Capítulo 589: Objetivo (1)

No final do exame, Ken estava perplexo. Tanto os testes de Matemática quanto de Inglês foram bem simples, embora ele tenha precisado pensar um pouco em algumas das perguntas finais. Mesmo com isso sendo o caso, ele não tinha certeza de por que todos estavam temendo tanto.

Depois que tudo terminou, a turma foi para o recreio. Ken sentou-se em frente a Steve, que parecia estar nas profundezas do desespero.

“Foi realmente tão ruim?” Ken perguntou.

Steve levantou a cabeça, seu rosto parecia pálido. “Cara, você não entende. Eu não estudei desde antes do feriado de Páscoa.”

Como se estivesse deprimido, Steve cavou silenciosamente em sua comida, enchendo o rosto. Parecia que o cara era um comedor emocional, engolindo a dor a cada garfada.

Ken achou um pouco engraçado, mas não interrogou mais. No pior cenário, ele ajudaria a tutorizar o cara no futuro também.

‘Afinal, eu sou o mentor dele.’ Ken pensou, um sorriso surgindo no canto de seus lábios.

Se Steve tivesse que ouvir o que ele estava pensando, poderia até tentar dar um soco.

“Acho que você realmente deveria começar a trazer o seu próprio almoço.” Olhando para a comida que seu amigo estava consumindo, Ken ficou preocupado com o tipo de nutrição que ele estava recebendo. Embora ele não fosse nutricionista, a comida parecia ultra processada.

“Trabalho demais.” Steve disse entre mastigadas.

Ken deu de ombros, ele não podia exatamente forçar a questão. “Quer dizer, se você quer ir profissional, você tem que tratar seu corpo como um templo.” Ele disse, gesticulando para sua própria figura.

Steve levantou a cabeça mais uma vez, enviando um olhar confuso para Ken.

“Quem disse que eu queria ir profissional?”

Ken levantou uma sobrancelha, “Você não quer jogar profissionalmente?”

Steve deu de ombros, “Não tenho pensado muito sobre isso.”

Diante dessa resposta, Ken não sabia se ria ou chorava. O fato de alguém com potencial nota EX não estar totalmente focado em se tornar profissional parecia bastante louco quando ele pensava sobre isso.

Quantas pessoas com potencial máximo queriam entrar para os Majores, e ainda assim este cara não tinha certeza do que queria fazer com sua vida.

Ken franziu a testa, colocando seu olhar no cara descompromissado. “Bem, o que você acha que meu treino é para? Você acha que estou fazendo isso por diversão?”

Steve ficou um pouco surpreso com o comentário e o tom em que foi entregue. Ele parou de comer e voltou sua atenção para Ken, como se estivesse para avaliar seu humor.

“Olha, cara, eu originalmente escolhi o beisebol por diversão. Ainda não decidi se é algo que eu quero seguir no futuro.” Ele admitiu, embora soasse um pouco defensivo.

“Bem, se eu te dissesse que você tem potencial para jogar no nível mais alto, o que você diria?” Ken perguntou, seu rosto sério.

“Haha! Eu? Eu não consigo nem completar seus treinos sem quase morrer. Não há como eu jogar nos Majores.” Steve acenou com a mão em gesto de desprezo, suas palavras bastante autocríticas.

“Você acha que estou brincando?”

“Olha, Ken. Nem todo mundo é tão talentoso quanto você, tá bom? Alguns de nós, gente comum, apenas gosta de jogar beisebol de vez em quando para manter a forma e se divertir.”

O rosto de Ken enrijeceu em resposta às palavras. Ele podia perceber que Steve não quis dizer nada malicioso com suas palavras, no entanto, elas o incomodaram.

“Talentoso? Você acha que cheguei a esse ponto por causa de talento?” A voz de Ken estava baixa, soando um pouco perigosa.

“A—Ah, não foi isso que eu quis di—”

“Você sabe o quanto de dor e sofrimento eu passei para chegar onde estou hoje? O quão duro eu trabalhei, dia após dia. Eu dediquei os últimos 4 anos da minha vida a nada além de beisebol, sacrificando todo o meu tempo livre na busca do meu objetivo.”

Steve empalideceu, sabendo que havia tocado em um nervo. Ele havia, sem querer, minimizado a ética de trabalho e a luta de Ken, atribuindo o resultado de seu esforço apenas ao talento. Mas antes que pudesse responder, Ken continuou.

“E esse objetivo é… Os Majores.”

Houve um silêncio que se prolongou entre os dois enquanto Ken encarava seu amigo.

“Desculpe. Eu não quis te ofender, Ken.” Steve disse sinceramente.

Ken recostou-se na cadeira e soltou um pequeno suspiro, acalmando-se. Honestamente, ele não estava com raiva de Steve, mas ouvir a atitude do cara em relação a algo ao qual ele dedicou sua vida havia mexido com ele.

“Tudo bem, você está certo. Eu não posso esperar que todos compartilhem o mesmo nível de motivação para o beisebol que eu. Que direito eu tenho de estabelecer essa expectativa para os outros?” Ken afirmou, com as feições suavizando.

“Mas, eu mantenho o que eu disse. Você tem o potencial para ser grande, Steve. Se você me seguir, posso garantir que estará pronto para a faculdade até o fim do Último Ano.”

Steve congelou, seu olhar fixando-se nos olhos de Ken como se quisesse verificar se ele estava dizendo a verdade. Tudo o que ele viu olhando de volta para ele foi confiança suprema. Se nada mais, o cara acreditava no que estava dizendo.

Por um breve momento, Steve ficou em silêncio. A imagem dele em pé no campo em frente a multidões lotadas e jogando para seu time local, os Texas Riders, apareceu em sua cabeça.

Seu coração acelerou enquanto ele imaginava pegando os lançamentos do grande Yu Tanaka.

‘O que é esse sentimento? É alegria?’

Ken aguardou pacientemente, observando a expressão de seu amigo mudar algumas vezes. Ele não podia tomar a decisão por Steve, no final das contas, ele tinha autoridade sobre sua própria vida. Mas, internamente, ele esperava que o cara escolhesse segui-lo.

Steve voltou ao presente, seus olhos piscando com algo desconhecido.

“Quão confiante você está?” Ele perguntou suavemente. Do jeito que perguntou, parecia que ele não tinha muita fé em seu próprio potencial.

“99.9% confiante.” Ken respondeu com um sorriso.

“Por que não 100%?”

“Esse 0,1% é se você relaxar.”

“Hahaha! Tudo bem, temos um acordo.” Steve disse com uma risada calorosa, estendendo a mão.