Capítulo 543: Cabeça da Serpente (1)
Daichi arregalou os olhos de preocupação ao ver seu pai sair da van, olhou para trás ansioso, esperando, rezando para ver que Ken estava bem.
Foi então que ele viu a figura abatida e frágil de Ken inconsciente na van, apoiado contra as paredes.
Em um salto, ele correu para frente, segurando seu irmão firmemente e puxando-o para seu abraço. Lágrimas começaram a rolar por seu rosto enquanto o alívio tomava conta dele.
“Ai.” Ken murmura, despertando do sono.
Daichi estremecer, percebendo que talvez estivesse abraçando-o muito forte.
“Ken… Você está bem?” Ele perguntou, afastando-se e verificando-o. Daichi não pôde deixar de prender a respiração ao ver a extensão dos hematomas e lacerações no corpo de Ken.
“Eu vou sobreviver.” Ele murmurou roucamente, olhando ao redor brevemente, quase como se estivesse meio adormecido. “Onde está Ai?”
Ao mencionar seu nome, Ai apareceu em sua visão, seu rosto cheio de lágrimas frescas.
Ken queria se levantar e ir até ela, mas seus membros estavam muito doloridos, sem mencionar que ele tinha alguém preso a ele no momento.
“Irmãozinho, quer me dar um pouco de espaço?” Ele disse, soltando uma risada divertida.
“A—Ah, claro.” Daichi respondeu, seu olhar se movendo para Ai. Ele de repente percebeu que estava impedindo os dois pombinhos de se reunirem e não pôde deixar de sorrir.
Agora que sabia que seu irmão estava seguro, a tensão havia desaparecido. Ele podia sempre falar com ele mais tarde, então afastou-se e deu-lhes algum espaço.
Ao contrário de Daichi, Ai se aproximou lentamente de Ken, quase soluçando enquanto fazia isso. Quando estava perto o suficiente, Ken moveu seu cabelo para fora de seu rosto e prendeu-o atrás da orelha, revelando um grande hematoma em sua bochecha.
Um lampejo de raiva apareceu no rosto de Ken, mas ele rapidamente se controlou. Com grande esforço, ele se levantou e puxou-a para seu peito, envolvendo seus braços em volta dela.
Isso pareceu ser a gota d’água, já que Ai começou a chorar desesperadamente. Ela soluçou, aconchegando a cabeça em seu peito e sem querer soltar.
“Tá tudo bem. Vai ficar tudo bem.” Ken acalmou, esfregando suavemente suas costas.
Diante dessa cena, Miho também começou a se emocionar, abraçando Daichi apertadamente.
Após alguns momentos, Ai levantou a cabeça como se tivesse acabado de lembrar de algo, “Katsuya! Ele está com você?”
Ken assentiu, “Ele também está bem.” Ken disse, voltando sua atenção para o interior da van onde o cara estava dormindo profundamente.
Ai virou a cabeça e viu sua figura. Ela quase não pôde reconhecê-lo devido aos hematomas severos em seu rosto e ao sangue emaranhado em seu cabelo.
No momento seguinte, uma figura correu para fora, quase parecendo sem fôlego quando chegou.
“Katsu!”
Ele olhou para seu pai, que estava com uma expressão solene e ao mesmo tempo aterradora, e estava acima de seu irmão inconsciente. Um arrepio percorreu sua espinha, sentindo uma pontada de culpa em seu coração.
“Ele vai ficar bem Kiyo.” Tomoya afirmou, sua voz soando cansada. No entanto, havia um tom cortante em sua voz, como se estivesse cheio de raiva.
“Graças a Deus.” Kiyoshi respondeu, soltando um suspiro de alívio. Contanto que seu irmão estivesse vivo, ele não teria que viver com a culpa de ser cúmplice do seu capturado.
Afinal, se ele tivesse impedido Katsuya naquela época, quando queria escapar, nada disso teria acontecido.
Tetsu observava enquanto as reuniões aconteciam, seus olhos parecendo sentimentais. Seu olhar abaixou para os socos ingleses em seu punho, como se contemplando suas decisões.
No entanto, uma expressão resoluta apareceu mais uma vez, removendo qualquer dúvida.
“Tudo bem, vamos entrar.” Shin disse, indicando para todos se moverem.
Ninguém rejeitou a proposta, fazendo o caminho para dentro do prédio. Ao contrário da sede anterior, este lugar era bastante pequeno e discreto.
Em vez do grande salão nos fundos, eles estavam em algo semelhante a um bar com mesas redondas e cabines espalhadas.
“Muito bem, pessoal. Precisamos ficar escondidos por um tempo, já que acabamos de cutucar o ninho de vespas, então fiquem à vontade.” Minoru falou, seu tom soando satisfeito.
Ao ver Katsuya pendurado no ombro de Tomoya, ele soltou um sorriso de alívio e se recostou em sua cadeira.
Ninguém se opôs, sentando-se onde fosse mais conveniente. Daichi, Miho, Ai e Ken se sentaram juntos em uma das mesas, felizes por agora tudo ter acabado.
Justo quando todos estavam começando a relaxar, Chris falou, chamando a atenção de todos.
“Eu acho que agora não é hora de relaxar.” Ele disse.
Alguns dos olhares se tornaram afiados, dirigidos a ele como adagas.
A expressão de Minoru ficou rígida por um momento antes dele responder, “Fale.” Ele comandou.
Chris não demorou a responder, seu tom uniforme, “Nenhum de nós será capaz de descansar enquanto a família Hokori permanecer em Tóquio. Acho que você sabe disso melhor do que eu, senhor.”
Minoru manteve o olhar de Chris, sem cambalear.
“Então você está sugerindo que atacamos enquanto o ferro está quente?” Ele perguntou, embora pela sua linguagem corporal, estava claro que não estava feliz com a sugestão.
A atmosfera parecia pesada enquanto as palavras eram ditas.
“Ir atrás da família Hokori enquanto eles estão em alerta máximo é uma tolice.” Shin afirmou, seu olhar perigoso.
Embora Tomoya estivesse determinado a se vingar, ele também parecia compartilhar do mesmo sentimento que Shin. Ele não estava tão impulsivo para se lançar de cabeça nos inimigos em um momento como este.
Ele acabara de recuperar seu filho, não havia razão para arriscar tudo em uma reação precipitada.
“Quem disse que eu estava sugerindo ir atrás da Família Hokori diretamente?” Chris afirmou, com o rosto sério.
“O que você está sugerindo então?” Minoru perguntou, seu interesse despertado.
“Cortamos a cabeça da cobra. Removemos o patrocinador da família Hokori, e eles não terão escolha a não ser voltar para Hokkaido devido a perderem seu ponto de apoio em Tóquio.”
A sala ficou em silêncio.