. Se você ainda não tem certeza de que serei capaz de completar a tarefa com sucesso, você pode me emprestar alguns dos seus homens mais capazes e confiáveis. A melhor professora é a experiência e, assim, poderei aprender ao longo do caminho. Eu garanto, eu farei o meu melhor. Se eu falhar, você pode me punir como quiser e eu aceitarei de bom grado.”

Callen mais uma vez ficou atônito com a mudança extrema do filho. “Filho, você está… doente?” Ele fez uma careta de dor quando sua coxa foi beliscada por Melissa debaixo da mesa.

A mulher irradiava alegria. “Isso é muito bom! Tão forte determinação! Mãe está muito orgulhosa de você, Theo! Não se preocupe, mesmo se você falhar, o dinheiro do seu Pai ainda pode sustentar você por toda a vida!”

Pela primeira vez, Theodore chegou à realização de que a detentora do poder e a tomadora de decisões em sua família era ninguém menos que sua mãe, pequena e gentil. Na frente dela, seu pai nem sequer tinha chance de replicar. Vendo-os assim, Theodore sentiu-se um pouco… invejoso. Eles tinham um relacionamento tão bom. Ele também poderia ter um no futuro…?

A decisão foi rapidamente tomada e Theodore estava pronto para partir em uma semana. Ele saiu do escritório de Callen e caminhou pelo corredor, pronto para contar a novidade a Rafael primeiro quando sua mãe o alcançou.

Confuso, Theodore perguntou. “Tem mais alguma coisa, Mãe?”

Melissa examinou seu rosto com uma expressão quase ansiosa e de repente fez uma pergunta que fez Theodore engasgar com a saliva. “Theo, meu filho… você está apaixonado?”

“O quê?!” Theodore tossiu com força. Seu rosto ficou vermelho. “Que tipo de absurdo—”
Melissa estreitou os olhos brincalhona e se inclinou para sussurrar. “Não me diga, é o—o Rei?” Mesmo agora, quando Rafael se tornou servo de seu filho, ela ainda não ousava pronunciar seu nome.

O rubor se espalhou pelas bochechas de Theodore até a ponta das orelhas e descendo pelo pescoço. Seu corpo inteiro era como um caranguejo cozido. “Q—Q—Quem está apaixonado por ele?!” Ele virou-se e saiu correndo, mas Melissa o perseguiu sem perder o fôlego.

“Não fique bravo, Theo. Mãe está apenas perguntando para ter certeza. Não é fácil se apaixonar por um vampiro, sabe? Especialmente… um sangue puro como ele.”

Theodore parou no meio do caminho. Ele puxou o cabelo em frustração e virou-se para enfrentar Melissa, gaguejando uma pergunta com o rosto vermelho como beterraba. “Mãe, você… Como o pai conseguiu conquistar seu coração no final?”

Melissa piscou. “Seu pai, huh?” Seus olhos castanhos claros amoleciam, transbordando amor e ternura. “Acho que é porque ele é o único que foi verdadeiramente sincero comigo. Naquela época de nossa juventude, a guerra entre vampiros e humanos era tão ruim que uma batalha sangrenta explodiria assim que eles se encontrassem. Em tempos tão difíceis, seu pai enfrentou o risco de perder a vida apenas para pedir minha mão em casamento. Um homem assim, como a Mãe não poderia amar?”

Theodore encarou seu rosto feliz, murmurando. “Sincero…” Ele baixou os olhos e refletiu.

***
Uma cidade ao norte que era frequentada por comerciantes, Istar.

Lu Yizhou suspirou. Era uma das maiores cidades do continente, bem como onde o grupo mercenário do protagonista estava. Finalmente, após percorrer um caminho tão sinuoso, Theodore ainda teria que encontrar o protagonista e a protagonista feminina.

“O que você está pensando?” Theodore perguntou ao lado dele. O adolescente tinha a cabeça nos ombros de Lu Yizhou. A carruagem era espaçosa o suficiente para quatro ou até seis pessoas, no entanto, Theodore ainda escolheu sentar o mais próximo possível de Lu Yizhou, deixando o homem sem opção. Eles haviam partido da Residência Valmor dois dias atrás com três carruagens — uma para Theodore e ele, uma para os homens e guardas de Callen que os auxiliariam e a outra estava cheia de mercadorias que iriam negociar.

Lu Yizhou balançou a cabeça. “Apenas pensando na cidade para a qual estamos indo.”

Theodore se endireitou. “Você já esteve lá?”

Lu Yizhou surpreendeu Theodore ao balançar a cabeça. “Faz muito tempo, este servo não consegue mais se lembrar. Além disso, preferiria ficar em casa o tempo todo se pudesse.” Ele estava falando tanto por si mesmo quanto por Raphael. Lu Yizhou se lembrou das palavras de 666, que disse que o personagem parecia ter sido feito sob medida para ele. Não foi até agora que ele sentiu algumas semelhanças estranhas entre ele e Raphael. Não limitado apenas ao modo como se desligavam do mundo, mas também à sua perspectiva e linha de pensamento. Lu Yizhou não pôde deixar de imaginar, se fosse o verdadeiro Raphael, também seguiria o caminho pelo qual Raphael andou.

Theodore deu um hum suave e voltou à sua posição, aninhando sua cabeça nos ombros de Lu Yizhou e se acomodando ali. “Não se preocupe. Se você se esqueceu, eu posso simplesmente te lembrar de novo.”

Lu Yizhou ergueu uma sobrancelha, confuso. Por que ele sentia que… Theodore havia se tornado completamente mais dócil no espaço de dois dias? Não, não só nos últimos dias, ele havia agido estranhamente diferente de si mesmo na última semana. Era como um ouriço que tivesse sido despojado de seus espinhos e mostrasse sua barriga macia para os outros acariciarem. Theodore não tinha sequer perdido a paciência com Lu Yizhou.

[Ele está doente…?]
[666: Espere, deixe 666 escaneá-lo primeiro. Hmm, nada. Todos os indicadores estão normais. Ele está perfeitamente saudável fisicamente.]
[Então ele está incomodado com alguma coisa?]
[666: Hehehe se esse for o caso, então é tarefa do Host descobrir isso!]
Lu Yizhou ponderou. Ele havia feito algo para desagradar Theodore? Ele sabia que não era exatamente perceptivo e rápido, então seria melhor se perguntasse ao adolescente diretamente. Desta forma, ele poderia corrigir seus erros. Esse tipo de Theodore o deixava com uma sensação estranha por todo o corpo.

Ele estava pronto para perguntar quando a carruagem de repente sacudiu violentamente. Pego de surpresa, Theodore quase rolou para fora de seu assento se não fosse por Lu Yizhou estender a mão para segurá-lo. Ele tinha o adolescente em seus braços firmemente enquanto o examinava de cima a baixo. “Você está bem, Jovem Mestre?”

“Eu—Eu estou bem…” Ele virou a cabeça para o lado, as pontas de suas orelhas avermelhadas. Ele bufou de irritação. “Que diabos há de errado com eles?!”

“Fique aqui.” Lu Yizhou afagou sua cabeça e desceu da carruagem. Ele podia ouvir os relinchos dos cavalos e uma comoção abafada à frente. “O que houve?” Ele perguntou a um dos guardas.

“Aquilo…” O guarda apontou à frente e Lu Yizhou seguiu a direção para encontrar duas grandes carruagens de madeira bloqueando o caminho. “Eles afirmaram ser um grupo mercenário errante e, no momento, estão um pouco carentes de necessidades diárias. Diga ao Jovem Mestre para não se preocupar.”

“Grupo mercenário?” Lu Yizhou ficou atônito. Poderia ser…?

[666: Host! Host! Ali! Às dez horas!]
Um homem bonito vestindo roupas de mercenário se aproximou, uma espada longa prendida nas costas. Ele tinha cabelos negros amarrados em um rabo de cavalo baixo e olhos azuis brilhantes. Quando viu Lu Yizhou, seus olhos se iluminaram instantaneamente, fazendo aqueles olhos azuis brilharem como safiras. Seu andar era composto e lânguido enquanto se aproximava, mas ainda assim irradiando uma aura tão intensa que impedia as pessoas de o subestimarem. Um macho alfa de corpo e alma. “Você é o líder deste grupo? Desculpe incomodá-lo, mas realmente apreciaremos se puder nos oferecer alguma ajuda. Ah, não se preocupe, não somos pessoas suspeitas.” Ele ofereceu a mão a Lu Yizhou. Seus lábios se curvaram em um sorriso fino e charmoso. “Eu sou Jeffrey Saxh, o líder do grupo mercenário Gilith.”

Jeffrey, o protagonista, finalmente apareceu. Lu Yizhou não esperava que fosse tão rápido. Ele avaliou o homem alto que exalava charme sexual por todos os lados e estava pronto para apertar sua mão quando outra mão se estendeu por trás dele para aceitar a mão de Jeffrey.

“EU sou o líder deste grupo.” Theodore enfatizou com um olhar aguçado nos olhos. “Prazer em conhecê-lo, eu sou Theodore Valmor.”

.

.

Teatro em miniatura
Theodore: Como posso provar minha sinceridade? Acho que tenho que tratar Raphael melhor. Não devo ficar bravo com ele por cada coisinha.

Lu Yizhou: Esse tipo de Theodore me deixa com uma sensação estranha por todo o corpo.

Pobre Theodore…