Capítulo 551: Partida (1)

Alguns dias depois, Ken saiu de sua casa e parou brevemente logo além do limiar. Colocou suas malas no chão e respirou fundo, sentindo uma gama de emoções passando por sua mente.

Ele não queria se virar e olhar para sua casa de infância, temendo que pudesse mudar de ideia novamente. Mas, ao mesmo tempo, ele se sentia bastante nostálgico.

“É tudo?” Yuki perguntou.

“Mmm.”

Vendo a mistura de emoções no rosto de seu filho, a expressão de Yuki suavizou.

“Não se preocupe, Kenny. Sei que é difícil agora, mas um dia você olhará para trás e lembrará desse momento com carinho.” Ela disse, enviando-lhe um sorriso maravilhoso.

Ken assentiu. Ele tinha muitas lembranças nesta casa e sentiria falta dela. Mas internamente ele sabia que, para seguir em frente, às vezes era necessário dar um salto de fé.

Ele não tinha certeza se esta era a melhor decisão para ele, mas era uma que seu coração havia escolhido.

“Obrigado, mãe.”

“Vocês estão prontos? O táxi está aqui.” Chris disse, chamando sua atenção.

“Sim, vamos lá.”

O trio então viajou para o aeroporto junto com suas bagagens. A viagem foi tranquila, exceto por Chris e o motorista de táxi que trocavam algumas conversas educadas de vez em quando.

Depois de cerca de 20 minutos, eles chegaram ao Aeroporto de Haneda.

Como Chris era rigoroso em chegar cedo, tiveram que esperar por algum tempo. Ken havia planejado fazer uma leitura leve para passar o tempo, mas foi interrompido.

“Ei, estranho.” Uma voz feminina chamou, fazendo-o quase gritar de surpresa.

Ele virou a cabeça apenas para ver Ai atrás dele, junto com sua mãe e seu pai que estavam com grandes sorrisos. Só levou alguns momentos para ele perceber que haviam organizado para ela vir se despedir.

Ken sentiu seu coração disparar enquanto se levantava e puxava Ai para seus braços. Ela não resistiu, abraçando-o de volta fortemente por um bom tempo.

“Obrigado.” Ele murmurou, sentindo a emoção borbulhar de dentro.

Ele havia passado a maioria da tarde de ontem com Ai, mas ela nunca mencionou vir ao aeroporto para vê-lo partir. Foi uma grande surpresa que ele não esperava.

“Eu só queria te ver mais uma vez antes de você ir.” Ela respondeu suavemente, sua voz quase quebrando.

“Mmm.”

Os dois só se separaram após um longo tempo, sentando-se lado a lado em seguida. Ken tinha seu braço ao redor dela, respirando seu cheiro avidamente, como se não quisesse esquecê-lo.

Tanto Yuki quanto Chris sentaram-se em outro lugar, deixando os dois adolescentes com alguma privacidade.

Antes que percebessem, Ai e Ken já estavam conversando, quase esquecendo que ele partiria por um longo tempo.

“Rie me contou que Hiroki foi convocado pelos Cougars.”

“Eh? Como ela sabe?” Ken perguntou, sentindo-se bastante confuso.

Ai riu, “Ela na verdade o viu no Comiket mais recente, ele estava vestido como Son Goku.”

“EH!?”

Ken quase pulou de surpresa. Ele se lembrou de sua conversa com Hiroki no ano passado, quando ele reclamou tanto sobre seu encontro com Rie, mas parecia que ele realmente gostou.

“Se você não acredita em mim, eu tenho fotos.” Ai disse, lançando-lhe um olhar atrevido.

“Oh, eu preciso ver isso.”

Ela pegou seu telefone, mostrando a figura de um homem com uma peruca loira e usando calças laranja rasgadas. Seus músculos pareciam esculpidos em mármore, parecendo familiares.

“Haaah, quem diria que ele iria se envolver em cosplay.” Ken disse em voz alta, suspirando.

“Aqui está outra dele e Rie.” Ai deslizou para a esquerda em seu telefone mostrando a tal foto.

O rosto de Ken permaneceu impassível, dando um pequeno aceno, fazendo-a saber que ele tinha visto. No entanto, internamente sua pressão arterial subiu.

Só quando ela colocou o telefone de volta na bolsa Ken suspirou de alívio internamente. O figurino—se é que poderia ser chamado assim—estava fazendo bom uso dos atributos naturais de Rie, tanto que seria inadequado comentá-lo.

Parecendo alheia à sua situação, as próximas palavras de Ai fizeram Ken quase engasgar com sua própria saliva.

“O que você achou da roupa da Rie?” Ela perguntou, seu olhar preso em seu rosto.

Ken entrou em pânico, desejando ainda ter acesso à sua habilidade divina de cara de pôquer. Ainda bem que seus instintos surgiram no último momento.

“Eu acho que foi muito intrincado. Apesar de eu não conhecer o personagem, o design parece meticuloso e intencional e a execução foi ainda melhor…” Ken disse, entregando a declaração mais politicamente correta de sua vida.

Afinal, ele sentia que sua vida estava em perigo.

“Eba, isso me deixa feliz.” Ai disse, sorrindo amplamente. Suas bochechas estavam um pouco vermelhas, quase envergonhadas com o elogio.

“Oh? Você que desenhou aquela roupa?” Ken perguntou, seu corpo inteiro se animando.

“Mmm. Eu desenhei e tanto Rie quanto eu costuramos juntas.” Ai disse, ainda exibindo seu doce sorriso.

“Uau, minha namorada é um gênio.” Ele declarou seriamente.

“Pare com isso.” Ela repreendeu, mas parecia que ainda gostava dos elogios.

Antes que percebessem, os dois estavam conversando por mais de 2 horas, mas parecia que nenhum tempo havia passado para eles. Foi só quando Chris se aproximou que eles pararam.

“Está na hora de embarcar.” Ele disse, vestindo uma expressão mista.

Com essas palavras, ele sentiu o aperto de Ai se intensificar em sua mão, como se ela não quisesse soltar.

Ken sentiu seu coração afundar. Ele havia pensado que estava bem depois de se despedir ontem, mas parecia que isso não era totalmente verdade.

Enquanto ele estava preso à cadeira, Ai foi na verdade a primeira pessoa a se levantar, ajudando-o a sair da cadeira. Sem avisar, ela o abraçou fortemente, enterrando o rosto em seu peito.

“Vou sentir sua falta…” Ela disse, sua voz trêmula.

Ken sentiu seus olhos começarem a lacrimejar, mas ele conseguiu ser forte. Ele levantou o queixo dela e colocou um beijo profundo em seus lábios.

“Eu te amo.” Esta foi a primeira vez que ele proferiu essas palavras para Ai, mas elas vieram do coração.

Lágrimas começaram a escorrer pelas bochechas de Ai, uma mistura de tristeza e felicidade. Ela tentou enxugá-las, mas foram rapidamente substituídas por mais lágrimas.

“Eu também te amo.”